Questõesde UNIFESP sobre Interpretação de Textos

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Foram encontradas 250 questões
45cf7c24-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos

O trecho a seguir é o início do penúltimo capítulo de A Cidade e as Serras

.
E agora, entre roseiras que rebentam, e vinhas que se vindimam, já cinco anos passaram sobre Tormes e a serra. O meu príncipe já não é o último Jacinto, Jacinto ponto final – porque naquele solar que decaíra, correm agora, com soberba vida, uma gorda e vermelha Teresinha, minha afilhada, e um Jacintinho, senhor muito da minha amizade. E, pai de família, principiara a fazer-se monótono, pela perfeição da beleza moral, aquele homem tão pitoresco pela inquietação filosófica, e pelos variados tormentos da fantasia insaciada. Quando ele agora, bom sabedor das coisas da lavoura, percorria comigo a quinta, em sólidas palestras agrícolas, prudentes e sem quimeras – eu quase lamentava esse outro Jacinto que colhia uma teoria em cada ramo de árvore, e riscando o ar com a bengala, planeava queijeiras de cristal e porcelana, para fabricar queijinhos que custariam mil réis cada um!

Pelas considerações de Zé Fernandes apresentadas no trecho, é correto afirmar que Jacinto

Instrução: As questões de números 08 a 12 baseiam-se no trecho de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós.

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A
assumiu um estilo de vida que diverge daquele concebido em Paris. Malgrado algum senão de Zé Fernandes, o amigo via com bons olhos esse novo Jacinto.
B
formou uma família e se transformou, sem, contudo, abandonar seus preceitos filosóficos tão bem estruturados em Paris, ainda na companhia de Zé Fernandes.
C
teve seu entusiasmo pela modernidade retirada pela família, razão pela qual sofre, o que faz com que Zé Fernandes se lamente pela situação degradante do antigo amigo.
D
resolveu dedicar-se à vida junto à natureza, o que, conforme deixa claro Zé Fernandes, não entra em choque com os ideais intelectuais que os jovens conceberam em Paris.
E
optou por formar uma família longe da cidade e da modernidade. Fica evidente que Zé Fernandes condena com veemência essa opção, que afasta a ambos da intelectualidade.
42c25947-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos

Leia os versos de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.

Eia comboios, eia pontes, eia hotéis à hora do jantar
Eia aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos,
Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar.
Engenhos, brocas, máquinas rotativas!
Eia! eia! eia!

A leitura dos versos, comparativamente ao texto de Eça de Queirós, permite afirmar que

Instrução: As questões de números 08 a 12 baseiam-se no trecho de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós.

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A
traduzem a nova ordem social, rechaçando as modificações advindas do cientificismo, atitude contrária à dos camaradas de Jacinto, que se deslumbravam com a modernidade.
B
apresentam a modernidade numa ótica positivista, fundamentada na observação e experimentação da realidade, o que contraria a visão romântica dos camaradas de Jacinto.
C
expressam, com certa reserva, os adventos da nova ordem social e tecnológica, ficando implícita a ideia dos camaradas de Jacinto, que eram pouco afeitos ao cientificismo.
D
fazem uma apologia da modernidade, de forma semelhante ao entusiasmo dos camaradas de Jacinto, deslumbrados com a nova ordem da vida urbana, social e tecnológica.
E
trazem uma visão apaixonada da realidade, portanto, subjetiva e desprovida da observação e experimentação, atitude comum também aos camaradas de Jacinto.
3d4e0644-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos

Se a civilização era enaltecida por Jacinto, era de se esperar que, para ele, a vida apartada do progresso

Instrução: As questões de números 08 a 12 baseiam-se no trecho de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós.

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A
ficaria consideravelmente limitada, reduzindo-se a prática intelectual.
B
aguçaria a intelectualidade, ampliando a relação do homem com o saber.
C
daria espaço para o real sentido de viver e de tornar-se uma pessoa feliz.
D
equilibraria a relação do homem com o saber, permitindo-lhe ser pleno e feliz.
E
impediria a felicidade do homem, sem, contudo, influenciar a prática intelectual.
35e871fa-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Uso das aspas, Pontuação

Nas duas ocorrências, as aspas indicam que as expressões incorporadas ao texto

Instrução: Leia o texto, para responder às questões de números 03 a 06.

