Questão 16e90704-e3
Prova:UEFS 2011
Disciplina:História
Assunto:Medievalidade Europeia, História Geral

Um escritor saxão, Aelferic, o Gramático, no seu Colloquium, deixa-nos entrever um pouco da vida do servo:
— Que dizes tu, lavrador, como fazes o teu trabalho? — pergunta o professor.
— Eu, senhor, trabalho arduamente. De madrugada vou levar os bois para o campo e os atrelo ao arado; por mais rigoroso que seja o inverno, não me atrevo a ficar em casa, com receio do meu senhor; e depois de amarrar a relha e a sega ao arado, tenho de lavrar um acre de terra ou mais diariamente.
— E que fazes mais durante o dia?
— Muita coisa mais: encher os cochos, dar água aos bois e levar o esterco fora.
— É trabalho pesado?
— É, sim, é pesado porque não sou livre. (MORTON. In: AQUINO et al., 1980, p. 390).

O papel do servo, na sociedade medieval, descrito no texto, diferia do papel do homem livre, o vilão, porque este tinha direito

A
a ingressar nas categorias mais baixas da cavalaria.
B
à propriedade da terra dentro do feudo, pagando a corveia ao senhor.
C
a ascender aos altos escalões da Igreja, assumindo papéis de mando.
D
à posse do produto da terra para comercializá-lo fora do território feudal.
E
à liberdade de trabalhar na terra para seu próprio benefício, pagando apenas algumas obrigações.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: E

Tema central: diferença entre servo e vilão na sociedade feudal. É preciso entender noções de servidão, usufruto e obrigações senhoriais.

Resumo teórico: Na Idade Média ocidental, o servo era pessoa não livre sujeita ao senhor: prestava trabalho pessoal (corveia), não podia abandonar a gleba e tinha restrições jurídicas. O vilão (villein) era um tipo de camponês dependente que, apesar de não ser totalmente livre, possuía uma parcela de uso da terra (tenure/usufruto) e podia cultivar para seu sustento — ficando com parte da produção — desde que cumprisse obrigações ao senhor (trabalho, taxas, multas). Fontes clássicas: Marc Bloch, A Sociedade Feudal; F.L. Ganshof, Feudalism.

Justificativa da alternativa E: A alternativa E afirma que o vilão tinha "liberdade de trabalhar na terra para seu próprio benefício, pagando apenas algumas obrigações". Isto sintetiza corretamente a ideia de que o vilão desfrutava do direito de explorar parcelas para sua subsistência e de reter parte da produção, respeitando as obrigações senhoriais (corveias, rendas). Portanto é a alternativa correta.

Análise das alternativas incorretas:

A — ingresso nas categorias da cavalaria: incorreto. A cavalaria era privilégio de nobres ou homens livres com recursos; vilões raramente ascenderiam à condição de cavaleiros.

B — propriedade da terra dentro do feudo: errado. Vilões tinham posse de uso (tenure), não propriedade plena. Pagavam corveias e obedeciam ao senhor.

C — ascender aos altos escalões da Igreja: impreciso. A Igreja recrutava indivíduos de origens variadas, mas altos cargos exigiam formação e status que, em geral, excluíam camponeses dependentes.

D — posse do produto para comerciá‑lo livremente fora do feudo: parcial/enganosa. O vilão podia vender excedentes, mas não gozava de liberdade comercial irrestrita; sua produção estava sujeita a controles e obrigações.

Estratégia para provas: ao ver "tinha direito" compare sempre a expressão com os conceitos de liberdade plena versus dependência senhorial. Elimine alternativas que impliquem plena propriedade, mobilidade social ampla ou privilégios nobres.

Fontes recomendadas: Marc Bloch, A Sociedade Feudal; F. L. Ganshof, Feudalism.

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