Questõesde USP sobre Português
Considerando que se trata de um texto literário, uma
interpretação que seja capaz de captar a sua complexidade
abordará o poema como
O ditado popular que se relaciona melhor com o poema é:
Leia o trecho extraído de uma notícia veiculada na internet:
“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram
obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população,
que depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar
eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois
por uma viatura do 5º BPM”, afirmou o major.
Disponível em https://www.gp1.com.br/.
No português do Brasil, a função sintática do sujeito não
possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda que
o verbo esteja na voz ativa, tal como encontrado em:
É correto afirmar que o poema
Tal como se lê no poema,
Para Graciliano Ramos, Angústia não faz concessão ao gosto
do público na medida em que compõe uma atmosfera
O argumento de Benedito Nunes, em torno da natureza
artística da literatura, leva a considerar que a obra só assume
função transformadora se
Se o discurso literário “aclara o real ao desligar‐se dele,
transfigurando‐o”, pode‐se dizer que Luís da Silva, o narrador‐
protagonista de Angústia, já não se comove com a leitura de
“histórias fáceis, sem almas complicadas” porque
Cantiga de enganar
(...)
O mundo não tem sentido.
O mundo e suas canções
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta.
De sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê‐las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
– mas a conta não existe –
que é tudo como se fosse,
ou que, se fora, não era.
(...)
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.
Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a perspectiva
do sujeito maduro, já afastado das ilusões, como se lê no
verso‐síntese “Tu não me enganas, mundo, e não te engano a
ti.” (“Legado”). O excerto de “Cantiga de enganar” apresenta
a relação do eu com o mundo mediada
Entre os doistrechos do romance, nota‐se o movimento que vai
da memória de vivências à revisão que o defunto autor faz de
um mesmo episódio. A citação, pertencente a outro capítulo do
mesmo livro, que melhor sintetiza essa duplicidade narrativa,
é:
I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá‐lo. Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou‐me dançar uma polca, embriagar‐ me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas particulares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
*ágil
II. Meu caro crítico,
Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo.
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
E grita a piranha cor de palha, irritadíssima:
– Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta
resolvo a questão!...
– Exagero... – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a
prumo, e sempre há um descuidoso que vem se espetar.
– Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a
bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três
pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês
duas boiarão mortas...
*peixe elétrico.
Esse texto, extraído de Sagarana, de Guimarães Rosa,
E grita a piranha cor de palha, irritadíssima:
– Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta resolvo a questão!...
– Exagero... – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a prumo, e sempre há um descuidoso que vem se espetar.
– Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês duas boiarão mortas...
*peixe elétrico.
Esse texto, extraído de Sagarana, de Guimarães Rosa,
A passagem final do texto II – “Valha‐me Deus! é preciso
explicar tudo.” – denota um elemento presente no estilo do
romance, ou seja,
I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá‐lo. Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou‐me dançar uma polca, embriagar‐ me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas particulares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
*ágil
II. Meu caro crítico,
Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha‐me Deus! é preciso explicar tudo.
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Atente para as seguintes afirmações relativas ao desfecho do
romance A Relíquia, de Eça de Queirós:
I. O autor revela, por meio de Teodorico, sua descrença num
Jesus divinizado, imagem que é substituída pela ideia de
Consciência.
II. Ao ser sincero com Crispim, Teodorico conquista a vida de
burguês que sempre almejou.
III. Teodorico dá ouvidos à mensagem de Cristo, arrepende‐se
de sua hipocrisia beata e abraça a fé católica.
Está correto o que se afirma apenas em
Atente para as seguintes afirmações relativas ao desfecho do romance A Relíquia, de Eça de Queirós:
I. O autor revela, por meio de Teodorico, sua descrença num Jesus divinizado, imagem que é substituída pela ideia de Consciência.
II. Ao ser sincero com Crispim, Teodorico conquista a vida de burguês que sempre almejou.
III. Teodorico dá ouvidos à mensagem de Cristo, arrepende‐se de sua hipocrisia beata e abraça a fé católica.
Está correto o que se afirma apenas em
Com base nos trechos acima, é adequado afirmar:
O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?
José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos d’ouro.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.
José de Alencar. Iracema.
Glossário:
“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: tipo de palmeira espinhosa.
No trecho “outras remexe o uru de palha matizada”, a palavra
sublinhada expressa ideia de
O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?
José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos d’ouro.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.
José de Alencar. Iracema.
Glossário:
“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: tipo de palmeira espinhosa.
O oxímoro é uma “figura em que se combinam palavras de
sentido oposto que parecem excluir‐se mutuamente, mas que,
no contexto, reforçam a expressão” (HOUAISS, 2001). No
poema “Sonetilho do falso Fernando Pessoa”, o emprego dessa
figura de linguagem ocorre em:
Considerando os poemas, assinale a alternativa correta.
I. Surge então a pergunta: se a fantasia funciona como
realidade; se não conseguimos agir senão mutilando o
nosso eu; se o que há de mais profundo em nós é no fim de
contas a opinião dos outros; se estamos condenados a não
atingir o que nos parece realmente valioso –, qual a
diferença entre o bem e o mal, o justo e o injusto, o certo e
o errado? O autor passou a vida a ilustrar esta pergunta, que
é modulada de maneira exemplar no primeiro e mais
conhecido dos seus grandes romances de maturidade.
II. É preciso todavia lembrar que essa ligação com o problema
geográfico e social só adquire significado pleno, isto é, só
atua sobre o leitor, graças à elevada qualidade artística do
livro. O seu autor soube transpor o ritmo mesológico para a
própria estrutura da narrativa, mobilizando recursos que a
fazem parecer movida pela mesma fatalidade sem saída.
(...) Da consciência mortiça da personagem podem emergir
ostranses periódicos em que se estorce o homem esmagado
pela paisagem e pelos outros homens.
Nos fragmentosI e II, aqui adaptados, o crítico Antonio Candido
avalia duas obras literárias, que são, respectivamente,
I. Surge então a pergunta: se a fantasia funciona como realidade; se não conseguimos agir senão mutilando o nosso eu; se o que há de mais profundo em nós é no fim de contas a opinião dos outros; se estamos condenados a não atingir o que nos parece realmente valioso –, qual a diferença entre o bem e o mal, o justo e o injusto, o certo e o errado? O autor passou a vida a ilustrar esta pergunta, que é modulada de maneira exemplar no primeiro e mais conhecido dos seus grandes romances de maturidade.
II. É preciso todavia lembrar que essa ligação com o problema geográfico e social só adquire significado pleno, isto é, só atua sobre o leitor, graças à elevada qualidade artística do livro. O seu autor soube transpor o ritmo mesológico para a própria estrutura da narrativa, mobilizando recursos que a fazem parecer movida pela mesma fatalidade sem saída. (...) Da consciência mortiça da personagem podem emergir ostranses periódicos em que se estorce o homem esmagado pela paisagem e pelos outros homens.
Nos fragmentosI e II, aqui adaptados, o crítico Antonio Candido avalia duas obras literárias, que são, respectivamente,

Com base no texto, é correto afirmar:
Com base no texto, é correto afirmar: