Questão 224c9d43-d0
Prova:IF-BA 2013
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

“No Brasil, há registros de fugitivos no Recôncavo da Bahia e na Capitania de Pernambuco – inicias áreas de colonização e escravidão africana atlântica – desde o final do século XVI. As primeiras notícias de Palmares – uma das mais importantes comunidades de africanos fugitivos das Américas – surgem nas últimas décadas do século XVI. (…) Os palmaristas (como eram denominados nas fontes lusitanas) resistiram a inúmeras tropas oficiais enviadas por portugueses e neerlandeses (durante a ocupação destes no nordeste em meados do século XVII) e também expedições punitivas preparadas por fazendeiros locais, que cada vez mais se sentiam prejudicados. Liderados por Ganga-Zumba e depois Zumbi – tinham uma complexa organização econômica, militar e política".

GOMES, Flávio dos Santos (Org.) Mocambos de Palmares: histórias e fontes (séculos XVI-XIX). Rio de Janeiro, 7 Letras, 2010, p. 7

A partir da leitura do texto e de acordo com seus conhecimentos sobre resistência escrava no Brasil colonial, assinale a alternativa correta. 

A
Palmares foi, sem dúvida, o maior quilombo existente no Brasil escravista. No entanto, não conseguiu alcançar o seu objetivo principal: acabar com a escravidão e o tráfico de africanos no Atlântico sul e formar uma nação de negros livres.
B
Os quilombos foram uma das expressões de resistência africana à escravidão no Brasil e, embora fossem fugitivos, os quilombolas não estavam isolados da sociedade colonial e interagiam com moradores e comerciantes das vilas próximas, para quem vendiam seus excedentes agrícolas e adquiriam armas e munições
C
Palmares representou para as autoridades coloniais e os proprietários de escravos um símbolo de rebeldia que deveria ser destruído. Porém as incursões militares não surtiram o efeito esperado e o quilombo continuou crescendo até o fim do período colonial sob a liderança de Zumbi.
D
As fugas e a formação de quilombos foram as principais formas de resistência à escravidão no período colonial, tendo em vista que a luta cotidiana contra o cativeiro (como fingir estar doente, danificar ferramentas ou fazer corpo mole) não incomodavam os senhores, pois os castigos físicos garantiam a exploração do trabalho escravo.
E
As expedições bandeirantes, em fins do século XVII, destruíram Palmares e puseram fim à experiência quilombola no Brasil. A partir de então, escravos fugitivos deixaram de se organizar em quilombos, temendo a ação militar das autoridades coloniais.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: B

Tema central: resistência escrava no Brasil colonial, com foco nos quilombos (mocambos) — comunidades de fugitivos como Palmares. É preciso conhecer a dinâmica interna desses espaços e sua relação com a sociedade colonial para interpretar as alternativas.

Resumo teórico: Quilombos surgiram como forma de fuga e reorganização social. Eram lugares de autoproteção, agricultura e organização militar/política (ex.: liderança de Ganga-Zumba e Zumbi em Palmares). Não eram ilhas isoladas: mantinham intercâmbios — comércio de excedentes, trocas e até alianças eventuais — e também sofriam investidas militares por fazendeiros, tropas coloniais e bandeirantes. (Ver: Flávio dos Santos Gomes, Mocambos de Palmares: histórias e fontes, 2010; estudos sobre resistência escrava de João José Reis.)

Por que a alternativa B está correta: A alternativa afirma que quilombos interagiam com a sociedade colonial, vendendo excedentes e adquirindo armas/munições. Isso está documentado: Palmares e outros mocambos mantinham trocas e relações ambíguas com vilas e sertanejos, ora hostis, ora econômicas, o que reforça sua capacidade de sobrevivência e resistência.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta: afirma que Palmares visava "acabar com a escravidão e o tráfico no Atlântico sul" como objetivo principal. Quilombos buscavam liberdade e autonomia local; não havia um projeto unitário e diplomático de extinguir o tráfico atlântico como política coordenada.

C — Incorreta: diz que as incursões militares não tiveram efeito e que Palmares cresceu até o fim do período colonial. Na verdade, Palmares sofreu várias expedições e foi finalmente desmontado no final do século XVII (campanhas contra Palmares culminaram em 1694–1695, com a captura e morte de Zumbi em 1695).

D — Incorreta: exagera ao afirmar que fugas e quilombos foram as principais formas e que as resistências cotidianas “não incomodavam” senhores. A resistência cotidiana (fazer corpo mole, sabotar, ferimentos simulados, fugas) foi central e prejudicial aos interesses senhoriais; não pode ser subestimada.

E — Incorreta: refere-se às expedições que destruíram Palmares — há verdade parcial (bandeirantes e forças militares participaram das expedições no fim do século XVII) — mas erra ao afirmar que isso pôs fim à experiência quilombola no Brasil; outros quilombos e formas de organização continuaram existindo.

Dica de interpretação: desconfie de termos absolutos ("sem dúvida", "até o fim", "principal") e cheque datas/acontecimentos fundamentais (ex.: destruição de Palmares em 1694–1695). Procure correspondência entre enunciado histórico e fatos conhecidos.

Fontes recomendadas: Flávio dos Santos Gomes (org.), Mocambos de Palmares (2010); leituras sobre resistência escrava de João José Reis.

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