Um argumento muito comum para se demonstrar o controle do Estado pelos interesses cafeeiros é o da política
cambial, posta em prática pelos governantes republicanos.
Afirma-se que essa política consistia deliberadamente em
desvalorizar o mil-réis, para sustentar a renda da cafeicultura
em moeda nacional. A afirmativa vem acompanhada da noção de que, por meio desse mecanismo, ocorreu o que o economista Celso Furtado chamou de “socialização de perdas”.
(Boris Fausto. História do Brasil, 2012.)
O argumento sobre a política cambial praticada na Primeira
República brasileira sustenta que
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa C
Tema central: política cambial na Primeira República e a chamada “socialização de perdas”. Trata-se de entender o efeito da desvalorização do mil-réis sobre exportadores, importações e o conjunto da sociedade. Fontes-chave: Boris Fausto (História do Brasil, 2012) e Celso Furtado (Formação Econômica do Brasil).
Resumo teórico (progressivo):
Desvalorização cambial = cada dólar recebido nas exportações converte-se em mais mil-réis; logo, os exportadores (principalmente cafeicultores) recebem maior receita em moeda nacional. Por outro lado, importações ficam mais caras, reduzindo o poder de compra da população e elevando preços de bens importados. Celso Furtado chamou de “socialização de perdas” o processo em que as perdas (inflação, queda do poder de compra) recaem sobre a sociedade, enquanto os exportadores protegem sua renda.
Por que a alternativa C está correta:
A afirmação diz que “os exportadores ganhariam mais em moeda nacional com as suas vendas, enquanto a sociedade pagaria mais caro pelos produtos importados.” Isso descreve precisamente o mecanismo da desvalorização: incremento da receita cambial dos exportadores e aumento do custo das importações para consumidores e indústrias que dependem de insumos importados. Corrobora tanto a interpretação de Fausto quanto a análise de Furtado.
Análise das alternativas incorretas:
- A (errada): Afirma que exportadores perderiam por aumento de dívidas em moeda estrangeira — incoerente: a desvalorização beneficia quem recebe divisas; só prejudica devedores em moeda estrangeira, mas não é esse o foco da interpretação sobre o papel dos cafeicultores.
- B (errada): Diz que o Estado se beneficiava com impostos sobre exportações e que indústrias enfrentariam concorrência externa. A desvalorização tende a reduzir concorrência externa sobre manufaturados importados (estes ficam mais caros), podendo favorecer indústria nacional, não prejudicá‑la automaticamente.
- D (errada): Mistura financiamento estatal e déficit orçamentário. A explicação da “socialização de perdas” refere‑se prioritariamente ao efeito cambial sobre preços e renda, não a déficits públicos como mecanismo central.
- E (errada): Generaliza lucros agrícolas e preços “exorbitantes” de alimentos — a questão trata da relação exportadores/importações em termos monetários; não há base para afirmar que alimentos domésticos subiram de forma uniforme como descrito.
Dica de resolução de questões: identifique termos-chaves (“desvalorização”, “socialização de perdas”, “exportadores”) e rastreie efeitos diretos: receita em moeda nacional sobe; importados encarecem; impacto social = perda de poder de compra.
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