A abordagem do tema “Corporeidade: dimensão humana e formas de ser” remete, na contemporaneidade, à
discussão da sexualidade e da questão de gênero. Filósofos como Michel Foucault e Simone de Beauvoir
trataram desse assunto em obras importantes para o conhecimento e a compreensão sobre o sexo no
ocidente. Foucault, em sua obra História da sexualidade: a vontade de saber (1976), conforme Sílvio Gallo,
“investigou como as sociedades viveram a sexualidade ao longo do tempo e notou um paradoxo. Nas
sociedade dos séculos XVI e XVII, embora se acreditasse que o sexo era reprimido, ele foi valorizado como
o segredo por excelência; em decorrência disso, falava-se muito sobre sexo, na medida em que ele era
reprimido”. Foucault estende a sua investigação até o século XX e aponta o desenvolvimento de uma moral
sexual que impõe um absoluto predomínio heterossexual nas relações sociais, “que afirma a distinção
absoluta entre homem e mulher, centrada numa visão biológica”, de acordo com Sílvio Gallo.
Em “O segundo sexo”, obra de Simone de Beauvoir, publicada em 1949, a filósofa francesa trata da
condição da mulher e afirma que “ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher” à medida que vive. Para
ela, não há uma essência no “ser mulher”, e nega, pois, a existência de uma “natureza feminina”. Gallo
compreende a posição de Beauvoir e afirma que o “ser mulher” “é uma construção que cada mulher faz em
sua vida”. Diante do impacto que a afirmação da filósofa francesa teve nos movimentos feministas do
século XX, ele acrescenta que “A construção da sexualidade é biológica, cultural e histórica, assim como a
construção do que somos em outras esferas” e conclui que a formulação “tornar-se mulher” se aplica ao
homem, pois “ninguém nasce homem, torna-se homem. Ou, ainda: ninguém nasce homossexual, mas se
torna homossexual.” (GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. vol. único. 1. ed. São Paulo:
Scipione, 2013, p. 102-103).
A partir do exposto, todas as alternativas estão corretas, EXCETO