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A
não pertencem ao autor.
B
são coloquialismos
C
estão livres de ambiguidade
D
não são de uso corrente
E
constituem neologismos.
29d69601-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Leia o trecho do poema de Ruth do Carmo, extraído do livro Sobre Vida.

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É correto afirmar que o eu lírico

A
apresenta o tio como um peso à rotina familiar, o que se pode comprovar com os versos Meu tio está velho / e não entende o que se fala / (ouve menos).
B
se reporta à fragilidade do tio e demonstra afeição por ele, o que se comprova com os versos mas está aqui, / ali, sentadinho
C
se distanciou deliberadamente do tio, o que se comprova com os versos às vezes trocamos ideias / (tentamos).
D
tem o tio como uma pessoa atenciosa e cautelosa, o que pode ser comprovado com o verso O meu velho tio olha ao redor.
E
sente que o tio tem pouco interesse pelas pessoas, o que se comprova com os versos e não entende / o que se fala.
2c407cdf-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos, Advérbios, Morfologia

Considere a charge e as afirmações.

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I. O advérbio, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança.

II. Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar inédito no país.

III. Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco sugere o aumento de idosos no país.

Está correto o que se afirma em

A
I apenas.
B
II apenas.
C
I e II apenas.
D
II e III apenas.
E
I, II e III
2e9b27af-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

O texto faz uma crítica ao

Instrução: Leia o texto, para responder às questões de números 03 a 06.

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A
uso inexpressivo de expressões efêmeras e vazias, o que coíbe a prática do oportunismo irresponsável.
B
trabalho social das empresas, que priorizam ações sociais sem utilizarem um marketing adequado.
C
discurso irresponsável das empresas que, na verdade, destoa das práticas daqueles que o proferem.
D
excesso de discursos sobre sustentabilidade e responsabilidade em empresas engajadas em assuntos de natureza social
E
uso indiscriminado do marketing na divulgação da responsabilidade social das empresas.
30f78402-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos

Considerando o ponto de vista do autor, a frase – O que dizer de uma empresa que mal começou a praticar coleta seletiva e já sai por aí se intitulando “sustentável”? – deixa evidente que uma empresa

Instrução: Leia o texto, para responder às questões de números 03 a 06.

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A
pode prescindir do real sentido do termo “sustentável”.
B
já é sustentável, quando começa a fazer coleta seletiva.
C
deve fazer seu marketing desatrelado de sua prática.
D
deve consolidar suas práticas antes de defini-las.
E
começa mal, caso se dedique à coleta seletiva.
338ea197-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

No contexto, as palavras mina e efêmeras assumem, respectivamente, o sentido de

Instrução: Leia o texto, para responder às questões de números 03 a 06.

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A
abala e passageiras.
B
reduz e mensuráveis.
C
altera e transitórias.
D
atenua e perenes
E
reforça e duradouras.
389ba822-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Considere o texto.

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Conforme as informações apresentadas, um título adequado ao texto é:

A
Cai a prática de sexo casual.
B
Mais idade, mais sexo consciente.
C
Mulheres se protegem mais no sexo.
D
Muito sexo, pouca proteção.
E
Sexo em tempos de internet.
3aea2d41-49
UNIFESP 2009 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Conforme o pensamento de Jacinto, que ganhou a forma algébrica desenvolvida por Jorge Calande, a concepção de um homem superiormente feliz envolve

Instrução: As questões de números 08 a 12 baseiam-se no trecho de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós.

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A
a dissimulação da força e da sabedoria.
B
a busca pela simplicidade.
C
o conhecimento e o progresso científico.
D
a dissociação entre progresso e filosofia
E
o distanciamento dos preceitos filosóficos.
1b8a0567-46
UNIFESP 2010 - Português - Interpretação de Textos, Divisão Silábica, Fonologia

Indique a alternativa que identifica corretamente, de modo respectivo, a métrica e a natureza predominante das rimas.

Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 28 a 30.

 De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co’os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

(Chico Buarque. Geni e o zepelim.)

A
Heptassílabos – rima toante.
B
Octossílabos – rima toante.
C
Hexassílabos – rima consoante.
D
Octossílabos – rima consoante
E
Heptassílabos – rima consoante.
19c04e97-46
UNIFESP 2010 - Português - Interpretação de Textos

A partir do início do fragmento selecionado, uma série de versos consecutivos vai caracterizando a personagem Geni numa mesma direção semântica e segundo uma mesma lógica, até que um determinado verso provoca uma ruptura significativa nessa trajetória, criando uma intensa oposição de sentido no poema. Esse verso está transcrito em

Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 28 a 30.

