“A Idade Média não é o período dourado que certos românticos quiseram imaginar, mas também não é, apesar das fraquezas e aspectos dos quais não gostamos, uma época obscurantista e triste, imagem que os humanistas e os iluministas quiseram propagar.”
Jacques Le Goff. A Idade Média explicada aos meus filhos.
Rio de Janeiro: Agir, 2007, p. 18
A ambígua imagem da Idade Média que hoje temos deriva, em parte, de representações
Jacques Le Goff. A Idade Média explicada aos meus filhos.
Rio de Janeiro: Agir, 2007, p. 18
A ambígua imagem da Idade Média que hoje temos deriva, em parte, de representações
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: a questão trata da imagem ambígua da Idade Média na produção historiográfica e na cultura popular — como surgiram representações negativas (obscurantismo, opressão) e positivas (romantismo medievalizante). Compreender isso exige conhecer a atuação de humanistas e iluministas na crítica ao período e a revisão feita por historiadores como Jacques Le Goff e Marc Bloch.
Resumo teórico: Desde o Renascimento e o Iluminismo, a Idade Média foi frequentemente descrita como época de atraso e intolerância (Voltaire, Gibbon). No século XX, a escola dos Annales (Marc Bloch) e medievalistas como Jacques Le Goff relativizaram essa visão, mostrando avanços culturais, complexidade social e institucional. Mesmo assim, as imagens negativas (suserania, servidão, influências religiosas opressoras, crises de subsistência) permanecem em narrativas populares.
Por que a alternativa A está correta: Ela aponta representações negativas centrais à crítica clássica: opressão camponesa (manorialismo/servidão), intolerância da Igreja (controle ideológico, tribunais religiosos) e fomes recorrentes — elementos frequentemente exaltados por humanistas e iluministas para caracterizar a Idade Média como "obscura". Isso corresponde ao argumento do texto de Le Goff sobre imagens simplificadas.
Análise das incorretas:
B: mistura pontos duvidosos — embora haja avanços tecnológicos e nas artes, a afirmação sobre papel social relevante das mulheres como traço dominante é exagerada e não constitui a representação positiva clássica apontada pelo enunciado.
C: menciona a Inquisição (verdade) mas erra ao afirmar a justificativa do absolutismo por direito divino como característica medieval — o direito divino é associado sobretudo à monarquia absolutista moderna; além disso, a “ausência de mobilizações sociais” é imprecisa (houveram revoltas camponesas medievais).
D: apresenta aspectos positivos reais (arquitetura românica/gótica, festas), mas fala em “resgate de valores religiosos oriundos da Antiguidade Clássica”, que é historicamente confuso; não corresponde à crítica negativa destacada no enunciado.
E: incorreta porque a Europa ocidental já era cristã (não politeísta) desde a Alta Idade Média; práticas de bruxaria existiram, mas não caracterizam a totalidade do período.
Dica de prova: foque em palavras-chave do enunciado (aqui: “ambígua imagem” e autores citados). Compare as alternativas com conceitos historiográficos conhecidos e busque anacronismos ou generalizações absolutas.
Fontes indicadas: Jacques Le Goff, A Idade Média explicada aos meus filhos; Marc Bloch, A Sociedade Feudal; sínteses de historiografia medieval.
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