A análise do mapa e os conhecimentos sobre a expansão marítima e comercial permitem inferir que
Gabarito comentado
Resposta correta: E
Tema central: a questão trata da penetração europeia na África durante a expansão marítima e comercial (séculos XV–XIX) e de seus efeitos sobre o comércio, a organização política e social africana — especialmente no contexto do tráfico transatlântico de escravos.
Resumo teórico (sintético): antes e durante a chegada europeia existiam estados e sistemas comerciais africanos complexos (ex.: Mali, Songhai, Kongo, Benin, reinos do Congo e Angola, cidades-estado swahili). A demanda europeia por mão de obra na América intensificou capturas e guerras internas; os europeus criaram feitorias, fortificações e mercados costeiros e dependeram, em grande medida, de intermediários africanos. Estudos clássicos: Paul E. Lovejoy (Transformations in Slavery), John K. Thornton (Africa and Africans in the Making of the Atlantic World), John Iliffe (Africans).
Por que a alternativa E é correta? Porque expressa com precisão um efeito histórico documentado: a penetração europeia alterou rotas comerciais, incentivou a reorganização política (alguns reinos centralizaram para controlar comércio), e fomentou práticas de captura e venda de prisioneiros como fonte de renda. A presença europeia e a crescente demanda por escravos agravaram conflitos e incentivaram a economia de captura, contribuindo para desestruturações sociais e econômicas em várias regiões.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: generaliza que “quase totalidade” das sociedades africanas eram tribais e que o único interesse europeu foi o tráfico. Há evidências de Estados complexos e interesses europeus múltiplos (ouro, marfim, especiarias, territórios, navegação).
B — incorreta: reduz a complexidade africana a influência externa. Muitas civilizações africanas desenvolveram estruturas próprias antes ou independentemente das influências islâmica/europeia (ex.: Grandes Zimbábue, estados sahelianos).
C — incorreta: atribui o desenvolvimento das rotas do norte à dominação egípcia sobre “povos primitivos” — impreciso historicamente. O comércio transaariano foi construída por povos berberes, tuaregues e reinos sahelianos, não por hegemonia egípcia sobre toda a África.
D — incorreta: o principal fornecimento de escravos para as Américas veio da África Ocidental e Central (costa do Golfo da Guiné, Angola), não do Norte da África; além disso, a justificativa climática é frágil e irrelevante para o volume do tráfico.
Dica de interpretação: desconfie de termos absolutos (somente, único, quase totalidade) e verifique se a alternativa condiz com evidências regionais (Norte, Oeste, Centro) e cronológicas.
Fontes recomendadas: Paul E. Lovejoy; John K. Thornton; John Iliffe; Cambridge History of Africa; entradas da Encyclopedia Britannica sobre comércio transaariano e tráfico atlântico.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





