Questão 24a6e43a-d0
Prova:IF-BA 2013
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

“Foi de uma denúncia feita ao visconde de Barbacena, governador de Minas Gerais em 1789, que veio à tona a Inconfidência Mineira, um movimento de contestação ao governo que administrava a capitania (…) os principais fazendeiros, exploradores de ouro e diamantes, criadores de gado, militares, contratadores, magistrados e eclesiásticos resolveram aderir ao movimento (…) eram quase todos escravistas e constituíam a elite letrada da época.”

RODRIGUES, André Figueiredo. “A revolução dos ricos”. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 6, nº 67, abril 2011, p. 23.

“O movimento político pelo qual homens negros e pobres manifestaram o seu descontentamento contra a monarquia portuguesa e contra a sociedade escravista na Bahia, em 1798, tem chamado a atenção de várias gerações de historiadores (…) Ao colocar em questão a desigualdade racial e a escravidão (…) os revolucionários baianos terminaram por assustar os simpatizantes dos inconfidentes mineiros.”

ARAÚJO, Ubiratan Castro de. “A política dos homens de cor no tempo da Independência”, Estudos Avançados, vol 18, nº 50, 2004, p. 253 e 267.

De acordo com os textos apresentados e os seus conhecimentos acerca dos movimentos políticos a favor da independência no século XVIII, assinale a alternativa INCORRETA.

A
Os participantes da Inconfidência Mineira representavam a elite econômica e letrada da região mineradora e, inspirados na independência das 13 colônias britânicas, reivindicavam autonomia política.
B
Tanto a Inconfidência Mineira quanto a Conjuração Baiana representam movimentos de contestação à opressão política e fiscal imposta pela Coroa portuguesa sobre os colonos.
C
A sedição de 1798, ao contrário do movimento mineiro, mobilizou membros das camadas populares da Capitania da Bahia, entre eles, negros livres e escravos que denunciavam a desigualdade racial e a escravidão.
D
A Conjuração Baiana representou uma ameaça à ordem escravista vigente e não ao Império português, ao contrário da Inconfidência Mineira que pregava a libertação da colônia da opressão política e econômica lusitana, mas a manutenção da escravidão.
E
O fato dos participantes do movimento sedicioso mineiro serem, em sua maioria, membros da elite local repercutiu nas sentenças ministradas pelas autoridades coloniais: os envolvidos foram condenados ao degredo, com exceção de Tiradentes

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta (assinale a INCORRETA): D

Tema central: Confronto entre duas sedições finais do século XVIII no Brasil — a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração/Conjuração Baiana (1798) — analisando composição social, objetivos políticos e posições sobre a escravidão. É importante distinguir inspiração (EUA, Revolução Francesa), público participante (elite vs. camadas populares) e consequências jurídicas.

Resumo teórico e pontos-chave:

Inconfidência Mineira: movimento elitista — fazendeiros, militares, intelectuais — influenciado pela independência das 13 colônias; visava autonomia/independência frente a Portugal, mas, em sua elite dirigente, havia adesão à manutenção da escravidão.

Conjuração Baiana: mobilização mais popular — negros livres, escravos, artesãos e setores urbanos pobres — com forte influência das ideias francesas e igualitárias; questionava a desigualdade racial e a escravidão e oferecia um projeto que ameaçava a ordem escravista e o poder colonial.

Por que a alternativa D é INCORRETA?

A alternativa afirma que a Conjuração Baiana representou ameaça apenas à ordem escravista e não ao Império português, contrapondo-a à Inconfidência Mineira que — segundo a alternativa — pregaria separação política mas manutenção da escravidão. Isso é falso porque a Conjuração Baiana, além de atacar a escravidão, incorporou elementos republicanos e antimonárquicos (inspiradas pela Revolução Francesa), ou seja, também representava ameaça ao domínio colonial/imperial. Portanto D confunde/esvazia as dimensões políticas reais da Conjuração Baiana.

Análise sucinta das outras alternativas:

A (correta): descreve bem a composição social da Inconfidência e sua inspiração (independência norte-americana) — concorda com fontes como Rodrigues (2011).

B (correta): ambos os movimentos contestaram políticas fiscais e a opressão colonial; ainda que com diferentes atores e ênfases, tinham caráter contestatório à Coroa.

C (correta): destaca a mobilização das camadas populares na Bahia e seu enfrentamento à escravidão — posição corroborada por Araújo (2004).

E (correta com nuance histórica): é fato que Tiradentes foi o único executado; outros inconfidentes sofreram penas como degredo, prisão ou processos e perda de bens — embora haja variações individuais nas sentenças.

Fontes recomendadas: André F. Rodrigues, “A revolução dos ricos” (Revista de História da Biblioteca Nacional, 2011); Ubiratan C. de Araújo, “A política dos homens de cor no tempo da Independência” (Estudos Avançados, 2004). Para aprofundar: trabalhos sobre as influências da Revolução Francesa nas colônias e as atas dos processos da Coroa.

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