Questõesde USP sobre Português

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Foram encontradas 214 questões
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USP 2019 - Português - Uso dos dois-pontos, Pontuação

O Twitter é uma das redes sociais mais importantes no Brasil e no mundo. (...) Um estudo identificou que as fake news são 70% mais propensas a serem retweetadas do que fatos verdadeiros. (...) Outra conclusão importante do trabalho diz respeito aos famosos bots: ao contrário do que muitos pensam, esses robôs não são os grandes responsáveis por disseminar notícias falsas. Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.
Super Interessante, “No Twitter, fake news se espalham 6 vezes mais rápido que notícias verdadeiras”. Maio/2019.

No período “Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.”, os dois‐pontos são utilizados para introduzir uma

A
conclusão.
B
concessão.
C
explicação.
D
contradição.
E
condição.
0d942555-99
USP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando que se trata de um texto literário, uma interpretação que seja capaz de captar a sua complexidade abordará o poema como

TEXTO PARA A QUESTÃO

Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que a pisa.
Mas mais frágil fica a bota.
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.

*sesta: repouso após o almoço.
A
uma defesa da natureza.
B
um ataque às forças armadas.
C
uma defesa dos direitos humanos.
D
uma defesa da resistência civil.
E
um ataque à passividade.
0d9afe15-99
USP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O ditado popular que se relaciona melhor com o poema é:

TEXTO PARA A QUESTÃO

Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que a pisa.
Mas mais frágil fica a bota.
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.

*sesta: repouso após o almoço.
A
Para bom entendedor, meia palavra basta.
B
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
C
Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
D
Um dia é da caça, o outro é do caçador.
E
Uma andorinha só não faz verão.
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USP 2019 - Português - Morfologia - Verbos, Flexão de voz (ativa, passiva, reflexiva), Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado, Sintaxe

Leia o trecho extraído de uma notícia veiculada na internet:

“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população, que depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma viatura do 5º BPM”, afirmou o major.
Disponível em https://www.gp1.com.br/.

No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo esteja na voz ativa, tal como encontrado em:

A
“O carro furou o pneu”.
B
“e bateu no meio fio”.
C
“O refém conseguiu acionar a população”.
D
“tentaram linchar eles”.
E
“afirmou o major”.
0d8d460a-99
USP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

É correto afirmar que o poema

TEXTO PARA A QUESTÃO

amora

a palavra amora
seria talvez menos doce
e um pouco menos vermelha
se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
a memória da palavra amor

a palavra amargo
seria talvez mais doce
e um pouco menos acerba
se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
a memória da palavra amar
Marco Catalão, Sob a face neutra.
A
aborda o tema da memória, considerada uma faculdade que torna o ser humano menos amargo e sombrio.
B
enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o que vem expresso pela repetição da palavra “talvez”.
C
apresenta natureza romântica, sendo as palavras “amora” e “amargo” metáforas do sentimento amoroso.
D
possui reiterações sonoras que resultam em uma tensão inusitada entre os termos “amor” e “amar”.
E
ressalta os significados das palavras tal como se verificam no seu uso mais corrente.
0d9039f1-99
USP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Denotação e Conotação, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Tal como se lê no poema,

TEXTO PARA A QUESTÃO

amora

a palavra amora
seria talvez menos doce
e um pouco menos vermelha
se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
a memória da palavra amor

a palavra amargo
seria talvez mais doce
e um pouco menos acerba
se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
a memória da palavra amar
Marco Catalão, Sob a face neutra.
A
a palavra “amora” é substantivo, e “amargo”, adjetivo.
B
o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra “amargo”.
C
o substantivo “corpo” apresenta sentido denotativo.
D
o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra “amora”.
E
o verbo “amar” e o substantivo “amor” são intercambiáveis.
0d84ec3b-99
USP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para Graciliano Ramos, Angústia não faz concessão ao gosto do público na medida em que compõe uma atmosfera

TEXTOS PARA A QUESTÃO

Os textos literários são obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poéticos, abolem, “destroem” o mundo circundante, cotidiano, graças à função irrealizante da imaginação que os constrói. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devemo poder de apelo estético que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e renovada pela experiência da obra, à luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A ilusão, a mentira, o fingimento da ficção, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o já pelo insight que em nós provocou.
Benedito Nunes, “Ética e leitura”, de Crivo de Papel.

