Questõesde UFRN sobre Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

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Foram encontradas 91 questões
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UFRN 2012 - Português - Interpretação de Textos, Adjetivos, Morfologia - Verbos, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o trecho a seguir.


˜Não mais atracaram na sua ponte os veleiros que iam partir carregados. Não mais trabalharam ali os negros musculosos que vieram da escravatura. Não mais cantou na velha ponte uma canção um marinheiro nostálgico.˜


Sobre esses períodos, é correto afirmar que

O TRAPICHE


SOB A LUA, NUM VELHO TRAPICHE ABANDONADO, as crianças dormem. Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do trapiche as ondas ora se rebentavam fragorosas, ora vinham se bater mansamente. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas crianças repousam agora, iluminadas por uma réstia amarela de lua. Desta ponte saíram inúmeros veleiros carregados, alguns eram enormes e pintados de estranhas cores, para a aventura das travessias marítimas. Aqui vinham encher os porões e atracavam nesta ponte de tábuas, hoje comidas. Antigamente diante do trapiche se estendia o mistério do mar oceano, as noites diante dele eram de um verde escuro, quase negras, daquela cor misteriosa que é a cor do mar à noite. Hoje a noite é alva em frente ao trapiche. É que na sua frente se estende agora o areal do cais do porto. Por baixo da ponte não há mais rumor de ondas. A areia invadiu tudo, fez o mar recuar de muitos metros. Aos poucos, lentamente, a areia foi conquistando a frente do trapiche. Não mais atracaram na sua ponte os veleiros que iam partir carregados. Não mais trabalharam ali os negros musculosos que vieram da escravatura. Não mais cantou na velha ponte uma canção um marinheiro nostálgico. A areia se estendeu muito alva em frente ao trapiche. E nunca mais encheram de fardos, de sacos, de caixões, o imenso casarão. Ficou abandonado em meio ao areal, mancha negra na brancura do cais.


AMADO, Jorge. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 25

A
o adjetivo nostálgico autoriza o leitor a inferir que todos os marinheiros eram nostálgicos.
B
as ações expressas pelas formas verbais atracaram, trabalharam e cantou nunca foram realizadas, ideia marcada linguisticamente pela palavra não.
C
as ações expressas pelas formas verbais atracaram, trabalharam e cantou já foram realizadas um dia, ideia marcada linguisticamente pela palavra mais.
D
a oração que iam partir carregados autoriza o leitor a inferir que todos os veleiros partiriam carregados.
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UFRN 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando os contextos de produção, os propósitos comunicativos dominantes no Texto 1 e no Texto 3 são, respectivamente,

A
analisar, em primeira pessoa, por meio de uma linguagem exclusivamente conotativa, um acidente de carro; e mostrar objetivamente os índices alarmantes de infrações de trânsito no Rio de Janeiro.
B
caracterizar minuciosamente o rito de passagem para a vida adulta, na sociedade contemporânea, por meio de uma linguagem essencialmente conotativa; e alertar para o número alarmante de multas por excesso de velocidade no Rio de Janeiro.
C
explicar, de maneira irônica, como o comportamento das sociedades indígenas e das sociedades de concreto e asfalto assemelham-se; e conscientizar os leitores da necessidade do cumprimento das leis de trânsito no Rio de Janeiro.
D
promover uma reflexão sobre o comportamento antissocial do jovem brasileiro em relação ao uso de carros, quando ele atinge a maioridade; e mostrar os percentuais de infrações de trânsito no Rio de Janeiro.
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UFRN 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assassinato a 4 rodas

