As relações entre religião e política são bastante frequentes no decorrer da História do Brasil.
Particularmente no que diz respeito à Igreja Católica e à política, tal relação pode ser
observada em diferentes eventos.
Sobre esta relação, analise as proposições.
I. Ao longo de todo o século XX, a Igreja Católica sempre se posicionou, institucionalmente,
ao lado dos governos e nunca questionou qualquer atitude ou iniciativa praticada pelos
poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário.
II. A participação de Frei Caneca na Revolução Pernambucana e na Confederação do
Equador permite observar a participação efetiva de religiosos em movimentos de
contraposição aos governos instituídos.
III. Durante os anos de Ditadura Militar no Brasil, particularmente a partir de 1968, vários
religiosos e religiosas manifestaram-se contrários às torturas e às infrações aos Direitos
Humanos, cometidas sob o jugo dos governos militares.
IV. A Igreja Católica sempre foi considerada, institucionalmente, a religião oficial do Brasil. Tal
status manteve-se garantido pelas Constituições de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e
1988.
Assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Resposta correta: B — Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
Tema central: relações entre Igreja Católica e política no Brasil. É preciso conhecer momentos-chave: início do Império (1824), movimentos regionais liberais (Revolução de 1817, Confederação do Equador), e a atuação da Igreja durante a Ditadura Militar (1964–1985).
Resumo teórico e pistas de leitura
1) Procurar termos absolutos como "sempre" ou "nunca": eles costumam indicar erro quando aplicados a instituições com atuação complexa ao longo do tempo.
2) Identificar atores individuais (ex.: Frei Caneca) cujas ações concretas podem contrariar afirmações generalizantes.
3) Verificar mudanças constitucionais: a Constituição de 1824 declarava a Igreja Católica religião oficial; a Constituição de 1891 instituiu separação entre Estado e Igreja.
Por que II e III são verdadeiras
II — Verdadeira: Frei Caneca (José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho) foi padre e líder intelectual/ativo na Revolução Pernambucana (1817) e na Confederação do Equador (1824). Sua participação mostra que religiosos atuaram em oposição ao poder estabelecido.
III — Verdadeira: Durante a Ditadura Militar, a partir de 1968 crescera a mobilização de religiosos contra violações de direitos humanos — destacam‑se setores da CNBB, bispos como Dom Hélder Câmara e movimentos ligados à Teologia da Libertação que denunciaram tortura e defenderam vítimas.
Análise das afirmativas incorretas
I — Falsa: A afirmação de que ao longo de todo o século XX a Igreja “sempre” apoiou institucionalmente os governos é exagerada e incorreta. Houve posições variadas: relações próximas em certos períodos (Ex.: Estado Novo e alguns governos), mas também conflitos e críticas em outros (Ex.: atuação crítica nos anos 1960–80).
IV — Falsa: A Constituição de 1824 fez da Igreja Católica a religião oficial. Porém, a Constituição de 1891 instituiu a separação entre Igreja e Estado — portanto não se manteve “sempre” esse status nas constituições seguintes (1934, 1937, 1946, 1967 e 1988 são constituições em contexto de Estado laico/neutralidade formal).
Estratégia para provas: Desconfie de palavras absolutas; associe nomes próprios a fatos; sempre relacione a afirmação às mudanças constitucionais quando o tema envolver “religião oficial” ou laicidade.
Fontes úteis: Constituição do Império (1824); Constituição da República (1891); textos e pronunciamentos da CNBB; estudos de História do Brasil (p. ex. Boris Fausto) sobre movimentos regionais e a atuação da Igreja no século XX.
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