Questão 199e68de-e4
Prova:USP 2012
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil

A população indígena brasileira aumentou 150% na década de 1990, passando de 294 mil pessoas para 734 mil, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento médio anual foi de 10,8%, quase seis vezes maior do que o da população brasileira em geral.

http://webradiobrasilindigena.wordpress.com, 21/11/2007.

A notícia acima apresenta

A
dado pouco relevante, já que a maioria das populações indígenas do Brasil encontra-se em fase de extinção, não subsistindo, inclusive, mais nenhuma população originária dos tempos da colonização portuguesa da América.
B
discrepância em relação a uma forte tendência histórica observada no Brasil, desde o século XVI, mas que não é uniforme e absoluta, já que nas últimas décadas não apenas tais populações indígenas têm crescido, mas também o próprio número de indivíduos que se autodenominam indígenas.
C
um consenso em torno do reconhecimento da importância dos indígenas para o conjunto da população brasileira, que se revela na valorização histórica e cultural que tais elementos sempre mereceram das instituições nacionais.
D
resultado de políticas públicas que provocaram o fim dos conflitos entre os habitantes de reservas indígenas e demais agentes sociais ao seu redor, como proprietários rurais e pequenos trabalhadores.
E
natural continuidade da tendência observada desde a criação das primeiras políticas governamentais de proteção às populações indígenas, no começo do século XIX, que permitiram a reversão do anterior quadro de extermínio observado até aquele momento.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Gabarito: B

Tema central: interpretação de dados demográficos sobre povos indígenas e relação com tendências históricas. É preciso entender conceitos de autoidentificação, mudanças metodológicas dos censos e o contexto histórico-político (Constituição de 1988, políticas de reconhecimento e proteção).

Resumo teórico: desde a colonização houve redução drástica das populações indígenas por epidemias, violência e perda de terras. A partir da 2ª metade do século XX, especialmente após 1988, houve maior visibilidade, políticas públicas (FUNAI, demarcação de terras) e movimentos indígenas que favoreceram tanto ganhos demográficos (melhora em saúde, redução da mortalidade) quanto um aumento do número de pessoas que se autodeclaram indígenas nos censos — fenômeno de reafirmação identitária. Fontes importantes: IBGE (censos), Constituição Federal (arts. 231–232) e estudos demográficos sobre autoidentificação.

Por que a alternativa B está correta: ela reconhece que o crescimento de 150% na década de 1990 representa uma discrepância frente à longa tendência histórica de queda desde o século XVI, mas explica corretamente que essa tendência não é absoluta. O aumento decorre de dois fatores principais: (1) melhorias demográficas reais (redução da mortalidade, maior sobrevivência infantil) e (2) aumento da autoidentificação e melhorias metodológicas do IBGE. Assim, B incorpora tanto o contraste histórico quanto a complexidade contemporânea — leitura alinhada à literatura demográfica e aos dados do IBGE.

Análise das alternativas incorretas:

A: incorreta — afirma extinção generalizada e que “não subsistindo mais nenhuma população originária”, o que é falso. Existem muitos povos indígenas vivos e organizados no Brasil.

C: incorreta — supõe um consenso e valorização histórica contínua; na prática, durante séculos houve violência e marginalização. O reconhecimento só ganhou força mais recentemente e ainda é conflituoso.

D: incorreta — atribui o crescimento ao fim dos conflitos com proprietários rurais; conflitos fundiários continuam sendo uma realidade e não há evidência de que foram eliminados na década de 1990.

E: incorreta — afirma continuidade desde políticas de proteção do começo do século XIX; na verdade, políticas eficazes de proteção e reconhecimento surgem tardias (século XX e, sobretudo, pós-1988). Não houve reversão estável do “quadro de extermínio” tão cedo quanto o século XIX.

Estratégia para provas: desconfie de afirmações absolutas (sempre, nunca), procure vincular dados a processos (demográficos vs. identitários) e lembre-se de que enunciados que reconhecem complexidade histórica costumam ser corretos. Identifique palavras-chave como “tendência histórica”, “crescimento” e “autoidentificação”.

Fontes/Referências: IBGE (censos demográficos), Constituição Federal (arts. 231–232), estudos sobre demografia indígena e autoidentificação.

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