Em uma visita ao Brasil em 1869, Joseph Arthur Gobineau, responsável pela
criação das teorias raciais, fez o seguinte depoimento: Nem um só brasileiro tem sangue
puro porque os exemplos de casamentos entre brancos e negros são tão disseminados
que as nuances de cor são infinitas, causando uma degeneração do tipo mais deprimente tanto nas classes baixas como nas superiores.
(CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (Org.). Psicologia social do racismo: Estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. RJ: Vozes,
2002. p. 14.)
O pensamento de Gobineau, que influenciou setores da elite brasileira no final do século
XIX, alimentou um imaginário
Em uma visita ao Brasil em 1869, Joseph Arthur Gobineau, responsável pela criação das teorias raciais, fez o seguinte depoimento: Nem um só brasileiro tem sangue puro porque os exemplos de casamentos entre brancos e negros são tão disseminados que as nuances de cor são infinitas, causando uma degeneração do tipo mais deprimente tanto nas classes baixas como nas superiores.
(CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (Org.). Psicologia social do racismo: Estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. RJ: Vozes, 2002. p. 14.)
O pensamento de Gobineau, que influenciou setores da elite brasileira no final do século XIX, alimentou um imaginário
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa B
Tema central: o enunciado aborda o racismo científico e sua influência sobre setores da elite brasileira no final do século XIX. Para responder é preciso reconhecer como ideias raciais (hierarquização, degeneração por mestiçagem) orientaram atitudes e políticas sociais.
Resumo teórico: Joseph Arthur Gobineau (Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, 1853–55) defendia a superioridade racial branca e via a miscigenação como degeneração. No Brasil pós‑Abolição (Lei Áurea, 1888) essas noções alimentaram noções de branqueamento e justificativas para excluir socialmente negros, influenciando políticas e práticas discriminatórias (ver também estudos como CARONE & BENTO, 2002).
Por que a alternativa B é correta: o depoimento de Gobineau apresenta um discurso que naturaliza a inferioridade dos negros e considera a miscigenação prejudicial. Essas ideias reforçavam a manutenção da exclusão social dos negros — seja por discriminação direta, seja por políticas implícitas de branqueamento e marginalização. Logo, seu pensamento foi favorável a preservar hierarquias raciais.
Análise das alternativas incorretas:
A — errado: Gobineau não era contrário a práticas que estimulassem o racismo; ao contrário, suas ideias legitimavam a discriminação racial.
C — errado: o autor valorizava a imigração europeia como meio de “melhorar” a nação; sua fala não sugere pessimismo sobre a migração europeia.
D — errado: classificar seu discurso como “realista” confunde descrição com julgamento normativo — Gobineau oferecia uma leitura ideológica e valorativa, não uma explicação objetiva e neutra da formação do povo brasileiro.
Dica de interpretação: procure palavras-chave no enunciado — “degeneração”, “casamentos entre brancos e negros”, “alimentou um imaginário” — que indicam juízo de valor e influência ideológica. Em provas, identifique se a alternativa descreve apoio a práticas discriminatórias ou nega essa influência.
Fontes citadas: Gobineau, Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas; CARONE & BENTO (orgs.), Psicologia social do racismo (2002); contexto histórico: Lei Áurea (1888) e debates sobre branqueamento.
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