 De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co’os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

(Chico Buarque. Geni e o zepelim.)

A
Dá-se assim desde menina.
B
É a rainha dos detentos
C
Ela é um poço de bondade.
D
Joga pedra na Geni.
E
Ela dá pra qualquer um.
0c1271b7-46
UNIFESP 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considere as seguintes afirmações.

I. A alcunha de mestre-cuca, recebida por Rômulo, advinha do fato de ter praticado, anteriormente, a arte culinária.

II. As agressões e humilhações sofridas por Rômulo eram essencialmente motivadas por sua antipatia.

III. As reações de Rômulo às provocações dos colegas variavam conforme as circunstâncias.

De acordo com o texto, está correto o que se afirma apenas em

Instrução: As questões de números 21 a 24 tomam por base o fragmento seguinte.
 
 As provocações no recreio eram frequentes, oriundas do enfado; irritadiços todos como feridas; os inspetores a cada passo precisavam intervir em conflitos; as importunações andavam em busca das suscetibilidades; as suscetibilidades a procurar a sarna das importunações. Viam de joelhos o Franco, puxavamlhe os cabelos. Viam Rômulo passar, lançavam-lhe o apelido: mestre-cuca!

 Esta provocação era, além de tudo, inverdade. Cozinheiro, Rômulo! Só porque lembrava culinária, com a carnosidade bamba, fofada dos pastelões, ou porque era gordo das enxúndias enganadoras dos fregistas, dissolução mórbida de sardinha e azeite, sob os aspectos de mais volumosa saúde?
(...)
  Rômulo era antipatizado. Para que o não manifestassem excessivamente, fazia-se temer pela brutalidade. Ao mais insignificante gracejo de um pequeno, atirava contra o infeliz toda a corpulência das infiltrações de gordura solta, desmoronava-se em socos. Dos mais fortes vingava-se, resmungando intrepidamente. 
Para desesperá-lo, aproveitavam-se os menores do escuro. Rômulo, no meio, ficava tonto, esbravejando juras de morte, mostrando o punho. Em geral procurava reconhecer algum dos impertinentes e o marcava para a vindita. Vindita inexorável.
 No decorrer enfadonho das últimas semanas, foi Rômulo escolhido, principalmente, para expiatório do desfastio. Mestrecuca! Via-se apregoado por vozes fantásticas, saídas da terra; mestre-cuca! Por vozes do espaço rouquenhas ou esganiçadas. Sentava-se acabrunhado, vendo se se lembrava de haver tratado
panelas algum dia na vida; a unanimidade impressionava. Mais frequentemente, entregava-se a acessos de raiva. Arremetia bufando, espumando, olhos fechados, punhos para trás, contra os grupos. Os rapazes corriam a rir, abrindo caminho, deixando rolar adiante aquela ambulância danada de elefantíase.
(Raul Pompeia. O Ateneu.)

A
I.
B
II.
C
III.
D
I e II.
E
II e III.
0dccf892-46
UNIFESP 2010 - Português - Interpretação de Textos

Indique a alternativa em que os fragmentos selecionados exemplificam, respectivamente, a manifestação clara do ponto de vista do narrador e a opinião do grupo, a propósito de Rômulo.

Instrução: As questões de números 21 a 24 tomam por base o fragmento seguinte.
 
 As provocações no recreio eram frequentes, oriundas do enfado; irritadiços todos como feridas; os inspetores a cada passo precisavam intervir em conflitos; as importunações andavam em busca das suscetibilidades; as suscetibilidades a procurar a sarna das importunações. Viam de joelhos o Franco, puxavamlhe os cabelos. Viam Rômulo passar, lançavam-lhe o apelido: mestre-cuca!