Matheus Pichonelli

Nas sociedades indígenas, a passagem para a vida adulta é um grande evento. Muitas vezes os rituais são marcados por testes que envolvem dor e paciência, como acontece nas tribos sateré-mawé, que vivem entre o Amazonas e o Pará. Ali, antes de se tornarem homens, os indiozinhos são obrigados a colocar a mão numa luva tomada por formigas tucandeiras. Se resistir 15 minutos, será homem.
Nas aldeias de concreto e asfalto, o batismo para a maioridade coincide com o momento em que deixamos de ser bípedes e nos tornamos quadrúpedes, numa espécie de salto na linha evolutiva. O ritual acontece entre os 17 e 18 anos, quando os anciãos nos levam para os arrebaldes da cidade e emprestam as chaves dos seus carros. A instrução é mínima: engata aqui, coloca o pé ali (quando já alcançamos os pedais), olha sempre para o retrovisor. Numa conversão mágica entre líquidos arrancados do seio da terra (ou da camada de pré -sal) e a atmosfera de gás carbônico, passamos finalmente a andar com as próprias rodas.
A sensação de liberdade é concluída meses depois, quando pagamos para que alguém nos ensine educação no trânsito. Para alguns, é como tirar porte de arma, embora alguns prefiram retirar o documento no mercado clandestino – porque uma das características do bom quadrúpede é a pressa. Seja como for, a ideia de liberdade tem lá sua relação com as luvas das tucandeiras. A diferença é que as picadas levam mais de 15 minutos: ―Se passar na faculdade, compro um desses pra você‖. Ou: ―Empresto o meu desde que você passe de ano‖. Ou: ―Compro, empresto, financio pra você, desde que você desfile na rua do vizinho.
Quando nos tornamos quadrúpedes, ganhamos acesso a eventos e lugares que nos pareciam distantes até os 18 anos, como motéis, clubes e baladas. Já não precisamos combinar horários de saída ou chegada. Nem esperar a reabertura do metrô às quatro e meia da manhã. A liberdade de ir e vir é conquistada, dessa forma, por um novo contrato social, selado a partir da benevolência (e patrocínio) dos pais. Aos 18 anos, aprendemos a ser livres antes mesmo de saber lavar as próprias meias.
Quadrúpedes de carteirinha, passamos finalmente a atuar no papel que esperam de nós. Num tempo de diálogos truncados, em que a polifonia de vozes na multidão anula os traços da personalidade que grita, lotamos de adesivos e rodas rebaixadas os automóveis que falarão por nós. Já não protestamos; buzinamos. Não corremos; aceleramos. Não agredimos; damos cavalos de pau. Cada um a seu jeito, para se fazer notar na multidão que se espreme em espaços cada vez mais reduzidos nas mesmas ruas, as mesmas zebras que protegem os bípedes e suas limitadas ideias sobre liberdade.
Para ser quadrúpede, vale a pena deixar de comer, beber, viajar (ironia) para finan ciar o carro zero. Há, do lado de fora, uma indústria automobilística que entope, com benefícios governamentais, nossas ruas e povoam nossos fetiches: até 2014, haverá um carro para cada 4 habitantes no Brasil, embora, no mesmo País, apenas uma a cada duas pessoas tenha acesso a esgoto. As ruas não se multiplicam com a mesma velocidade das esteiras rolantes, mas a ideia de transporte coletivo é quase um retorno à idade média: por que colocar 60 bípedes num mesmo ônibus se eles podem se multiplicar, no conforto do ar condicionado, em 60 quadrúpedes solitários?
Na passagem pela maioridade, o ensinamento nada tem a ver com espaço, e sim com conquista. As patas são quatro, mas o bem é individual – à imagem e semelhança de seus donos. Tanto que, em alguns casos, já não se sabe quem é quem: ao deixar as quatro rodas, há quem siga andando de quatro, como o caso do dono do Camaro que atropelou duas mulheres e bateu em pelo menos dois carros na volta da balada, num saldo de quatro feridos e um morto.
Veloz e furioso, só parou no último acidente, quando voou direto para a delegacia e foi socorrido pelo papai, que bancou os 245 mil reais de fiança. Quadrúpede que é quadrúpede não fica mais de três dias na prisão.

Disponível em: <www.cartacapital.com.br/sociedade/assassinato-a-4-rodas/> . Acesso em: 7 jul. 2012.

Texto 2






Confrontando-se os textos 1, 2 e 3, é correto afirmar que 

O TRAPICHE


SOB A LUA, NUM VELHO TRAPICHE ABANDONADO, as crianças dormem. Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do trapiche as ondas ora se rebentavam fragorosas, ora vinham se bater mansamente. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas crianças repousam agora, iluminadas por uma réstia amarela de lua. Desta ponte saíram inúmeros veleiros carregados, alguns eram enormes e pintados de estranhas cores, para a aventura das travessias marítimas. Aqui vinham encher os porões e atracavam nesta ponte de tábuas, hoje comidas. Antigamente diante do trapiche se estendia o mistério do mar oceano, as noites diante dele eram de um verde escuro, quase negras, daquela cor misteriosa que é a cor do mar à noite. Hoje a noite é alva em frente ao trapiche. É que na sua frente se estende agora o areal do cais do porto. Por baixo da ponte não há mais rumor de ondas. A areia invadiu tudo, fez o mar recuar de muitos metros. Aos poucos, lentamente, a areia foi conquistando a frente do trapiche. Não mais atracaram na sua ponte os veleiros que iam partir carregados. Não mais trabalharam ali os negros musculosos que vieram da escravatura. Não mais cantou na velha ponte uma canção um marinheiro nostálgico. A areia se estendeu muito alva em frente ao trapiche. E nunca mais encheram de fardos, de sacos, de caixões, o imenso casarão. Ficou abandonado em meio ao areal, mancha negra na brancura do cais.


