[Na Idade Média] Homens e mulheres gostavam muito de festas. Isso vinha, geralmente, tanto das velhas tradições pagãs (...), quanto da liturgia cristã.
(Jacques Le Goff. A Idade Média explicada aos meus filhos, 2007.)Sobre essas festas medievais, podemos dizer que:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: festas medievais — a relação entre tradições pagãs populares e a liturgia cristã. Questões de concurso pedem compreender sincretismo, conflito e estratégias da Igreja para incorporar ou suprimir ritos.
Resumo teórico: Na Idade Média as festas tinham dupla origem: ritos ligados ao ciclo agrícola e festas pagãs ou populares, e as festas do calendário litúrgico cristão. A Igreja, conforme mostram Jacques Le Goff (2007) e estudos de Philippe Ariès e Georges Duby, muitas vezes tentou cristianizar festas pagãs — transformando datas e significados — mas também editou proibições e sermões contra excessos. Resultado: coexistência marcada por adição, adaptação e conflito, não por simples fusão harmoniosa.
Por que A está certa: A afirma que há relatos de confronto entre festas pagãs e cristãs. Isso encontra respaldo em fontes medievais (concílios, cánones, sermões e estatutos municipais) que denunciam e tentam regular práticas populares consideradas pagãs ou licenciosas. A Igreja tanto criou festas cristãs para substituir celebrações antigas quanto reprimiu rituais que julgava incompatíveis com a fé — daí o caráter conflitivo apontado em A.
Análise das alternativas erradas:
B — Torneios eram celebrações nobres e militares, não as principais festas populares; além disso reforçavam a hierarquia cavaleiresca, não a aboliam — portanto a afirmação de que “rompiam as distinções sociais” é falsa.
C — A Igreja não apoiava cultos pagãos. Em muitos casos tolerou práticas populares reinterpretando-as, mas também condenou rituais considerados idólatras; “apoiava todo tipo” é exagero e incorreto.
D — Festas rurais representavam ritos agrícolas e celebrações de santos locais; não “sempre” encenavam relações sociais nem rituais de sagração de cavaleiros (essa última é cerimônia aristocrática).
E — Religiões e nobres não preferiam sistematicamente festas privadas pagãs em oposição às públicas cristãs. Nobres participavam de ambos os tipos; muitos eventos públicos (processões, missa solene) eram centrais na vida social.
Dica de interpretação: desconfie de absolutos ("sempre", "todo tipo", "principais"). Procure palavras que indiquem generalização e compare com o padrão histórico: sincretismo + conflito = resposta que admite tensão (como A).
Fontes recomendadas: Jacques Le Goff, A Idade Média explicada aos meus filhos (2007); Philippe Ariès, História da Vida Privada; estudos de Georges Duby sobre cultura medieval.
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