 Esta provocação era, além de tudo, inverdade. Cozinheiro, Rômulo! Só porque lembrava culinária, com a carnosidade bamba, fofada dos pastelões, ou porque era gordo das enxúndias enganadoras dos fregistas, dissolução mórbida de sardinha e azeite, sob os aspectos de mais volumosa saúde?
(...)
  Rômulo era antipatizado. Para que o não manifestassem excessivamente, fazia-se temer pela brutalidade. Ao mais insignificante gracejo de um pequeno, atirava contra o infeliz toda a corpulência das infiltrações de gordura solta, desmoronava-se em socos. Dos mais fortes vingava-se, resmungando intrepidamente. 
Para desesperá-lo, aproveitavam-se os menores do escuro. Rômulo, no meio, ficava tonto, esbravejando juras de morte, mostrando o punho. Em geral procurava reconhecer algum dos impertinentes e o marcava para a vindita. Vindita inexorável.
 No decorrer enfadonho das últimas semanas, foi Rômulo escolhido, principalmente, para expiatório do desfastio. Mestrecuca! Via-se apregoado por vozes fantásticas, saídas da terra; mestre-cuca! Por vozes do espaço rouquenhas ou esganiçadas. Sentava-se acabrunhado, vendo se se lembrava de haver tratado
panelas algum dia na vida; a unanimidade impressionava. Mais frequentemente, entregava-se a acessos de raiva. Arremetia bufando, espumando, olhos fechados, punhos para trás, contra os grupos. Os rapazes corriam a rir, abrindo caminho, deixando rolar adiante aquela ambulância danada de elefantíase.
(Raul Pompeia. O Ateneu.)

A
Cozinheiro, Rômulo! – Vindita inexorável.
B
Vindita inexorável. – Cozinheiro, Rômulo!
C
Mestre-cuca! – Vindita inexorável.
D
Cozinheiro, Rômulo! – Mestre-cuca!
E
Mestre-cuca! – Cozinheiro, Rômulo!
0f938c26-46
UNIFESP 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre o texto, é correto afirmar:

Instrução: As questões de números 21 a 24 tomam por base o fragmento seguinte.
 
 As provocações no recreio eram frequentes, oriundas do enfado; irritadiços todos como feridas; os inspetores a cada passo precisavam intervir em conflitos; as importunações andavam em busca das suscetibilidades; as suscetibilidades a procurar a sarna das importunações. Viam de joelhos o Franco, puxavamlhe os cabelos. Viam Rômulo passar, lançavam-lhe o apelido: mestre-cuca!

 Esta provocação era, além de tudo, inverdade. Cozinheiro, Rômulo! Só porque lembrava culinária, com a carnosidade bamba, fofada dos pastelões, ou porque era gordo das enxúndias enganadoras dos fregistas, dissolução mórbida de sardinha e azeite, sob os aspectos de mais volumosa saúde?
(...)
  Rômulo era antipatizado. Para que o não manifestassem excessivamente, fazia-se temer pela brutalidade. Ao mais insignificante gracejo de um pequeno, atirava contra o infeliz toda a corpulência das infiltrações de gordura solta, desmoronava-se em socos. Dos mais fortes vingava-se, resmungando intrepidamente. 
Para desesperá-lo, aproveitavam-se os menores do escuro. Rômulo, no meio, ficava tonto, esbravejando juras de morte, mostrando o punho. Em geral procurava reconhecer algum dos impertinentes e o marcava para a vindita. Vindita inexorável.
 No decorrer enfadonho das últimas semanas, foi Rômulo escolhido, principalmente, para expiatório do desfastio. Mestrecuca! Via-se apregoado por vozes fantásticas, saídas da terra; mestre-cuca! Por vozes do espaço rouquenhas ou esganiçadas. Sentava-se acabrunhado, vendo se se lembrava de haver tratado
panelas algum dia na vida; a unanimidade impressionava. Mais frequentemente, entregava-se a acessos de raiva. Arremetia bufando, espumando, olhos fechados, punhos para trás, contra os grupos. Os rapazes corriam a rir, abrindo caminho, deixando rolar adiante aquela ambulância danada de elefantíase.
(Raul Pompeia. O Ateneu.)

A
A atmosfera tensa presente no cotidiano do colégio era produto, sobretudo, da marcação cerrada dos inspetores, que intervinham nos muitos conflitos.
B
Rômulo, devido às provocações que sofre, perde as certezas sobre si mesmo e assume um comportamento que oscila entre a angústia e ataques de fúria.
C
Alguns alunos, por serem muito suscetíveis, importunavam outros colegas, puxando-lhes o cabelo ou colocando-lhes apelidos.
D
A brutalidade física de Rômulo era a única solução que encontrava para enfrentar a chacota dos alunos mais fortes.
E
A unanimidade dos alunos em chamar Rômulo de cozinheiro fazia com que preponderasse sua atitude de entregar-se ao acabrunhamento.
137c9378-46
UNIFESP 2010 - Português - Interpretação de Textos

Considere as afirmações seguintes.

