Considere os trechos abaixo extraídos do texto:
1. Na ciência, não basta descobrir, é preciso
contar aos outros o que você descobriu.
(1° parágrafo)2. Para fazer essas avaliações, a comunidade
acadêmica adotou basicamente dois critérios:
a quantidade de artigos científicos publicados
em revistas – um suposto sinal de produtividade e dedicação – e o número de vezes em
que esses artigos são citados em outros artigos
– o que, em teoria, é uma evidência de que o
trabalho foi relevante e influente. (2° parágrafo)3. Isso deu origem a um modelo de negócio
sem igual: você, dono da editora de periódicos científicos, recebe conteúdo de graça e
vende a um público disposto a pagar muito.
(3° parágrafo)
Assinale a alternativa correta.
De Newton à Nature
Na ciência, não basta descobrir, é preciso contar aos
outros o que você descobriu. Copérnico, Galileu e
Newton, por exemplo, escreviam livros técnicos, relatando suas experiências e resultados. Com o tempo,
a divulgação passou a acontecer menos por livros e
mais por artigos científicos – peças curtas, publicadas
em revistas e periódicos especializados.
As primeiras revistas científicas, lá no século XVIII,
não tinham fins lucrativos. Mas com o aumento dos
investimentos públicos nos laboratórios, a partir da
década de 1950, as universidades passaram a ter
muito mais pesquisadores. São todos funcionários
com carteira assinada, que precisam mostrar serviço –
e que recebem avaliações de desempenho. Para fazer
essas avaliações, a comunidade acadêmica adotou
basicamente dois critérios: a quantidade de artigos
científicos publicados em revistas – um suposto sinal
de produtividade e dedicação – e o número de vezes
em que esses artigos são citados em outros artigos – o
que, em teoria, é uma evidência de que o trabalho foi
relevante e influente.
Pois bem. Os cientistas não querem lucro, só divulgação. Então entregam o material de graça. Na outra
ponta da equação, há as universidades, que não têm
outra opção a não ser pagar o que as editoras pedem
para ter acesso às pesquisas mais importantes (afinal,
um pesquisador só consegue trabalhar se puder ler o
trabalho de outros pesquisadores). Isso deu origem
a um modelo de negócio sem igual: você, dono da
editora de periódicos científicos, recebe conteúdo de
graça e vende a um público disposto a pagar muito.
Criaram-se grifes da ciência: periódicos muito seletivos, que só publicam a nata das pesquisas. Sair em
títulos como Cell, Nature ou Science dá visibilidade e é
bom para a carreira dos cientistas.
“Na era digital, a figura da editora científica é ainda
mais importante”, afirma Dante Cid, vice-presidente de
relações acadêmicas da Elsevier no Brasil. “Ela inibe a
disseminação de informações equivocadas e colabora
com a distribuição da pesquisa de qualidade.” De fato,
os padrões de excelência da Elsevier e de outras editoras de peso continuam altos. Mas o sistema causa distorções. “Um Newton da vida, que passava a vida toda
trabalhando e publicava pouco, não teria chance no
século XXI”, diz Fernando Reinach, ex-biólogo da USP.
VOIANO, B. A máquina que trava a ciência. Superinteressante. ed. 383,
dez/2017. p. 40-41. [Adaptado]
De Newton à Nature
Na ciência, não basta descobrir, é preciso contar aos outros o que você descobriu. Copérnico, Galileu e Newton, por exemplo, escreviam livros técnicos, relatando suas experiências e resultados. Com o tempo, a divulgação passou a acontecer menos por livros e mais por artigos científicos – peças curtas, publicadas em revistas e periódicos especializados.
As primeiras revistas científicas, lá no século XVIII, não tinham fins lucrativos. Mas com o aumento dos investimentos públicos nos laboratórios, a partir da década de 1950, as universidades passaram a ter muito mais pesquisadores. São todos funcionários com carteira assinada, que precisam mostrar serviço – e que recebem avaliações de desempenho. Para fazer essas avaliações, a comunidade acadêmica adotou basicamente dois critérios: a quantidade de artigos científicos publicados em revistas – um suposto sinal de produtividade e dedicação – e o número de vezes em que esses artigos são citados em outros artigos – o que, em teoria, é uma evidência de que o trabalho foi relevante e influente.
Pois bem. Os cientistas não querem lucro, só divulgação. Então entregam o material de graça. Na outra ponta da equação, há as universidades, que não têm outra opção a não ser pagar o que as editoras pedem para ter acesso às pesquisas mais importantes (afinal, um pesquisador só consegue trabalhar se puder ler o trabalho de outros pesquisadores). Isso deu origem a um modelo de negócio sem igual: você, dono da editora de periódicos científicos, recebe conteúdo de graça e vende a um público disposto a pagar muito. Criaram-se grifes da ciência: periódicos muito seletivos, que só publicam a nata das pesquisas. Sair em títulos como Cell, Nature ou Science dá visibilidade e é bom para a carreira dos cientistas.
“Na era digital, a figura da editora científica é ainda mais importante”, afirma Dante Cid, vice-presidente de relações acadêmicas da Elsevier no Brasil. “Ela inibe a disseminação de informações equivocadas e colabora com a distribuição da pesquisa de qualidade.” De fato, os padrões de excelência da Elsevier e de outras editoras de peso continuam altos. Mas o sistema causa distorções. “Um Newton da vida, que passava a vida toda trabalhando e publicava pouco, não teria chance no século XXI”, diz Fernando Reinach, ex-biólogo da USP.
VOIANO, B. A máquina que trava a ciência. Superinteressante. ed. 383,
dez/2017. p. 40-41. [Adaptado]
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