O que eu precisava era ler um romance fantástico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criações absurdas, não andassem magoando‐se, traindo‐se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras já não me comovem.
Graciliano Ramos, Angústia.

Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao gosto do público. Solilóquio doido, enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a respeito de seu livro Angústia.
A
dramática, ao representar as tensões de seu tempo.
B
grotesca, ao eliminar a expressão individual.
C
satírica, ao reduzir os eventos ao plano do riso.
D
ingênua, ao simular o equilíbrio entre sujeito e mundo.
E
alegórica, ao exaltar as imagens de sujeira.
0d7e38e3-99
USP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O argumento de Benedito Nunes, em torno da natureza artística da literatura, leva a considerar que a obra só assume função transformadora se

TEXTOS PARA A QUESTÃO

Os textos literários são obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poéticos, abolem, “destroem” o mundo circundante, cotidiano, graças à função irrealizante da imaginação que os constrói. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devemo poder de apelo estético que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e renovada pela experiência da obra, à luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A ilusão, a mentira, o fingimento da ficção, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o já pelo insight que em nós provocou.
Benedito Nunes, “Ética e leitura”, de Crivo de Papel.

O que eu precisava era ler um romance fantástico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criações absurdas, não andassem magoando‐se, traindo‐se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras já não me comovem.
Graciliano Ramos, Angústia.

Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao gosto do público. Solilóquio doido, enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a respeito de seu livro Angústia.
A
estabelece um contraponto entre a fantasia e o mundo.
B
utiliza a linguagem para informar sobre o mundo.
C
instiga no leitor uma atitude reflexiva diante do mundo.
D
oferece ao leitor uma compensação anestesiante do mundo.
E
conduz o leitor a ignorar o mundo real.
0d81a760-99
USP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Se o discurso literário “aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o”, pode‐se dizer que Luís da Silva, o narrador‐ protagonista de Angústia, já não se comove com a leitura de “histórias fáceis, sem almas complicadas” porque

TEXTOS PARA A QUESTÃO

Os textos literários são obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poéticos, abolem, “destroem” o mundo circundante, cotidiano, graças à função irrealizante da imaginação que os constrói. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devemo poder de apelo estético que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e renovada pela experiência da obra, à luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A ilusão, a mentira, o fingimento da ficção, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o já pelo insight que em nós provocou.
Benedito Nunes, “Ética e leitura”, de Crivo de Papel.

O que eu precisava era ler um romance fantástico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criações absurdas, não andassem magoando‐se, traindo‐se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras já não me comovem.
Graciliano Ramos, Angústia.

Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao gosto do público. Solilóquio doido, enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a respeito de seu livro Angústia.
A
rejeita, como jornalista, a escrita de ficção.
B
prefere alienar‐se com narrativas épicas.
C
é indiferente às histórias de fundo sentimental.
D
está engajado na militância política.
E
se afunda na negatividade própria do fracassado.
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USP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Cantiga de enganar

(...)
O mundo não tem sentido.
O mundo e suas canções
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.

Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta.
De sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê‐las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
– mas a conta não existe –
que é tudo como se fosse,
ou que, se fora, não era.
(...)

Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.

Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a perspectiva do sujeito maduro, já afastado das ilusões, como se lê no verso‐síntese “Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.” (“Legado”). O excerto de “Cantiga de enganar” apresenta a relação do eu com o mundo mediada

A
pela música, que ressoa em canções líricas.
B
pela cor, brilhante na claridade solar.
C
pela afirmação de valores sólidos.
D
pela memória, que corre fluida no tempo.
E
pelo despropósito de um faz‐de‐conta.
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USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Entre os doistrechos do romance, nota‐se o movimento que vai da memória de vivências à revisão que o defunto autor faz de um mesmo episódio. A citação, pertencente a outro capítulo do mesmo livro, que melhor sintetiza essa duplicidade narrativa, é:

I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá‐lo. Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou‐me dançar uma polca, embriagar‐ me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas particulares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos.  

