Questão 1b7867c8-e4
Prova:USP 2012
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Revoluções Liberais na Europa : Ondas de 1820, 1830 e 1848

          Oh! Aquela alegria me deu náuseas. Sentia-me ao mesmo tempo satisfeito e descontente. E eu disse: tanto melhor e tanto pior. Eu entendia que o povo comum estava tomando a justiça em suas mãos. Aprovo essa justiça, mas poderia não ser cruel? Castigos de todos os tipos, arrastamentos e esquartejamentos, tortura, a roda, o cavalete, a fogueira, verdugos proliferando por toda parte trouxeram tanto prejuízo aos nossos costumes! Nossos senhores colherão o que semearam.

Graco Babeuf, citado por R. Darnton. O beijo de Lamourette.
Mídia, cultura e revolução. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990, p. 31. Adaptado.

O texto é parte de uma carta enviada por Graco Babeuf à sua mulher, no início da Revolução Francesa de 1789. O autor

A
discorda dos propósitos revolucionários e defende a continuidade do Antigo Regime, seus métodos e costumes políticos.
B
apoia incondicionalmente as ações dos revolucionários por acreditar que não havia outra maneira de transformar o país.
C
defende a criação de um poder judiciário, que atue junto ao rei.
D
caracteriza a violência revolucionária como uma reação aos castigos e à repressão antes existentes na França.
E
aceita os meios de tortura empregados pelos revolucionários e os considera uma novidade na história francesa.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: D

Tema central: violência popular na Revolução Francesa e a interpretação de um contemporâneo (Graco Babeuf). Para resolver, é preciso reconhecer nuances entre aprovação da justiça popular e crítica à sua crueldade — e situar o texto no contexto da reação ao Antigo Regime (Grande Medo e justiça de rua).

Resumo teórico (claro e progressivo): Em 1789 houve um salto da violência política: saques, julgamentos sumários e vinganças contra senhores e símbolos feudais. Intelectuais e revolucionários reagiram de maneiras diversas — alguns celebraram a ruptura, outros aprovaram as reivindicações sociais mas lamentaram os excessos. A fonte aqui expressa apoio à ação popular como justiça reativa, porém com crítica à sua brutalidade (cf. Darnton, O beijo de Lamourette; também consultável em obras sobre a Revolução Francesa, p.ex. William Doyle).

Justificativa da alternativa D: No trecho Babeuf diz: "aprovo essa justiça, mas poderia não ser cruel?" e atribui os castigos à reação aos abusos anteriores ("Nossos senhores colherão o que semearam"). Ou seja, ele vê a violência revolucionária como resposta — uma reação — aos castigos e à repressão que existiam antes. Isso corresponde exatamente à alternativa D.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada: Babeuf não defende o Antigo Regime; aprova a justiça popular contra os senhores. Ele critica só a crueldade, não a revolução em si.

B — Errada: Não há apoio incondicional. A frase "mas poderia não ser cruel?" mostra ambivalência e crítica aos métodos.

C — Errada: Não há menção à criação de um tribunal ao lado do rei; o foco é a justiça popular e a violência contra a ordem aristocrática.

E — Errada: Ele não aceita as torturas; descreve-as como prejudiciais aos costumes e não as apresenta como novidade — fala da proliferação de verdugos como consequência da reação.

Dica de interpretação para concursos: Busque palavras-chave que expõem juízo do autor ("aprovo", "mas", "poderia não ser cruel") — elas revelam apoio parcial e crítica. Relacione sempre ao contexto histórico (Grande Medo, vingança contra privilégios) para eliminar alternativas que destoam do cenário.

Fonte sugerida: R. Darnton, O beijo de Lamourette (1990); sínteses sobre a Revolução Francesa — William Doyle.

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