Questão 16ee50b5-df
Prova:UEPB 2009
Disciplina:História
Assunto:Mercantilismo, Colonialismo e a ocupação portuguesa no Brasil, História do Brasil

E dizer que um mulato pernóstico mudou o curso da História. E dizer que cansei de escrever àquele mulato, só me faltou lamber o saco daquele mulato. Ofereci-lhe anistia, vencimentos atrasados, honras, mundos e fundos, chamei-o de patriota, chamei-o de general ... Mas Deus não permitirá que eu morra sem antes encarar Calabar! E fazê-lo engolir a última resposta que me mandou!

Calabar – O elogio da traição (Chico Buarque e Ruy Guerra).


Sobre os conflitos travados entre holandeses e luso-brasileiros no Nordeste do século XVII, assinale a única alternativa INCORRETA.

A
A base do conflito entre Portugal e Holanda foi a luta pelas riquezas de além-mar e o fato de que a Holanda não respeitava o Tratado de Tordesilhas e a autoridade das decisões do Papa e do Rei Felipe IV da Espanha.
B
Na 3ª década do século XVII, luso-brasilianos tinham como irremediável a dominação holandesa. Foi aí que o Conde João Maurício de Nassau instalou em Recife uma administração inspirada no reformismo protestante e em conceitos renascentistas.
C
Após lutar ao lado de luso-brasileiros, Calabar passou-se para o lado dos holandeses e os conduziu ao norte, para a conquista de Filipéia (atual João Pessoa) e do Forte de Santa Catarina, e ao sul, até o Cabo de Santo Agostinho.
D
Holandeses e luso-brasileiros tinham um pacto. Enquanto estes produziam o açúcar no interior do Nordeste, aqueles o embarcavam em navios para levá-lo para a Europa. Por isso, muitos historiadores consideram que não houve um verdadeiro conflito nesse período.
E
As contribuições de Calabar para as conquistas dos holandeses são importantes, mas é preciso não esquecer que eles contavam, também, com a aliança feita com os índios tapuias e potiguares.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta (INCORRETA): D

Tema central: conflitos entre holandeses (Companhia Holandesa das Índias Ocidentais) e luso‑brasileiros no Nordeste do século XVII — motivados por disputa comercial do açúcar, rivalidade colonial e resistência local. É importante conhecer cronologia (invasões de 1624 e 1630; governo de João Maurício de Nassau 1637–1644; Insurreição Pernambucana 1645–1654), atores (senhores de engenho, guerreiros locais, indígenas, Calabar) e as estratégias políticas e militares.

Resumo teórico essencial: - Motivações: controle da produção e comércio do açúcar; a Holanda não reconhecia o Tratado de Tordesilhas nem a hegemonia ibérica.
- Nassau: implementou administração relativamente tolerante, incentivou ciência, urbanismo e comércio em Recife.
- Resistência: houve combates, guerrilhas e finalmente a reconquista luso‑brasileira (1654).
- Calabar: desertor que auxiliou operações holandesas; atuação decisiva em várias frentes.

Justificativa do gabarito (por que D é INCORRETA): A alternativa D afirma que existia um pacto pacífico e que muitos historiadores negam conflito. Isso é falso: a relação foi marcada por confronto armado, violência, ocupação e resistência. A colaboração logística eventual não anulou hostilidades nem a tentativa holandesa de controlar toda a cadeia produtiva do açúcar — daí as batalhas e a Insurreição Pernambucana.

Análise das demais alternativas (por que são aceitáveis):
A: correta — conflito ligado às riquezas ultramarinas; a Holanda não reconhecia tratados ibéricos/pontifícios.
B: correta em essência — Nassau instituiu reformas administrativas, culturais e de tolerância que marcaram o governo em Recife (o enunciado resume isso).
C: correta — Calabar trocou de lado e auxiliou incursões holandesas em várias localidades do litoral nordestino.
E: correta — os holandeses articularam alianças com grupos indígenas (tapuias, potiguares), fator relevante nas operações militares.

Fontes recomendadas: C.R. Boxer, The Dutch in Brazil (estudo clássico); Boris Fausto, História do Brasil (síntese confiável).

Dica de prova: atente para termos absolutos (pacto total, “não houve conflito”) e para pedir qual alternativa é incorreta — inverter essa leitura é erro comum.

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