AMADO, Jorge. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 25

A
o Texto 2 apresenta marcas linguísticas que caracterizam o modo de falar de um grupo social específico, ao contrário do Texto 1 e do Texto 3.
B
o Texto 1 apresenta uma composição híbrida que mescla aspectos formais e estilísticos, ao contrário do Texto 2 e do Texto 3.
C
a linguagem empregada e as informações veiculadas constroem, nos três textos, a imagem do jovem irresponsável.
D
os três textos terão a mesma eficácia se utilizados, isoladamente, em campanhas contra o ato de dirigir alcoolizado.
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UFRN 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Os quadrúpedes são caracterizados por

Assassinato a 4 rodas

Matheus Pichonelli

Nas sociedades indígenas, a passagem para a vida adulta é um grande evento. Muitas vezes os rituais são marcados por testes que envolvem dor e paciência, como acontece nas tribos sateré-mawé, que vivem entre o Amazonas e o Pará. Ali, antes de se tornarem homens, os indiozinhos são obrigados a colocar a mão numa luva tomada por formigas tucandeiras. Se resistir 15 minutos, será homem.
Nas aldeias de concreto e asfalto, o batismo para a maioridade coincide com o momento em que deixamos de ser bípedes e nos tornamos quadrúpedes, numa espécie de salto na linha evolutiva. O ritual acontece entre os 17 e 18 anos, quando os anciãos nos levam para os arrebaldes da cidade e emprestam as chaves dos seus carros. A instrução é mínima: engata aqui, coloca o pé ali (quando já alcançamos os pedais), olha sempre para o retrovisor. Numa conversão mágica entre líquidos arrancados do seio da terra (ou da camada de pré -sal) e a atmosfera de gás carbônico, passamos finalmente a andar com as próprias rodas.
A sensação de liberdade é concluída meses depois, quando pagamos para que alguém nos ensine educação no trânsito. Para alguns, é como tirar porte de arma, embora alguns prefiram retirar o documento no mercado clandestino – porque uma das características do bom quadrúpede é a pressa. Seja como for, a ideia de liberdade tem lá sua relação com as luvas das tucandeiras. A diferença é que as picadas levam mais de 15 minutos: ―Se passar na faculdade, compro um desses pra você‖. Ou: ―Empresto o meu desde que você passe de ano‖. Ou: ―Compro, empresto, financio pra você, desde que você desfile na rua do vizinho.
Quando nos tornamos quadrúpedes, ganhamos acesso a eventos e lugares que nos pareciam distantes até os 18 anos, como motéis, clubes e baladas. Já não precisamos combinar horários de saída ou chegada. Nem esperar a reabertura do metrô às quatro e meia da manhã. A liberdade de ir e vir é conquistada, dessa forma, por um novo contrato social, selado a partir da benevolência (e patrocínio) dos pais. Aos 18 anos, aprendemos a ser livres antes mesmo de saber lavar as próprias meias.
Quadrúpedes de carteirinha, passamos finalmente a atuar no papel que esperam de nós. Num tempo de diálogos truncados, em que a polifonia de vozes na multidão anula os traços da personalidade que grita, lotamos de adesivos e rodas rebaixadas os automóveis que falarão por nós. Já não protestamos; buzinamos. Não corremos; aceleramos. Não agredimos; damos cavalos de pau. Cada um a seu jeito, para se fazer notar na multidão que se espreme em espaços cada vez mais reduzidos nas mesmas ruas, as mesmas zebras que protegem os bípedes e suas limitadas ideias sobre liberdade.
Para ser quadrúpede, vale a pena deixar de comer, beber, viajar (ironia) para finan ciar o carro zero. Há, do lado de fora, uma indústria automobilística que entope, com benefícios governamentais, nossas ruas e povoam nossos fetiches: até 2014, haverá um carro para cada 4 habitantes no Brasil, embora, no mesmo País, apenas uma a cada duas pessoas tenha acesso a esgoto. As ruas não se multiplicam com a mesma velocidade das esteiras rolantes, mas a ideia de transporte coletivo é quase um retorno à idade média: por que colocar 60 bípedes num mesmo ônibus se eles podem se multiplicar, no conforto do ar condicionado, em 60 quadrúpedes solitários?
Na passagem pela maioridade, o ensinamento nada tem a ver com espaço, e sim com conquista. As patas são quatro, mas o bem é individual – à imagem e semelhança de seus donos. Tanto que, em alguns casos, já não se sabe quem é quem: ao deixar as quatro rodas, há quem siga andando de quatro, como o caso do dono do Camaro que atropelou duas mulheres e bateu em pelo menos dois carros na volta da balada, num saldo de quatro feridos e um morto.
Veloz e furioso, só parou no último acidente, quando voou direto para a delegacia e foi socorrido pelo papai, que bancou os 245 mil reais de fiança. Quadrúpede que é quadrúpede não fica mais de três dias na prisão.

