Questão 053438f5-da
Prova:UniCEUB 2019
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

Os primeiros engenhos de açúcar surgiram no Brasil antes de 1520 e, meio século depois, multiplicaram-se tanto que a safra anual da produção brasileira de açúcar valeria mais que a produção exportável de qualquer país europeu. Nas décadas seguintes, os grandes engenhos saltam de cinquenta a cem e a duzentos. Neles passam a trabalhar 10 mil, depois 20 mil e, mais tarde, 30 mil escravos importados.
(Darcy Ribeiro. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil, 1995. Adaptado.)

A partir da leitura do texto, pode-se concluir que a economia açucareira

A
integrou o Brasil à América espanhola, que adquiria gêneros alimentícios do nordeste da colônia.
B
disseminou as pequenas propriedades agrícolas, que usufruíam dos terrenos massapês do litoral brasileiro.
C
funcionou de maneira autônoma em relação à Metrópole, que se limitava a defender militarmente as costas brasileiras.
D
isolou a colônia do Brasil das guerras europeias, que envolviam os Estados absolutistas ibéricos.
E
foi um complexo produtivo rentável, que viabilizava o processo de colonização portuguesa do Brasil.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: E

Tema central: economia açucareira colonial — sua organização produtiva, social e sua função no processo de colonização portuguesa do Brasil. É preciso lembrar que o açúcar foi o principal produto exportável do Brasil colonial nos séculos XVI e XVII, baseado em engenhos (grandes propriedades) e trabalho escravo africano.

Resumo teórico: O sistema açucareiro era um complexo produtivo integrado por plantações de cana, engenhos (moendas, casas de purgar e secar), capital comercial e mercados atlânticos. Envolvia investimentos, comércio intercontinental e mão de obra escrava em grande escala. Sob o regime mercantilista, a Metrópole favorecia atividades exportadoras que garantissem lucros e a ocupação efetiva do território.

Justificativa da alternativa E: A opção E aponta que a economia açucareira foi um complexo produtivo rentável que viabilizava a colonização portuguesa. Isso está correto porque: (1) o lucro com o açúcar financiou a presença portuguesa, investimentos e defesa; (2) os engenhos concentraram terras e capital, atraíram populações e criaram estruturas sociais (senhores, senhores de engenho, escravos) fundamentais para a colonização; (3) o comércio do açúcar integrou o Brasil ao sistema mercantil atlântico, gerando recursos e reforçando a dominação colonial.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. A economia açucareira ligou o Brasil aos mercados atlânticos, sobretudo à Europa e às rotas portuguesas, mas não “integrou o Brasil à América espanhola” como fornecedor prioritário: a relação era com a Metrópole portuguesa e mercados internacionais, não com o espaço colonial espanhol.

B — Incorreta. Ao contrário de disseminar pequenas propriedades, o açúcar consolidou grandes latifúndios (engenhos) na zona costeira; a produção dependia de latifúndios e trabalho escravo, não de minifúndios.

C — Incorreta. A atividade não funcionou de maneira autônoma da Metrópole: dependia de capitais, mercados e políticas portuguesas (controle do comércio colonial, monopólio, proteção naval). Portugal intervinha econômica e politicamente.

D — Incorreta. A presença do açúcar não isolou a colônia das guerras europeias; pelo contrário, a disputa pelo controle de territórios produtores de açúcar (e pelas rotas atlânticas) envolveu conflitos com outros poderes europeus (holandeses, ingleses, franceses) nos séculos XVI–XVII.

Dica de interpretação: Procure termos-chave no enunciado (engrenagens produtivas, quantidade de escravos, crescimento dos engenhos). Eles indicam escala, capital e função econômica — pistas fortes para conectar ao conceito de “complexo produtivo” e ao papel da economia na colonização.

Fontes sugeridas: Stuart B. Schwartz, Sugar Plantations in the Formation of Brazilian Society; Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo; Darcy Ribeiro (texto citado).

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