“O ar da cidade torna os homens mais livres”

O provérbio medieval acima denota uma mudança no cenário europeu com o declínio do feudalismo e ressurgimento das cidades. As alterações que ocorreram no final da Idade Média refletiam a nova visão do homem desse tempo perante o mundo. Considerando o provérbio acima e as transformações decorrentes da transição do feudalismo para o capitalismo, é correto afirmar que,

Alternativa correta: C

Tema central: o enunciado aborda a transição do feudalismo para formas econômicas e sociais urbanas na Baixa Idade Média — como o crescimento do comércio, dos ofícios e das cidades possibilitou maior mobilidade social e gradações de liberdade em relação ao mundo campesino.

Resumo teórico claro: a partir dos séculos XI–XIV houve um renascimento comercial e urbano: mercados regulares, rotas de longo curso, feiras e a formação de corporações de ofício. As cidades passaram a concentrar mercadores e artesãos (burguesia), criando oportunidades de riqueza e prestígio não vinculadas ao status servil do campo. Autores clássicos sobre o tema: Marc Bloch, Georges Duby e Fernand Braudel explicam como esse processo abriu caminhos de ascensão social e autonomia municipal.

Justificação da alternativa C: a afirmativa diz que, enquanto o campo mantinha uma hierarquia rígida, as cidades — por seu dinamismo comercial e artesanal — permitiram possibilidade de ascensão social. Isso é correto: o trabalho urbano (mercado, artesanato, crédito) possibilitou formar fortuna, integrar corporações e, eventualmente, obter cidadania urbana, diferencial que correspondia ao “ar da cidade” como metáfora de maior liberdade.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Embora muitas cidades negociassem franquias e isenções com senhores ou reis, não houve eliminação geral de tributos; os privilégios eram localizados e variáveis.

B — Incorreta. As Cruzadas ampliaram contatos comerciais e culturais, mas não produziram, de modo geral, maior tolerância religiosa nem um “espelhamento” das cidades em Jerusalém; relações religiosas permaneceram complexas e frequentemente conflituosas.

D — Incorreta. É verdade que muitas cidades possuíam legislação própria (foros, cartas), mas essa autonomia não significou liberdade universal para todos os oprimidos — privilégios eram negociados e seletivos.

E — Incorreta. No século XII havia formas salariais em áreas urbanas, mas as relações de trabalho eram diversas (mestres, aprendizes, servos em áreas periurbanas); afirmar que eram “totalmente assalariadas” é uma generalização falsa.

Dica de interpretação: desconfie de termos absolutos (totalmente, todos, sempre). Procure contrastar campo × cidade e lembrar que mudanças medievais foram graduais e locais.

Fontes sugeridas: Marc Bloch (Os Feudos), Georges Duby (A Sociedade Feudal), Fernand Braudel (Civilização Material).

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