Disponível em: <www.cartacapital.com.br/sociedade/assassinato-a-4-rodas/> . Acesso em: 7 jul. 2012.
A
ampliarem a capacidade de convívio social, preocuparem-se com o culto exacerbado à individualidade e adotarem maneiras excêntricas de manifestar suas ideias. 
B
conquistarem, bem cedo, a independência em relação aos pais; renderem -se à febre do consumismo e serem originais na sua forma de protesto contra os poderes estabelecidos na sociedade. 
C
aderirem a um novo modelo social, sem vínculos com os pais; repudiarem a ideia de individualidade e resgatarem a capacidade de diálogo perdida na atualidade. 
D
considerarem a posse do carro como um marco na trajetória do desenvolvimento pessoal; renderem-se ao fetiche da posse do carro novo e adotarem outros signos, que não a palavra, para expor suas ideias.
E


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UFRN 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para construir o ponto de vista sobre o tema, o autor do Texto 1

Assassinato a 4 rodas

Matheus Pichonelli

Nas sociedades indígenas, a passagem para a vida adulta é um grande evento. Muitas vezes os rituais são marcados por testes que envolvem dor e paciência, como acontece nas tribos sateré-mawé, que vivem entre o Amazonas e o Pará. Ali, antes de se tornarem homens, os indiozinhos são obrigados a colocar a mão numa luva tomada por formigas tucandeiras. Se resistir 15 minutos, será homem.
Nas aldeias de concreto e asfalto, o batismo para a maioridade coincide com o momento em que deixamos de ser bípedes e nos tornamos quadrúpedes, numa espécie de salto na linha evolutiva. O ritual acontece entre os 17 e 18 anos, quando os anciãos nos levam para os arrebaldes da cidade e emprestam as chaves dos seus carros. A instrução é mínima: engata aqui, coloca o pé ali (quando já alcançamos os pedais), olha sempre para o retrovisor. Numa conversão mágica entre líquidos arrancados do seio da terra (ou da camada de pré -sal) e a atmosfera de gás carbônico, passamos finalmente a andar com as próprias rodas.
A sensação de liberdade é concluída meses depois, quando pagamos para que alguém nos ensine educação no trânsito. Para alguns, é como tirar porte de arma, embora alguns prefiram retirar o documento no mercado clandestino – porque uma das características do bom quadrúpede é a pressa. Seja como for, a ideia de liberdade tem lá sua relação com as luvas das tucandeiras. A diferença é que as picadas levam mais de 15 minutos: ―Se passar na faculdade, compro um desses pra você‖. Ou: ―Empresto o meu desde que você passe de ano‖. Ou: ―Compro, empresto, financio pra você, desde que você desfile na rua do vizinho.
Quando nos tornamos quadrúpedes, ganhamos acesso a eventos e lugares que nos pareciam distantes até os 18 anos, como motéis, clubes e baladas. Já não precisamos combinar horários de saída ou chegada. Nem esperar a reabertura do metrô às quatro e meia da manhã. A liberdade de ir e vir é conquistada, dessa forma, por um novo contrato social, selado a partir da benevolência (e patrocínio) dos pais. Aos 18 anos, aprendemos a ser livres antes mesmo de saber lavar as próprias meias.
Quadrúpedes de carteirinha, passamos finalmente a atuar no papel que esperam de nós. Num tempo de diálogos truncados, em que a polifonia de vozes na multidão anula os traços da personalidade que grita, lotamos de adesivos e rodas rebaixadas os automóveis que falarão por nós. Já não protestamos; buzinamos. Não corremos; aceleramos. Não agredimos; damos cavalos de pau. Cada um a seu jeito, para se fazer notar na multidão que se espreme em espaços cada vez mais reduzidos nas mesmas ruas, as mesmas zebras que protegem os bípedes e suas limitadas ideias sobre liberdade.
Para ser quadrúpede, vale a pena deixar de comer, beber, viajar (ironia) para finan ciar o carro zero. Há, do lado de fora, uma indústria automobilística que entope, com benefícios governamentais, nossas ruas e povoam nossos fetiches: até 2014, haverá um carro para cada 4 habitantes no Brasil, embora, no mesmo País, apenas uma a cada duas pessoas tenha acesso a esgoto. As ruas não se multiplicam com a mesma velocidade das esteiras rolantes, mas a ideia de transporte coletivo é quase um retorno à idade média: por que colocar 60 bípedes num mesmo ônibus se eles podem se multiplicar, no conforto do ar condicionado, em 60 quadrúpedes solitários?
Na passagem pela maioridade, o ensinamento nada tem a ver com espaço, e sim com conquista. As patas são quatro, mas o bem é individual – à imagem e semelhança de seus donos. Tanto que, em alguns casos, já não se sabe quem é quem: ao deixar as quatro rodas, há quem siga andando de quatro, como o caso do dono do Camaro que atropelou duas mulheres e bateu em pelo menos dois carros na volta da balada, num saldo de quatro feridos e um morto.
Veloz e furioso, só parou no último acidente, quando voou direto para a delegacia e foi socorrido pelo papai, que bancou os 245 mil reais de fiança. Quadrúpede que é quadrúpede não fica mais de três dias na prisão.

Disponível em: <www.cartacapital.com.br/sociedade/assassinato-a-4-rodas/> . Acesso em: 7 jul. 2012.
A
faz uma alusão histórica a costumes de tribos indígenas da região amazônica, no intuito de esclarecer um fato.
B
estabelece uma comparação entre duas realidades sociais distintas, no intuito de, metaforicamente, aproximá-las.
C
recorre a citações diretas, no intuito de, por meio do argumento de autoridade, legitimar afirmações do texto.
D
refuta, explicitamente, pontos de vista, no intuito de negar uma visão dominante na sociedade contemporânea.
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UFRN 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A questão 4 refere-se ao Texto 2, uma peça da campanha educativa para o carnaval de 2011. Essa campanha foi promovida pelo Ministério das Cidades e teve circulação restrita aos bares de três capitais: Recife, Rio de Janeiro e Salvador.