*ágil


II. Meu caro crítico,

     Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo.

                          Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.

A
“A conclusão, portanto, é que há duas forças capitais: o amor, que multiplica a espécie, e o nariz, que a subordina ao indivíduo”.
B
“Obra de finado. Escrevi‐a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil perceber o que poderá sair desse conúbio”.
C
“Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito do livro és tu, leitor”.
D
“Viver não é a mesma cousa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática”.
E
“Não havia ali a atmosfera somente da águia e do beija‐flor; havia também a da lesma e do sapo”.
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USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

E grita a piranha cor de palha, irritadíssima:

– Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta resolvo a questão!...

– Exagero... – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a prumo, e sempre há um descuidoso que vem se espetar.

– Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês duas boiarão mortas...

*peixe elétrico.


Esse texto, extraído de Sagarana, de Guimarães Rosa,

A
antecipa o destino funesto do ex‐militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, em “Duelo”, ao qual serve como epígrafe.
B
assemelha‐se ao caráter existencial da disputa entre Brilhante, Dansador e Rodapião na novela “Conversa de Bois”.
C
reúne as três figurações do protagonista da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, assim denominados: Augusto Estêves, Nhô Augusto e Augusto Matraga.
D
representa o misticismo e a atmosfera de feitiçaria que envolve o preto velho João Mangalô e sua desavença com o narrador‐personagem José, em “São Marcos”.
E
constitui uma das cantigas de “O burrinho Pedrês”, em que a sagacidade da boiada se sobressai à ignorância do burrinho.
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USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A passagem final do texto II – “Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo.” – denota um elemento presente no estilo do romance, ou seja,

I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá‐lo. Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou‐me dançar uma polca, embriagar‐ me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas particulares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos.  

*ágil


II. Meu caro crítico,

     Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo.

                          Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.

A
o realismo, visto no rigor explicativo dos fatos.
B
a religiosidade, que se socorre do auxílio divino.
C
o humor, capaz de relativizar as ideias.
D
a metalinguagem, que imprime linearidade à narração.
E
a ironia, própria do discurso positivo.
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USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Atente para as seguintes afirmações relativas ao desfecho do romance A Relíquia, de Eça de Queirós:


I. O autor revela, por meio de Teodorico, sua descrença num Jesus divinizado, imagem que é substituída pela ideia de Consciência.

II. Ao ser sincero com Crispim, Teodorico conquista a vida de burguês que sempre almejou.

III. Teodorico dá ouvidos à mensagem de Cristo, arrepende‐se de sua hipocrisia beata e abraça a fé católica.


Está correto o que se afirma apenas em

A
I.
B
II.
C
I e II.
D
II e III.
E
I e III.
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USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base nos trechos acima, é adequado afirmar:

O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?  

                  José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos d’ouro.


A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.

                                                                           José de Alencar. Iracema.


Glossário:

“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: tipo de palmeira espinhosa. 

A
Para Alencar, a literatura brasileira deveria ser capaz de representar os valores nacionais com o mesmo espírito do europeu que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera.
B
Ao discutir, no primeiro trecho, a importação de ideias e costumes, Alencar propõe uma literatura baseada no abrasileiramento da língua portuguesa, como se verifica no segundo trecho.
C
O contraste entre os verbos “chupar” e “sorver”, empregados no primeiro trecho, revela o rebaixamento de linguagem buscado pelo escritor em Iracema.
D
Em Iracema, a construção de uma literatura exótica, tal como se verifica no segundo trecho, pautou‐se pela recusa de nossos elementos naturais.
E
Ambos os trechos são representativos da tendência escapista de nosso romantismo, na medida em que valorizam os elementos naturais em detrimento da realidade rotineira.
d1551a12-f2
USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No trecho “outras remexe o uru de palha matizada”, a palavra sublinhada expressa ideia de

O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?  

                  José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos d’ouro.


