A Ilíada, de Homero, data do século VIII a.C. e narra o último
ano da Guerra de Troia, que teria oposto gregos e troianos alguns
séculos antes. Não se sabe, no entanto, se esta guerra de fato
ocorreu ou mesmo se Homero existiu. Diante disso, o procedimento
usual dos estudiosos tem sido:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: crítica das fontes históricas. A questão avalia se você sabe como os historiadores tratam textos antigos (como a Ilíada) — não simplesmente como “verdade literal” nem como inúteis, mas como fontes que exigem leitura crítica para identificar pistas sobre mentalidades, valores e estruturas sociais.
Resumo teórico: a metodologia histórica trabalha com crítica externa (autoria, data, transmissão) e crítica interna (intenção, representações, valores). Obras literárias são valiosas para reconstruir mentalidades, práticas sociais e crenças religiosas, mesmo quando não relatam eventos com precisão cronológica. (Ver: Marc Bloch, Apologia da História; práticas de arqueologia como as escavações de Heinrich Schliemann em Tróia.)
Por que B é correta: ela expressa o procedimento historiográfico adequado: usar a Ilíada para identificar traços da sociedade grega — a exaltação da guerra, a presença dos deuses na vida humana, hierarquias e costumes — sem exigir que o poema seja um relato factual neutro. É o equilíbrio entre crítica da fonte e aproveitamento de seu conteúdo cultural.
Análise das alternativas incorretas
A — Incorreta. Historiadores não descartam fontes por incerteza sobre procedência; aplicam crítica documental. Descartar é postura dogmática e impraticável.
C — Incorreta. Reconhecer parcialidade do autor faz parte da crítica, mas “desconfiar” apenas por ser grego simplifica demais: toda fonte tem ponto de vista; isso não a anula como evidência.
D — Incorreta. A complexidade do texto não prova automaticamente historicidade literal. A arqueologia encontrou camadas que sugerem ocupação em Tróia, mas isso não transforma a Ilíada em relatório histórico puro.
E — Incorreta. Embora a Ilíada seja literária, obras literárias são utilizadas como fontes históricas para aspectos culturais e ideológicos; não se descartam por serem “não científicas”.
Dica de prova: ao enfrentar enunciados sobre “procedimento dos estudiosos”, procure termos como usar, identificar, desconsiderar ou acreditar sem provas. Prefira alternativas que refletem método crítico e uso contextual das fontes.
Fontes sugeridas: Marc Bloch, Apologia da História; estudos sobre Tróia (escavações de Schliemann e trabalhos posteriores) e manuais de metodologia histórica.
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