Texto 2



Disponível em: <www.eusoulegalnotransito.com.br>. Acesso em: 6 jul. 2012. [Adaptado]


Sobre a linguagem do Texto 2, é correto afirmar que

Assassinato a 4 rodas

Matheus Pichonelli

Nas sociedades indígenas, a passagem para a vida adulta é um grande evento. Muitas vezes os rituais são marcados por testes que envolvem dor e paciência, como acontece nas tribos sateré-mawé, que vivem entre o Amazonas e o Pará. Ali, antes de se tornarem homens, os indiozinhos são obrigados a colocar a mão numa luva tomada por formigas tucandeiras. Se resistir 15 minutos, será homem.
Nas aldeias de concreto e asfalto, o batismo para a maioridade coincide com o momento em que deixamos de ser bípedes e nos tornamos quadrúpedes, numa espécie de salto na linha evolutiva. O ritual acontece entre os 17 e 18 anos, quando os anciãos nos levam para os arrebaldes da cidade e emprestam as chaves dos seus carros. A instrução é mínima: engata aqui, coloca o pé ali (quando já alcançamos os pedais), olha sempre para o retrovisor. Numa conversão mágica entre líquidos arrancados do seio da terra (ou da camada de pré -sal) e a atmosfera de gás carbônico, passamos finalmente a andar com as próprias rodas.
A sensação de liberdade é concluída meses depois, quando pagamos para que alguém nos ensine educação no trânsito. Para alguns, é como tirar porte de arma, embora alguns prefiram retirar o documento no mercado clandestino – porque uma das características do bom quadrúpede é a pressa. Seja como for, a ideia de liberdade tem lá sua relação com as luvas das tucandeiras. A diferença é que as picadas levam mais de 15 minutos: ―Se passar na faculdade, compro um desses pra você‖. Ou: ―Empresto o meu desde que você passe de ano‖. Ou: ―Compro, empresto, financio pra você, desde que você desfile na rua do vizinho.
Quando nos tornamos quadrúpedes, ganhamos acesso a eventos e lugares que nos pareciam distantes até os 18 anos, como motéis, clubes e baladas. Já não precisamos combinar horários de saída ou chegada. Nem esperar a reabertura do metrô às quatro e meia da manhã. A liberdade de ir e vir é conquistada, dessa forma, por um novo contrato social, selado a partir da benevolência (e patrocínio) dos pais. Aos 18 anos, aprendemos a ser livres antes mesmo de saber lavar as próprias meias.
Quadrúpedes de carteirinha, passamos finalmente a atuar no papel que esperam de nós. Num tempo de diálogos truncados, em que a polifonia de vozes na multidão anula os traços da personalidade que grita, lotamos de adesivos e rodas rebaixadas os automóveis que falarão por nós. Já não protestamos; buzinamos. Não corremos; aceleramos. Não agredimos; damos cavalos de pau. Cada um a seu jeito, para se fazer notar na multidão que se espreme em espaços cada vez mais reduzidos nas mesmas ruas, as mesmas zebras que protegem os bípedes e suas limitadas ideias sobre liberdade.
Para ser quadrúpede, vale a pena deixar de comer, beber, viajar (ironia) para finan ciar o carro zero. Há, do lado de fora, uma indústria automobilística que entope, com benefícios governamentais, nossas ruas e povoam nossos fetiches: até 2014, haverá um carro para cada 4 habitantes no Brasil, embora, no mesmo País, apenas uma a cada duas pessoas tenha acesso a esgoto. As ruas não se multiplicam com a mesma velocidade das esteiras rolantes, mas a ideia de transporte coletivo é quase um retorno à idade média: por que colocar 60 bípedes num mesmo ônibus se eles podem se multiplicar, no conforto do ar condicionado, em 60 quadrúpedes solitários?
Na passagem pela maioridade, o ensinamento nada tem a ver com espaço, e sim com conquista. As patas são quatro, mas o bem é individual – à imagem e semelhança de seus donos. Tanto que, em alguns casos, já não se sabe quem é quem: ao deixar as quatro rodas, há quem siga andando de quatro, como o caso do dono do Camaro que atropelou duas mulheres e bateu em pelo menos dois carros na volta da balada, num saldo de quatro feridos e um morto.
Veloz e furioso, só parou no último acidente, quando voou direto para a delegacia e foi socorrido pelo papai, que bancou os 245 mil reais de fiança. Quadrúpede que é quadrúpede não fica mais de três dias na prisão.

