Para um homem ter o pão da terra, há de ter roça; para comer carne, há de ter caçador; para comer peixe, pescador; para vestir roupa lavada, lavadeira; ... e os que não podem alcançar a tanto número de escravos, ou passam mi- séria, realmente, ou vendo- se no espelho dos demais lhes parece que é miserável a sua vida.
(Padre Vieira, 1608-1697.)
O texto mostra que, para se viver bem na Colônia, seria preciso ter, sobretudo,
(Padre Vieira, 1608-1697.)
O texto mostra que, para se viver bem na Colônia, seria preciso ter, sobretudo,
Gabarito comentado
Resposta correta: A - escravos
Tema central: o trecho de Padre Antônio Vieira revela como a vida social e econômica na Colônia dependia do trabalho escravo. A questão pede que identifique o elemento cujo acúmulo tornava possível o “viver bem” segundo o autor — ou seja, o recurso fundamental para suprir necessidades diversas.
Resumo teórico: na economia colonial brasileira (séculos XVI–XVIII) prevalecia o sistema plantation: produção agrícola de grande escala, voltada ao mercado (açúcar, depois café), que exigia muita mão de obra. Essa mão de obra foi majoritariamente escrava (trabalho forçado de africanos e seus descendentes). Portanto, riqueza social e consumo dependiam da posse de escravos que desempenhavam funções variadas — agrícola, doméstica, artesanal e de transporte. (Ver: Caio Prado Jr., Formação do Brasil Contemporâneo; Emília Viotti da Costa, A Abolição.)
Justificativa da alternativa correta: o texto enumera papéis necessários — roça, caçador, pescador, lavadeira — e conclui que quem não tem “tanto número de escravos” vive em miséria. O próprio argumento do trecho associa diretamente bem-estar à posse de escravos, logo a alternativa A é a resposta exigida.
Análise das alternativas incorretas:
B - terras: importantes, mas o texto não discute apenas posse da terra; aponta que ter terra só garante alimento se houver quem a trabalhe — ou seja, a ênfase é no trabalhador escravizado.
C - animais: também úteis, mas o trecho relaciona necessidades humanas satisfeitas por pessoas (caçador, pescador, lavadeira), não por animais.
D - cultura: irrelevante para o sentido do excerto; o autor trata de condição material e econômica, não de formação cultural.
E - habilidades: competências são valorizadas, porém o texto destaca a quantidade e posse de trabalhadores — “escravos” — como condição de acesso ao consumo.
Dica de interpretação: em questões com enumeração (listas de funções, objetos, etc.), identifique o termo que resume essa lista. Procure repetição de estruturas (“há de ter”) e o elemento explicitamente associado ao bem-estar no final do trecho — isso geralmente indica a resposta certa.
Fontes rápidas: Padre Antônio Vieira (obras/sermões); Caio Prado Jr., Formação do Brasil Contemporâneo; Emília Viotti da Costa, A Abolição.
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