I. O fragmento do romance, ambientado na cidade de Salvador das primeiras décadas do século passado, aborda a vida de uma criança em situação de absoluta exclusão social e violência, o que destoa do projeto literário e ideológico dos escritores brasileiros que compõem a “Geração de 30”.

II. Valendo-se das conquistas do Modernismo, o romance apresenta linguagem fluente e acessível ao grande público, utilizando-se de um português coloquial, simples, próximo a um modo natural de falar, com o largo emprego da frase curta e econômica.

III. Sem-Pernas é uma personagem que, embora encarne um tipo social claramente delimitado, o do menino “pobre, abandonado, aleijado e discriminado”, adquire alguma profundidade psicológica, à medida que seu passado e suas experiências dolorosas vêm à tona.

Conforme o texto, está correto o que se afirma apenas em

Instrução: As questões de números 25 a 27 tomam por base o fragmento.

  [Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um padeiro a quem chamava “meu padrinho” e que o surrava. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A perna coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia nas suas costas quando o cansaço o fazia parar. A princípio chorou muito, depois, não sabe como, as lágrimas secaram. Certa hora não resistiu mais, abateu-se no chão. Sangrava. Ainda hoje ouve como os soldados riam e como riu aquele homem de colete cinzento que fumava um charuto.

(Jorge Amado. Capitães da areia.)

A
I.
B
II.
C
III.
D
I e II.
E
II e III.
17b35e09-46
UNIFESP 2010 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

O emprego da figura de linguagem conhecida como “prosopopeia” (ou “personificação”) põe mais em evidência a principal razão pela qual Sem-Pernas é estigmatizado. O trecho que contém essa figura é

Instrução: As questões de números 25 a 27 tomam por base o fragmento.

  [Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um padeiro a quem chamava “meu padrinho” e que o surrava. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A perna coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia nas suas costas quando o cansaço o fazia parar. A princípio chorou muito, depois, não sabe como, as lágrimas secaram. Certa hora não resistiu mais, abateu-se no chão. Sangrava. Ainda hoje ouve como os soldados riam e como riu aquele homem de colete cinzento que fumava um charuto.

(Jorge Amado. Capitães da areia.)

A
A perna coxa se recusava a ajudá-lo.
B
Em cada canto estava um com uma borracha comprida.
C
(...) depois, não sabe como, as lágrimas secaram.
D
E a borracha zunia nas suas costas (...)
E
Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora.
0a4d3934-46
UNIFESP 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Compare o trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, com o fragmento do poema O navio negreiro – tragédia no mar, de Castro Alves (questões 11 e 12). Indique a alternativa que apresenta aspectos observáveis nos dois textos.

A
Tema da escravidão, contenção expressional, exploração do ritmo da frase, visão crítica da realidade.
B
Ironia, exploração do ritmo da frase, intertextualidade explícita, denúncia de problemas sociais.
C
Tema da escravidão, visão crítica da realidade, exploração do ritmo da frase, representação do homem como objeto do homem.
D
Estilo apurado, visão crítica da realidade, representação do homem como objeto do homem, intertextualidade explícita.
E
Tema da escravidão, tom arrebatado, visão crítica da rea lidade, estilo apurado.
06598d00-46
UNIFESP 2010 - Português - Interpretação de Textos

A versão modificada, adaptada à oralidade – como usualmente se dá na produção da literatura de cordel – apresenta termos semelhantes aos do texto original de Machado de Assis, que podem ser identificados em todas as palavras da alternativa

Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 18 e 19.

 Crescia naturalmente
Fazendo estripulia,
Malino e muito arguto,
Gostava de zombaria.
A cabeça duma escrava
Quase arrebentei um dia.
E tudo isso porque
Um doce me havia negado,
De cinza no tacho cheio
Inda joguei um punhado,
Daí porque a alcunha
De “Menino Endiabrado”.
Prudêncio era um menino
Da casa, que agora falo.
Botava suas mãos no chão
Pra poder depois montá-lo:
Com um chicote na mão
Fazia dele um cavalo.
(Varneci Nascimento. Memórias póstumas de Brás Cubas em cordel.)

A
malino, botava, inda, pra.
B
estripulia, malino, inda, pra.
C
estripulia, zombaria, inda, daí.
D
zombaria, botava, inda, pra.
E
malino, botava, zombaria, daí.