Disponível em: <www.cartacapital.com.br/sociedade/assassinato-a-4-rodas/> . Acesso em: 7 jul. 2012.
A
o tom de informalidade e a exploração dos vários sentidos do verbo pegar prejudicam a eficácia do propósito comunicativo, pois comprometem a coerência.
B
o tom de informalidade e o uso de elementos verbais e não verbais colaboram para a eficácia do propósito comunicativo, uma vez que estão adequados ao público-alvo.
C
os elementos verbais contribuem para a eficácia do propósito comunicativo, entretanto os não verbais não se relacionam com o tema do texto.
D
os elementos verbais colaboram para a eficácia do propósito comunicativo, embora haja infrações à norma padrão da língua portuguesa que não se justificam.
4a82125f-df
UFRN 2012 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

É correto afirmar que o Texto 1

Assassinato a 4 rodas

Matheus Pichonelli

Nas sociedades indígenas, a passagem para a vida adulta é um grande evento. Muitas vezes os rituais são marcados por testes que envolvem dor e paciência, como acontece nas tribos sateré-mawé, que vivem entre o Amazonas e o Pará. Ali, antes de se tornarem homens, os indiozinhos são obrigados a colocar a mão numa luva tomada por formigas tucandeiras. Se resistir 15 minutos, será homem.
Nas aldeias de concreto e asfalto, o batismo para a maioridade coincide com o momento em que deixamos de ser bípedes e nos tornamos quadrúpedes, numa espécie de salto na linha evolutiva. O ritual acontece entre os 17 e 18 anos, quando os anciãos nos levam para os arrebaldes da cidade e emprestam as chaves dos seus carros. A instrução é mínima: engata aqui, coloca o pé ali (quando já alcançamos os pedais), olha sempre para o retrovisor. Numa conversão mágica entre líquidos arrancados do seio da terra (ou da camada de pré -sal) e a atmosfera de gás carbônico, passamos finalmente a andar com as próprias rodas.
A sensação de liberdade é concluída meses depois, quando pagamos para que alguém nos ensine educação no trânsito. Para alguns, é como tirar porte de arma, embora alguns prefiram retirar o documento no mercado clandestino – porque uma das características do bom quadrúpede é a pressa. Seja como for, a ideia de liberdade tem lá sua relação com as luvas das tucandeiras. A diferença é que as picadas levam mais de 15 minutos: ―Se passar na faculdade, compro um desses pra você‖. Ou: ―Empresto o meu desde que você passe de ano‖. Ou: ―Compro, empresto, financio pra você, desde que você desfile na rua do vizinho.
Quando nos tornamos quadrúpedes, ganhamos acesso a eventos e lugares que nos pareciam distantes até os 18 anos, como motéis, clubes e baladas. Já não precisamos combinar horários de saída ou chegada. Nem esperar a reabertura do metrô às quatro e meia da manhã. A liberdade de ir e vir é conquistada, dessa forma, por um novo contrato social, selado a partir da benevolência (e patrocínio) dos pais. Aos 18 anos, aprendemos a ser livres antes mesmo de saber lavar as próprias meias.
Quadrúpedes de carteirinha, passamos finalmente a atuar no papel que esperam de nós. Num tempo de diálogos truncados, em que a polifonia de vozes na multidão anula os traços da personalidade que grita, lotamos de adesivos e rodas rebaixadas os automóveis que falarão por nós. Já não protestamos; buzinamos. Não corremos; aceleramos. Não agredimos; damos cavalos de pau. Cada um a seu jeito, para se fazer notar na multidão que se espreme em espaços cada vez mais reduzidos nas mesmas ruas, as mesmas zebras que protegem os bípedes e suas limitadas ideias sobre liberdade.
Para ser quadrúpede, vale a pena deixar de comer, beber, viajar (ironia) para finan ciar o carro zero. Há, do lado de fora, uma indústria automobilística que entope, com benefícios governamentais, nossas ruas e povoam nossos fetiches: até 2014, haverá um carro para cada 4 habitantes no Brasil, embora, no mesmo País, apenas uma a cada duas pessoas tenha acesso a esgoto. As ruas não se multiplicam com a mesma velocidade das esteiras rolantes, mas a ideia de transporte coletivo é quase um retorno à idade média: por que colocar 60 bípedes num mesmo ônibus se eles podem se multiplicar, no conforto do ar condicionado, em 60 quadrúpedes solitários?
Na passagem pela maioridade, o ensinamento nada tem a ver com espaço, e sim com conquista. As patas são quatro, mas o bem é individual – à imagem e semelhança de seus donos. Tanto que, em alguns casos, já não se sabe quem é quem: ao deixar as quatro rodas, há quem siga andando de quatro, como o caso do dono do Camaro que atropelou duas mulheres e bateu em pelo menos dois carros na volta da balada, num saldo de quatro feridos e um morto.
Veloz e furioso, só parou no último acidente, quando voou direto para a delegacia e foi socorrido pelo papai, que bancou os 245 mil reais de fiança. Quadrúpede que é quadrúpede não fica mais de três dias na prisão.

