Questão 17107a8e-e3
Prova:UEFS 2011
Disciplina:História
Assunto:Brasil Monárquico – Segundo Reinado 1831- 1889

Analisando-se as características de conservadores e liberais no Segundo Império brasileiro, descritas nos textos I e II, é possível afirmar que os

I.

O que é um conservador?

É aquele para quem a História é uma carroça abandonada. Ele quer conservar a sociedade do jeito que a encontrou, evitando mudanças. Isso é lógico, a sociedade o favorece:

— Se está boa para mim, deve estar para todo mundo — pensa o conservador. [...]

Não se pense que os conservadores achavam o Brasil uma maravilha! Eles reconheciam os nossos problemas e julgavam saber os motivos: — O brasileiro é preguiçoso e atrasado. Uma raça ruim, resultado da mistura de negros e índios. Um povo mestiço, inferior. Ai do país se não fôssemos nós, a elite!


II.

O que é um liberal?

Como o nome diz, é a pessoa que defende a liberdade. Na História da Europa, os liberais surgiram com a burguesia, lutando contra as imposições do tempo do feudalismo e do absolutismo.

Os liberais brasileiros eram liberais-conservadores. Donos de fazendas de gado, de açúcar ou de café — como os conservadores — os liberais daqui não podiam agir da mesma maneira que os liberais europeus, que surgiram na História como revolucionários. Nem sempre a nossa aristocracia conseguiu imitar a velha Europa! (ALENCAR; RIBEIRO; CECCON, 1986, p.137).

A
conservadores e os liberais partilhavam de uma origem comum: as classes dominantes.
B
liberais e os conservadores foram derrotados, em todo o Brasil, pela força do Partido Republicano.
C
liberais amavam a liberdade e, por isso, eram tão revolucionários quanto seus antecessores europeus.
D
conservadores acreditavam na capacidade de desenvolvimento do povo brasileiro a partir dos seus próprios esforços.
E
liberais e os conservadores, quando no poder, atuavam de forma diferenciada, em nada se assemelhando nos seus métodos políticos.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa A

Tema central: identificação das bases sociais e das semelhanças entre conservadores e liberais no Segundo Império (século XIX brasileiro). A questão exige compreender que, apesar de diferenças ideológicas, ambos os grupos pertenciam às classes dominantes agrárias e partilhavam interesses sociais semelhantes.

Resumo teórico: No Brasil imperial, os partidos Liberal e Conservador representavam frações da elite latifundiária (fazendeiros de café, açúcar, gado). As divergências eram frequentemente de intensidade, clientelismo e estratégia política, não de ruptura social. Muitos liberais brasileiros eram “liberais‑conservadores”: defendiam certa liberdade política, mas preservavam a ordem social e os privilégios da elite (fonte indicada: Alencar; Ribeiro; Ceccon, 1986; ver também estudos de José Murilo de Carvalho sobre as elites do Império).

Por que a alternativa A está correta:

Porque os textos I e II deixam explícito que tanto conservadores quanto liberais eram proprietários rurais e membros da elite. Logo, compartilhavam origem social: as classes dominantes. Essa congruência de interesses explica por que as disputas entre eles eram mais sobre controle do Estado e menos sobre transformação estrutural da sociedade.

Análise das alternativas incorretas:

B (errada): Afirma que ambos foram derrotados de forma uniforme pelo Partido Republicano — isso é impreciso: o republicanismo venceu politicamente em 1889, mas a afirmação generaliza e ignora nuances regionais e a participação das elites no processo.

C (errada): Diz que os liberais brasileiros foram tão revolucionários quanto os europeus — contradiz o texto II, que explica que aqui eram “liberais‑conservadores” e, portanto, menos revolucionários.

D (errada): Afirma que conservadores acreditavam no desenvolvimento popular através dos próprios esforços — o texto mostra visão elitista e racista, que não confiava nas capacidades do povo.

E (errada): Afirma diferença total de métodos quando no poder — na prática, havia continuidade administrativa e patrimonialismo; métodos e clientelismo eram comuns a ambos.

Estratégia para gabaritar questões assim: procure no enunciado indicações sobre origem social e práticas políticas; diferencie divergência ideológica de pertencimento de classe; desconfie de alternativas absolutas (sempre, nunca, em todo o Brasil).

Fontes citadas: Alencar; Ribeiro; Ceccon (1986). Para aprofundar: José Murilo de Carvalho — estudos sobre elites e poder no Império.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo