Questão 092602a1-28
Prova:UNIFESP 2005
Disciplina:História
Assunto:Mercantilismo, Colonialismo e a ocupação portuguesa no Brasil, História do Brasil

Estima- se que entre 1700 e 1760 aportaram em nosso litoral, vindas de Portugal e das ilhas do Atlântico, cerca de 600 mil pessoas, em média anual de 8 a 10 mil. Sobre essa corrente imigratória, é correto afirmar que

A
continuava a despejar, como nos dois séculos anteriores, pessoas das classes subalternas, interessadas em fazer fortuna na América portuguesa.
B
era constituída, em sua maioria, e pela primeira vez, de negros trazidos para alimentar a voracidade por mão- de- obra escrava nas mais variadas atividades
C
tratava- se de gente da mais variada condição social, atraída principalmente pela possibilidade de enriquecer na região das Minas.
D
representava uma ruptura com a fase anterior, pelo fato de agora ser atraída visando satisfazer a retomada do ciclo açucareiro e o início do algodoeiro.
E
caracterizava- se pelo grande número de cristãos- novos e pequenos proprietários rurais, atraídos pelas lucrativas atividades de abastecer o mercado interno.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: migrações portuguesas ao Brasil no período do ciclo do ouro (séc. XVIII). Trata‑se de compreender quem veio, por que veio e para onde — conhecimento essencial para interpretar a transformação demográfica, econômica e social do Brasil setecentista.

Resumo teórico (essencial): a grande descoberta de ouro em Minas Gerais, a partir do final do séc. XVII, gerou forte atração de pessoas vindas de Portugal e ilhas atlânticas. Essa corrente migratória não foi restringida a um único estrato social: vieram aventuriers, comerciantes, artesãos, pequenos proprietários e também setores urbanos que buscavam rendimento ou serviços nas novas cidades mineiras. Fontes clássicas: Boris Fausto (História do Brasil) e Caio Prado Júnior (História Econômica do Brasil) tratam desse processo; para migrações atlânticas, ver também Luiz Felipe de Alencastro.

Por que a alternativa C é correta: afirma que a imigração era formada por pessoas de variadas condições sociais e que a principal atração foi a possibilidade de enriquecer na região das minas — interpretação que concilia o perfil plural dos imigrantes e o papel central do ciclo do ouro como motor de atração no período indicado. O ouro criou uma demanda por serviços, comércio e oportunidades de ascensão social, explicando o fluxo diversificado.

Análise das alternativas incorretas

A — parcial e enganosa. Embora chegassem muitos pobres buscando fortuna, o fluxo do séc. XVIII não repetiu mecanicamente o padrão dos dois séculos anteriores: havia maior diversidade social e novos atores atraídos pelo ouro, não só “classes subalternas”.

B — incorreta. A alternativa confunde imigração portuguesa com tráfico atlântico de africanos. O enunciado refere‑se a pessoas vindas de Portugal e ilhas, não à chegada massiva de escravizados (que foi outra dinâmica, sobretudo vinda da África).

D — errada. O período citado corresponde ao apogeu do ouro, não a uma retomada do ciclo açucareiro ou início do algodoeiro; essas atividades não foram o principal imã para os migrantes portugueses naquele momento.

E — imprecisa. Não houve predominância de cristãos‑novos nem de pequenos proprietários ruralizantes como característica definidora do fluxo; o quadro era mais heterogêneo e voltado para as oportunidades urbanas e mineradoras.

Dica de prova — como atacar enunciados assim: observe o período histórico (1700–1760), identifique o polo econômico dominante (Minas/ouro) e verifique se as alternativas usam termos absolutos (“em sua maioria”, “pela primeira vez”, “representava uma ruptura”). Esses termos costumam sinalizar pegadinhas.

Fontes sugeridas: Boris Fausto, História do Brasil; Caio Prado Júnior, História Econômica do Brasil; Luiz Felipe de Alencastro (sobre migrações atlânticas).

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