Quanto aos recursos lexicais, gramaticais e gráficos empregados no Texto 1 e seus efeitos nos
sentidos, analise as afirmativas a seguir.
1) As aspas em "convidados" revelam que o narrador ficou surpreso ao ser convidado para o
evento do dia 13 de Maio.
2) A designação 'Navio Negreiro‘ para a mesa de refeição foi ofensiva ao narrador, porque
simboliza a opressão e a violência que vitimam os negros, há séculos.
3) Em: "Quando vi aquilo", o pronome (destacado) se refere ao trecho "mesa central do refeitório,
decorada com as palavras 'Navio Negreiro'"; o uso de 'aquilo', nesse caso, reforça que o
narrador despreza a ação de seus colegas e discorda dela.
4) O termo "bandeira de luta" sinaliza a ideia de "ir à forra", "passar por cima", isto é, destruir a
supremacia branca.
Estão CORRETAS:
Texto 1
13 DE MAIO
Foi quando eu era seminarista no interior de São Paulo. Era 13 de maio de 1966 e os meus colegas de
seminário, quase todos descendentes de italianos ou alemães, resolveram homenagear o dia da
abolição dos escravos com um almoço. Nós, os poucos negros ou pardos da turma, fomos "convidados" a sentar na mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'.
Quando vi aquilo me recusei e me sentei numa mesa lateral, com todos os outros colegas. Pois os
organizadores daquilo me pegaram à força, me arrastaram e me fizeram sentar na marra junto aos
outros negros, no que considerei uma ofensa gravíssima. Arrumei as malas para ir embora, mas fui
convencido a ficar pelo padre do local. Ele me recomendou que deixasse o ódio passar e que tomasse
aquele episódio como bandeira de luta para um mundo melhor. E, de fato, aquele episódio alterou
radicalmente a direção da minha vida. Foi a partir de então que tirei a foto do meu pai, que era negro,
do fundo da minha mala, e coloquei-a ao lado da fotografia da minha mãe, branca, com os meus
objetos pessoais.
Frei David Raimundo dos Santos, 63 anos, frade, fundador da ONG Educafro.
Disponível em: www.educafro.org.br Acesso em: 15 set. 2020. Adaptado.
Texto 1
13 DE MAIO
Foi quando eu era seminarista no interior de São Paulo. Era 13 de maio de 1966 e os meus colegas de seminário, quase todos descendentes de italianos ou alemães, resolveram homenagear o dia da abolição dos escravos com um almoço. Nós, os poucos negros ou pardos da turma, fomos "convidados" a sentar na mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'. Quando vi aquilo me recusei e me sentei numa mesa lateral, com todos os outros colegas. Pois os organizadores daquilo me pegaram à força, me arrastaram e me fizeram sentar na marra junto aos outros negros, no que considerei uma ofensa gravíssima. Arrumei as malas para ir embora, mas fui convencido a ficar pelo padre do local. Ele me recomendou que deixasse o ódio passar e que tomasse aquele episódio como bandeira de luta para um mundo melhor. E, de fato, aquele episódio alterou radicalmente a direção da minha vida. Foi a partir de então que tirei a foto do meu pai, que era negro, do fundo da minha mala, e coloquei-a ao lado da fotografia da minha mãe, branca, com os meus objetos pessoais.
Frei David Raimundo dos Santos, 63 anos, frade, fundador da ONG Educafro.
Disponível em: www.educafro.org.br Acesso em: 15 set. 2020. Adaptado.