A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.

                                                                           José de Alencar. Iracema.


Glossário:

“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: tipo de palmeira espinhosa. 

A
concessão.
B
finalidade.
C
adição.
D
tempo.
E
consequência.
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USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

O oxímoro é uma “figura em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir‐se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão” (HOUAISS, 2001). No poema “Sonetilho do falso Fernando Pessoa”, o emprego dessa figura de linguagem ocorre em:


A
“Onde morri, existo” (L. 2).
B
“E das peles que visto / muitas há que não vi” (L. 3‐4).
C
“Desisto / de tudo quanto é misto / e que odiei ou senti” (L. 6‐8).
D
“à deusa que se ri / deste nosso oaristo” (L. 10‐11).
E
“mas não sou eu, nem isto” (L. 14).
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USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando os poemas, assinale a alternativa correta.


A
As noções de que a identidade do poeta independe de sua existência biográfica, no “Sonetilho”, e de que o mito se perpetua para além da vida, em “Ulisses”, produzem uma analogia entre os poemas.
B
As referências a Mefisto (“diabo”, na lenda alemã de Fausto) e a Deus no “Sonetilho” e em “Ulisses”, respectivamente, associadas ao polo de opostos “morte” e “vida”, revelam uma perspectiva cristã comum aos poemas.
C
O resgate da forma clássica, no “Sonetilho”, e a referência à primeira pessoa do plural, em “Ulisses”, denotam um mesmo espírito agregador e comunitário.
D
O eu lírico de cada poema se identifica, respectivamente, com seus títulos. No poema de Drummond, trata‐se de alguém referido como “falso Fernando Pessoa”, já no poema de Pessoa, o eu lírico é “Ulisses”.
E
Os versos “As coisas tangíveis / tornam‐se insensíveis / à palma da mão. // Mas as coisas findas, / muito mais que lindas, / essas ficarão”, de outro poema de Claro Enigma, sugerem uma relação de contraste com os poemas citados.
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USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

I. Surge então a pergunta: se a fantasia funciona como realidade; se não conseguimos agir senão mutilando o nosso eu; se o que há de mais profundo em nós é no fim de contas a opinião dos outros; se estamos condenados a não atingir o que nos parece realmente valioso –, qual a diferença entre o bem e o mal, o justo e o injusto, o certo e o errado? O autor passou a vida a ilustrar esta pergunta, que é modulada de maneira exemplar no primeiro e mais conhecido dos seus grandes romances de maturidade.


II. É preciso todavia lembrar que essa ligação com o problema geográfico e social só adquire significado pleno, isto é, só atua sobre o leitor, graças à elevada qualidade artística do livro. O seu autor soube transpor o ritmo mesológico para a própria estrutura da narrativa, mobilizando recursos que a fazem parecer movida pela mesma fatalidade sem saída. (...) Da consciência mortiça da personagem podem emergir ostranses periódicos em que se estorce o homem esmagado pela paisagem e pelos outros homens.


Nos fragmentosI e II, aqui adaptados, o crítico Antonio Candido avalia duas obras literárias, que são, respectivamente,

A
A Relíquia e Sagarana.
B
O Cortiço e Iracema.
C
Sagarana e O Cortiço.
D
Mayombe e Minha Vida de Menina.
E
Memórias Póstumas de Brás Cubas e Vidas Secas.
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USP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto


Com base no texto, é correto afirmar:

A
A “campanha nacional” a que se refere o autor tem por objetivo banir da língua portuguesa os verbos terminados em “ilizar”.
B
O autor considera o emprego de verbos como “reinicializando” (L. 7) e “viabilizar” (L. 13) uma verdadeira “doença”.
C
A maioria dos verbos terminados em “(i)lizar”, presentes no texto, foi incorporada à língua por influência estrangeira.
D
O autor, no final do primeiro parágrafo, acaba usando involuntariamente os verbos que ele condena.
E
Os prefixos “des” e “in”, que entram na formação do verbo “desincompatibilizar” (L. 14), têm sentido oposto, por isso o autor o considera um “palavrão”.