Disponível em: <www.cartacapital.com.br/sociedade/assassinato-a-4-rodas/> . Acesso em: 7 jul. 2012.
A
apresenta fatos de natureza essencialmente ficcional.
B
caracteriza-se por tão somente registrar acontecimentos do cotidiano.
C
apresenta uma interpretação subjetiva de fatos do cotidiano.
D
caracteriza-se por circular exclusivamente no meio jornalístico.
33f65fd0-dc
UFRN 2011 - Português - Interpretação de Textos, Funções da Linguagem: emotiva, apelativa, referencial, metalinguística, fática e poética., Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Os trechos abaixo são as frases iniciais de crônicas de Luís Fernando Veríssimo presentes no livro Comédias para se ler na escola. Identifique em qual deles há um tratamento metalinguístico.

A
“Sou fascinado pela linguagem náutica, embora minha experiência no mar se resuma a algumas passagens em transatlânticos, onde a única linguagem técnica que você precisa saber é “a que horas servem o bufê?” (“O jargão”, p. 67)
B
“Esta idéia para um conto de terror é tão terrível que, logo depois de tê -la, me arrependi. Mas já estava tida, não adiantava mais. Você, leitor, no entanto, tem uma escolha. Pode parar aqui, e se poupar, ou ler até o fim e provavelmente nunca mais dormir.” (“Sozinhos”, p. 33)
C
“Sandrinha nunca esqueceu o seu primeiro dia na redação. Os olhares que recebeu quando se encaminhou para a mesa do editor. De curiosidade. De superioridade . Ou apenas indiferença. Do editor não recebeu olhar nenhum.” (“A novata”, p. 79)
D
“Quando a gente aprende a ler, as letras, nos livros, são grandes. Nas cartilhas – pelo menos nas cartilhas do meu tempo – as letras eram enormes. Lá estava o A, como uma grande tenda. O B, com seu grande busto e sua barriga ainda maior.” (“ABC”, p. 113)
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UFRN 2011 - Português - Interpretação de Textos, Uso das reticências, Pontuação, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observando os elementos estilístico-formais do poema, que se configura como um soneto, é correto afirmar que


A
a terceira estrofe, por ser terminada em reticências, sugere o tom indignado do poema.
B
a construção baseada em oposições entre o corpo e a alma reflete o aspecto ambíguo do menino morto.
C
a última estrofe traz uma conclusão que permite relacionar o par corpo-coração à oposição cantinho agreste-vale ameno.
D
a grande variedade de sinais de pontuação imprime ao poema um caráter de modernidade.
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Leia o fragmento abaixo, retirado do livro Negrinha, de Monteiro Lobato:

Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:

Anjo adorado!
Amo-lhe!

P...

LOBATO, Monteiro. Negrinha, São Paulo: Globo, 2008. p. 114.


Neste bilhete, escrito pelo pai da personagem central do conto “O colocador de pronomes”, há uma utilização indevida do pronome “lhe”, na visão normativa da língua apresentada no conto. Tal equívoco faz com que Aldrovando Cantagalo se considere fruto de um “erro de gramática” e passe a

A
expressar seu horror pelas normas.
B
proteger seu estilo individual.
C
pregar a reforma da gramática.
D
defender a correção linguística.
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UFRN 2011 - Português - Interpretação de Textos, Redação - Reescritura de texto, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A sequência ao lado faz parte do roteiro de adaptação de Memórias póstumas de Brás Cubas para os quadrinhos. O fragmento textual do Capítulo VII que corresponde à sequência ao lado é:


A
“Tentei falar, mas apenas pude grunhir esta pergunta ansiosa:

- Onde estamos?

- Já passamos o Éden.

- Bem; paremos na tenda de Abraão.

- Mas se nós caminhamos para trás! redarguiu motejando a minha cavalgadura.” (p. 26)
B
“Deixei-me ir, calado, não sei se por medo ou confiança; mas, dentro em pouco, a carreira de tal modo se tornou vertiginosa, que me atrevi a interrogá-lo, e com tal arte lhe disse que a viagem me parecia sem destino.

- Engana-se, replicou o animal, nós vamos à origem dos séculos.” (p. 25)
C
“Como ia de olhos fechados, não via o caminho; Lembra-me só que a sensação de frio aumentava com a jornada, e que chegou uma ocasião em que me pareceu entrar na região dos gelos eternos.” (p. 25).
D
Com efeito, abri os olhos e vi que o meu animal galopava numa planície branca de neve, com uma ou outra montanha de neve, vegetação de neve, e vários animais grandes de neve.” (p. 26)
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Leia o texto abaixo, transcrito do capítulo “O primeiro beijo”, de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico, – uma pérola.

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 27. ed. São Paulo: Ática,1999. p. 40.


A partir desta passagem, é correto afirmar que

A
Marcela, diferentemente das figuras femininas típicas do Romantismo, tinha uma visão idealizada do amor.
B
o narrador do romance faz elogios a Marcela ao afirmar que ela não possui a inocência rústica e que é uma mulher luxuosa.
C
a relação entre Marcela e Xavier é um exemplo da visão de amor que predomina no romance.
D
Brás Cubas teve grandes dificuldades para conquistar Marcela, uma vez que ela estava apaixonada por Xavier.
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A passagem abaixo é extraída do capítulo “Das negativas”, de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência de Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: – Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. 

