O documentário Arquitetura da destruição, de Peter Cohen, mostra um
dos programas criados pelo governo de Adolf Hitler (1933-1945) para os
trabalhadores, denominado “beleza no trabalho”. No filme, o médico-chefe
do programa declara: “Se a luta de classes morrer, ao menos o trabalho e a
criatividade devem perder o estigma de sujeira. Se mostrarmos ao trabalhador
como deve se lavar e o elevarmos ao nível da burguesia, ele entenderá que
não há por que lutar”.
A preocupação do governo de Hitler estava relacionada:
Gabarito comentado
Resposta correta: E
Tema central: programas sociais e de propaganda do regime nazista (ex.: Schönheit der Arbeit e Kraft durch Freude) usados para neutralizar o movimento operário e enfraquecer o conflito de classes, cooptando os trabalhadores.
Resumo teórico: Após chegar ao poder em 1933, o Partido Nazista suprimiu sindicatos livres e organizou os trabalhadores através da Deutsche Arbeitsfront (DAF). Projetos como “Beleza no Trabalho” e “Força através da Alegria” visavam melhorar condições materiais e culturais de forma controlada, reduzindo ressentimento de classe e evitando adesão ao socialismo/comunismo. A lógica era desmobilizar politicamente o proletariado, oferecendo-lhe benefícios condizentes com uma narrativa nacional‑socialista (ver: Kershaw; Evans; estudos sobre a DAF).
Por que a alternativa E é correta: ela identifica com precisão a função política desses programas: conter lutas sociais e o avanço do socialismo, cooptando trabalhadores com a promessa de padrões de vida “semelhantes aos da burguesia”, diminuindo a disposição para a ação coletiva.
Análise das alternativas incorretas:
A — Errada: mistura contextos. A Guerra Fria é posterior (pós‑1945); a oposição interna que interessava aos nazistas era sobretudo ao movimento operário/sindical doméstico, não a um confronto direto com a URSS nesse sentido retórico aqui.
B — Parcialmente verdadeira, mas insuficiente: havia medidas de higiene e saúde, porém o objetivo político principal não era apenas reduzir doenças ou igualar produtividade, e sim neutralizar o conflito de classes e integrar o trabalhador ao regime.
C — Errada: o nazismo não defendia igualdade real; a retórica racial privilegiava “arianos”, mas os direitos não eram universalmente garantidos — o objetivo era controle social, não justiça social igualitária.
D — Errada: não se tratou de replicar o welfare britânico por apego ao modelo, e sim de construir um corporativismo autoritário para fidelizar a população; o fim não era ganhar apoio para “dominação mundial” de forma altruísta.
Dica de prova: busque palavras‑chave como “desmobilizar”, “elevar ao nível da burguesia” e atenção a anacronismos (ex.: referências à Guerra Fria). Programs sociais em regimes autoritários costumam ter função de legitimação e controle.
Fontes sugeridas: Richard J. Evans, The Third Reich in Power; Ian Kershaw, Hitler. Estudos sobre a Deutsche Arbeitsfront e os programas Schönheit der Arbeit / Kraft durch Freude.
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