“No Brasil, há registros de fugitivos no Recôncavo da Bahia e na Capitania de Pernambuco – inicias áreas de colonização e escravidão africana atlântica – desde o final do século XVI. As primeiras notícias de Palmares – uma das mais importantes comunidades de africanos fugitivos das Américas – surgem nas últimas décadas do século XVI. (…) Os palmaristas (como eram denominados nas fontes lusitanas) resistiram a inúmeras tropas oficiais enviadas por portugueses e neerlandeses (durante a ocupação destes no nordeste em meados do século XVII) e também expedições punitivas preparadas por fazendeiros locais, que cada vez mais se sentiam prejudicados. Liderados por Ganga-Zumba e depois Zumbi – tinham uma complexa organização econômica, militar e política".
GOMES, Flávio dos Santos (Org.) Mocambos de Palmares: histórias e fontes (séculos XVI-XIX). Rio de Janeiro, 7 Letras, 2010, p. 7
A partir da leitura do texto e de acordo com seus
conhecimentos sobre resistência escrava no Brasil colonial,
assinale a alternativa correta.
GOMES, Flávio dos Santos (Org.) Mocambos de Palmares: histórias e fontes (séculos XVI-XIX). Rio de Janeiro, 7 Letras, 2010, p. 7
A partir da leitura do texto e de acordo com seus conhecimentos sobre resistência escrava no Brasil colonial, assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Resposta correta: B
Tema central: resistência escrava no Brasil colonial, com foco nos quilombos (mocambos) — comunidades de fugitivos como Palmares. É preciso conhecer a dinâmica interna desses espaços e sua relação com a sociedade colonial para interpretar as alternativas.
Resumo teórico: Quilombos surgiram como forma de fuga e reorganização social. Eram lugares de autoproteção, agricultura e organização militar/política (ex.: liderança de Ganga-Zumba e Zumbi em Palmares). Não eram ilhas isoladas: mantinham intercâmbios — comércio de excedentes, trocas e até alianças eventuais — e também sofriam investidas militares por fazendeiros, tropas coloniais e bandeirantes. (Ver: Flávio dos Santos Gomes, Mocambos de Palmares: histórias e fontes, 2010; estudos sobre resistência escrava de João José Reis.)
Por que a alternativa B está correta: A alternativa afirma que quilombos interagiam com a sociedade colonial, vendendo excedentes e adquirindo armas/munições. Isso está documentado: Palmares e outros mocambos mantinham trocas e relações ambíguas com vilas e sertanejos, ora hostis, ora econômicas, o que reforça sua capacidade de sobrevivência e resistência.
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta: afirma que Palmares visava "acabar com a escravidão e o tráfico no Atlântico sul" como objetivo principal. Quilombos buscavam liberdade e autonomia local; não havia um projeto unitário e diplomático de extinguir o tráfico atlântico como política coordenada.
C — Incorreta: diz que as incursões militares não tiveram efeito e que Palmares cresceu até o fim do período colonial. Na verdade, Palmares sofreu várias expedições e foi finalmente desmontado no final do século XVII (campanhas contra Palmares culminaram em 1694–1695, com a captura e morte de Zumbi em 1695).
D — Incorreta: exagera ao afirmar que fugas e quilombos foram as principais formas e que as resistências cotidianas “não incomodavam” senhores. A resistência cotidiana (fazer corpo mole, sabotar, ferimentos simulados, fugas) foi central e prejudicial aos interesses senhoriais; não pode ser subestimada.
E — Incorreta: refere-se às expedições que destruíram Palmares — há verdade parcial (bandeirantes e forças militares participaram das expedições no fim do século XVII) — mas erra ao afirmar que isso pôs fim à experiência quilombola no Brasil; outros quilombos e formas de organização continuaram existindo.
Dica de interpretação: desconfie de termos absolutos ("sem dúvida", "até o fim", "principal") e cheque datas/acontecimentos fundamentais (ex.: destruição de Palmares em 1694–1695). Procure correspondência entre enunciado histórico e fatos conhecidos.
Fontes recomendadas: Flávio dos Santos Gomes (org.), Mocambos de Palmares (2010); leituras sobre resistência escrava de João José Reis.
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