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 27. ed. São Paulo: Ática,1999. p. 176.


Neste capítulo, Brás Cubas faz uma espécie de balanço de sua existência, em que  

A
demonstra tristeza por não ter conseguido um saldo positivo em sua vida.
B
lamenta suas dificuldades e o fato de não ter tido sucesso em sua vida.
C
orgulha-se por não ter deixado filhos para herdarem a infelicidade humana.
D
desculpa-se pelo fato de não ter suportado o sofrimento como seus amigos.
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O livro Comédias para se ler na escola, de Luís Fernando Veríssimo, pode ser considerado um livro de crônicas porque seus textos

A
abordam situações cotidianas com uma linguagem simples.
B
apresentam com humor temas fundamentais da história do país.
C
retratam fatos históricos com uma linguagem sóbria.
D
registram, com uma linguagem formal, temas do dia a dia.
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A avareza da personagem central da peça O santo e a porca está representada na seguinte fala:

A
“Não gosto desses criminosos que prejudicam os outros e depois vêm pedir desculpas! Você sabia que ela não era sua, não devia ter tocado nela!” (p. 137)
B
“Margarida, você quer me desmoralizar? Sustente o pudor, Margarida! Olhe o recato, Margarida!” (p. 64)
C
“Trancarei a porta e não abrirei mais para ninguém. Porque não quero ficar mais num mundo em que acontecem estas coisas impossíveis de prever.” (p. 151)
D
“Eudoro Vicente pensa que, pelo simples fato de ter hospedado minha filha, eu estou obrigado a hospedá-lo?” (p. 39)
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O enredo da peça O santo e a porca, de Ariano Suassuna, é recheado de mal-entendidos. Um dos principais deriva-se da interpretação equivocada que Euricão faz da carta que Eudoro lhe envia. Nessa carta, lê-se:


“Mando na frente meu criado Pinhão, homem de toda confiança para avisá-lo de minha chegada aí. Mas quero logo avisá-lo: pretendo privá-lo de seu mais precioso tesouro!” (p. 39-40)


A confusão se estabelece devido a um problema de interpretação da expressão “precioso tesouro”, pois, para

A
Euricão, seu tesouro se resume no que é guardado na porca.
B
Eudoro, a filha do amigo traria um dote muito valioso para o casamento.
C
Eudoro, o tesouro do amigo é uma lenda que precisa ser desvendada.
D
Euricão, sua filha era uma oportunidade de conseguir um tesouro.
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UFRN 2011 - Português - Interpretação de Textos, Pronomes pessoais oblíquos, Conjunções: Relação de causa e consequência, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

No texto,


A
o termo “o” nas expressões “o tomam da essa, e o levantam, e o descem” (linha 5), retoma a palavra “cadáver” (linha 2).
B
a ausência de conjunção, marcadamente no primeiro período, não compromete o seu conteúdo semântico.
C
os verbos empregados no texto sugerem que a cena descrita caracteriza-se pela ausência de ações por parte dos envolvidos no evento do velório.
D
o uso da linguagem informal por parte do autor é adequado à cena apresentada, pois ressalta a solenidade característica do ritual fúnebre.
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As escolhas lexicais presentes no texto permitem afirmar que


A
“o rodar do coche, o rodar dos carros, um a um...” (linha 7 e 8) expressam a chegada repetida e contínua dos convidados para o velório.
B
“veludo preto nos portais” (linha 1), “tocheiros” (linha 2), “coche fúnebre” (linha 7) expressam a contemporaneidade do velório descrito.
C
“padre e sacristão, rezas, aspersões d´água benta” (linha 4) sinalizam uma prática religiosa de orientação cristã por parte da família.
D
“convites” e “convidados” (linhas 2 e 3) são incoerentes com o evento do velório apresentado por remeterem a uma situação de festividade.
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Da leitura do poema “Mistério”, de Auta de Souza, conclui-se que


A
o coração de Alberto, para o “eu lírico”, não merece o mesmo destino do corpo.
B
a alma de Alberto, pura, sobe ao Céu e seu corpo, impuro, desce à terra.
C
o céu não recebe o coração de Alberto porque ele vinha de um corpo impuro.
D
a fala do “eu lírico” tem como interlocutor o próprio coração de Alberto.
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Considerando-se a progressão do tema apresentado no texto 5,


A
a ausência de elementos coesivos compromete a articulação entre as estrofes e, por isso, o tema se apresenta de maneira fragmentada.
B
ao longo das estrofes, existe uma contradição entre as necessidades do povo de São Saruê e o que a natureza lhe proporciona em termos de alimentação.
C
a relação entre as estrofes possibilita uma articulação entre as características do povo e as do lugar onde ele vive.
D
ao longo das estrofes, é construída a imagem de um povo preguiçoso, que prefere não trabalhar, pois a natureza tudo lhe proporciona.