A proximidade temporal entre a instauração da
Inquisição no reino e o processo efetivo de
colonização da América portuguesa, a partir da
década de 1530, contribuiu para que muitos
cristãos-novos que se sentiam ameaçados em
Portugal decidissem atravessar o Atlântico em
direção ao Brasil, onde participavam da
organização política e social existente. (ASSIS,
2010, p. 19).
A ameaça sistemática da Inquisição, contra judeus e
cristãos-novos, em Portugal e na Colônia, decorria, no aspecto
religioso,
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: a relação entre a instauração da Inquisição portuguesa (séc. XVI) e a perseguição aos cristãos‑novos (convertidos judeus), sobretudo pelo risco que a Igreja via na manutenção de práticas judaicas e na suposta heresia interna.
Resumo teórico: a Inquisição em Portugal (instituída no reinado de D. João III, década de 1530, com autorização papal) tinha como objetivo fiscalizar a ortodoxia católica. Judaísmo e qualquer prática considerada de “judaizar” eram interpretados como ameaça à unidade doutrinária e à estabilidade religiosa do reino. Os "cristãos‑novos" eram frequentemente suspeitos de praticar secretamente ritos judaicos (marranismo) e por isso foram alvo de processos inquisitoriais e de exclusão social, o que levou muitos a emigrar para o Brasil colonial em busca de maior segurança ou anonimato (ver Henry Kamen; estudos sobre a Inquisição portuguesa).
Por que B está correta: a alternativa afirma que a ameaça decorria da interpretação do judaísmo como ameaça à unidade doutrinária da Igreja Católica. Isso sintetiza precisamente o fundamento religioso da ação inquisitorial: combater heresias internas que pudessem corroer a uniformidade da fé católica. A Inquisição não atacava apenas práticas externas, mas o que era entendido como perigo doutrinário.
Análise das alternativas incorretas:
A — Apoio de muçulmanos no Norte da África: não explica a motivação religiosa interna da Inquisição em Portugal; é irrelevante para a causa doutrinária apontada no enunciado.
C — Divulgação do Velho Testamento entre católicos: o Velho Testamento já integra a Bíblia católica; a questão não era a circulação das Escrituras, mas a prática e permanência de rituais judaicos entre convertidos.
D — Uso de modelos arquitetônicos de igrejas em sinagogas: anacrônico e irrelevante — a perseguição não se baseou em arquitetura, mas em questões religiosas e identitárias.
E — Expansão de colônias judaicas concorrendo ao comércio português: não há evidência de colônias judaicas formais no litoral afro‑atlântico que justificassem, por si só, a lógica inquisitorial; o foco era a ortodoxia religiosa interna, não uma disputa colonial organizada de judeus.
Dica de prova: ao ver termos como “aspecto religioso” e “unidade doutrinária”, ligue imediatamente ao papel da Inquisição e ao conceito de heresia. Desconfie de alternativas que trazem cenários externos ou anacrônicos — elas costumam ser as pegadinhas.
Fonte recomendada para aprofundar: estudos sobre a Inquisição portuguesa e sobre os cristãos‑novos (p. ex., obras introdutórias de Henry Kamen e trabalhos específicos sobre a Inquisição em Portugal).
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