Questão 16ed00fc-e3
Prova:UEFS 2011
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Ocupação de novos territórios: Colonialismo

A proximidade temporal entre a instauração da Inquisição no reino e o processo efetivo de colonização da América portuguesa, a partir da década de 1530, contribuiu para que muitos cristãos-novos que se sentiam ameaçados em Portugal decidissem atravessar o Atlântico em direção ao Brasil, onde participavam da organização política e social existente. (ASSIS, 2010, p. 19).

A ameaça sistemática da Inquisição, contra judeus e cristãos-novos, em Portugal e na Colônia, decorria, no aspecto religioso,

A
do apoio prestado pelos muçulmanos aos refugiados judeus no norte da África.
B
da interpretação do judaísmo como ameaça à unidade doutrinária da Igreja Católica.
C
da divulgação do Velho Testamento judeu entre os habitantes católicos do Brasil colonial.
D
da utilização de modelos da arquitetura das igrejas católicas na construção de sinagogas judaicas.
E
da expansão de colônias judaicas no litoral afro-atlântico, fazendo concorrência ao comércio português.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: a relação entre a instauração da Inquisição portuguesa (séc. XVI) e a perseguição aos cristãos‑novos (convertidos judeus), sobretudo pelo risco que a Igreja via na manutenção de práticas judaicas e na suposta heresia interna.

Resumo teórico: a Inquisição em Portugal (instituída no reinado de D. João III, década de 1530, com autorização papal) tinha como objetivo fiscalizar a ortodoxia católica. Judaísmo e qualquer prática considerada de “judaizar” eram interpretados como ameaça à unidade doutrinária e à estabilidade religiosa do reino. Os "cristãos‑novos" eram frequentemente suspeitos de praticar secretamente ritos judaicos (marranismo) e por isso foram alvo de processos inquisitoriais e de exclusão social, o que levou muitos a emigrar para o Brasil colonial em busca de maior segurança ou anonimato (ver Henry Kamen; estudos sobre a Inquisição portuguesa).

Por que B está correta: a alternativa afirma que a ameaça decorria da interpretação do judaísmo como ameaça à unidade doutrinária da Igreja Católica. Isso sintetiza precisamente o fundamento religioso da ação inquisitorial: combater heresias internas que pudessem corroer a uniformidade da fé católica. A Inquisição não atacava apenas práticas externas, mas o que era entendido como perigo doutrinário.

Análise das alternativas incorretas:

A — Apoio de muçulmanos no Norte da África: não explica a motivação religiosa interna da Inquisição em Portugal; é irrelevante para a causa doutrinária apontada no enunciado.

C — Divulgação do Velho Testamento entre católicos: o Velho Testamento já integra a Bíblia católica; a questão não era a circulação das Escrituras, mas a prática e permanência de rituais judaicos entre convertidos.

D — Uso de modelos arquitetônicos de igrejas em sinagogas: anacrônico e irrelevante — a perseguição não se baseou em arquitetura, mas em questões religiosas e identitárias.

E — Expansão de colônias judaicas concorrendo ao comércio português: não há evidência de colônias judaicas formais no litoral afro‑atlântico que justificassem, por si só, a lógica inquisitorial; o foco era a ortodoxia religiosa interna, não uma disputa colonial organizada de judeus.

Dica de prova: ao ver termos como “aspecto religioso” e “unidade doutrinária”, ligue imediatamente ao papel da Inquisição e ao conceito de heresia. Desconfie de alternativas que trazem cenários externos ou anacrônicos — elas costumam ser as pegadinhas.

Fonte recomendada para aprofundar: estudos sobre a Inquisição portuguesa e sobre os cristãos‑novos (p. ex., obras introdutórias de Henry Kamen e trabalhos específicos sobre a Inquisição em Portugal).

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