Leia o texto a seguir para responder à questão.
Revogue-se
Relacionamentos se constroem ao longo dos anos
de sua duração: os dois parceiros vão tramar
consciente ou inconscientemente a teia que os vai
envolver ou separar, o casulo onde vão abrigar ou
sufocar seus filhos.
Amor não deveria ser prisão ou dever, mas
crescimento e libertação. Porém, se gostamos de
alguma coisa ou de alguém, queremos que esteja
sempre conosco. Perda e separação significam
sofrimento, mas não o fim da vida nem o fim de
todos os afetos.
Certa vez me entregaram um bilhete que dizia: “Se
você ama alguém, deixe-o livre.”
Poucas afirmações são tão difíceis de cumprir,
poucas contêm tamanha sabedoria em relação aos
amores [...]. Amor é risco, viver é risco. Pois
permitir, até querer que o outro cresça ao nosso
lado, pode significar que crescerá afastando-se de
nós.
Mas – essa é a força e a beleza do desafio de uma
vida a dois – o outro, crescendo, pode se abrir mais
para nós, que participaremos dessa expansão.
Instaura-se uma instigante parceria amorosa, na
qual o tempo não servirá para desgaste, mas para
construção. É um processo de refinamento da
cumplicidade que brilha em algumas relações
mesmo depois de muitos anos, muitas perdas, e
muitos difíceis recomeços – desde que haja sobre o
que reconstruir. [...]
LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 145.
(Fragmento).