Questão 23779ec3-d0
Prova:IF-BA 2013
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

Leia com atenção os trechos do poema Navio Negreiro de Castro Alves e analise a imagem seguinte:

                        Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
                        Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
                        Como o teu mergulhar no brigue voador!
                        Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
                        É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
                        Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
                        Era um sonho dantesco... o tombadilho
                        Que das luzernas avermelha o brilho.
                        Em sangue a se banhar.
                        Tinir de ferros... estalar de açoite...
                         Legiões de homens negros como a noite,
                         Horrendos a dançar...

                         Negras mulheres, suspendendo às tetas
                         Magras crianças, cujas bocas pretas
                         Rega o sangue das mães:
                         Outras moças, mas nuas e espantadas,
                         No turbilhão de espectros arrastadas,
                         Em ânsia e mágoa vãs! 




A
O tráfico de africanos para o Brasil foi extinto definitivamente através da lei de 7 de novembro de 1831, que resultou de acordos entre a Inglaterra e o governo brasileiro durante o processo de reconhecimento da independência nacional.
B
O poema de Castro Alves faz referência ao período do tráfico ilegal de africanos para o Brasil, entre 1831 e o início da década de 1850, momento em que os traficantes construíram uma rede de comércio ilegal e convenceram o governo brasileiro a revogar a lei de 1831.
C
A Pintura de Debret mostra como os africanos vitimados pelo tráfico desembarcavam doentes e desnutridos. Nesse contexto, podemos afirmar que as condições dos negreiros durante o tráfico ilegal pioraram, uma vez que os traficantes se preocupavam em trazer o maior número possível de escravos, negligenciando quanto ao espaço e a quantidade de víveres e água no navio.
D
O poema de Castro Alves mostra como havia na sociedade baiana um consenso a favor da manutenção do tráfico de africanos para o Brasil, pois sem o braço escravo a economia açucareira entraria em crise, levando o Brasil à ruína.
E
O Bill Aberdeen de 1845, promulgado pelo parlamento inglês, autorizava a marinha britânica a vasculhar os portos brasileiros em busca de navios negreiros e foi celebrado com alegria pelo governo do Brasil, que reconhecia não conseguir sozinho pôr término ao tráfico ilegal de escravos.

Gabarito comentado

Marcelo SaraivaProfessor de Atualidades, formado em História (UFF) e Geografia (UFF)
Sobre o poema de Castro Alves e a imagem associada buscamos a opção correta. 

A) A lei que determinou a proibição do tráfico de pessoas escravizadas da África para o Brasil e efetivamente foi cumprida (Eusébio de Queiróz) só entrou em vigor em 1850 e mesmo assim ainda levou mais alguns anos para cessar completamente esse fluxo que só se encerrou completamente por conta da poderosa pressão britânica. 
B) O poema refere-se a escravidão como um todo e não a períodos específicos. 
C) A proibição criada pela Lei Eusébio de Queirós e a permanência por mais alguns anos da chegada de navios vindos da África com escravizados, realmente criaram condições para piorar ainda mais o que já era terrível como destaca o Castro Alves. Cada viajem poderia ser a última e existia o risco real do navio negreiro ser afundado pela marinha britânica o que contribuiu para mudanças para pior nos procedimentos da viajem. 
D) O poema descreve os horrores da viajem e não se aprofunda em questões sociais e políticas relacionadas a escravidão. 
E) A lei britânica autorizava o uso de sua própria marinha para coibir o tráfico atlântico enquanto o governo brasileiro considerava o projeto inglês uma forte intromissão em seus assuntos internos, o que pode ser explicado por um parlamento brasileiro repleto de grandes proprietários de escravizados. 

GABARITO DO PROFESSOR: C

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