Questõessobre Gêneros Textuais

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UNICENTRO 2015 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia a notícia a seguir e responda à questão.

90% das mulheres estupradas não denunciam agressor, diz especialista
Medo de morte, vergonha e humilhação e sentimento de culpa são os principais motivos para a falta de denúncia.

Três dias antes do Natal do ano passado, a agente de atendimento Isabela (nome fictício), de 18 anos de idade, estava voltando para casa após um culto na igreja onde frequenta quando foi abordada por um desconhecido em uma moto. A princípio, ela diz ter pensado se tratar de um assalto e chegou a entregar o telefone celular ao homem com capacete. “Esse foi o único dia que eu estava voltando para casa sozinha. Ele me pegou em uma rua deserta e apontou a arma para mim. Por medo, eu não gritei. Ele pegou o celular e disse que ia me guiar. Me levou a uma rua mais deserta e colocou um capuz em mim para eu não ver o rosto dele”, diz. O estupro aconteceu na rua mesmo. Com medo do agressor que a ameaçou de morte caso contasse para alguém, Isabela ficou calada e relatou apenas o assalto para a mãe.

(Adaptado de: OLIVEIRA, A. Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-04-25/90-das-mulheres-estupradas-nao-denunciam-agressor-diz-especialista.html>. Acesso em: 25 abr. 2014.)

Quanto aos aspectos que compõem o conto “Preciosidade” e a notícia, considere as afirmativas a seguir.

I. O conto valoriza mais o tema do que a forma como ele é exposto.
II. A notícia apresenta uma linguagem mais objetiva, concisa e clara.
III. No conto, há mais traços de subjetividade, sendo mais importante o modo de dizer que o fato em si.
IV. Na notícia, a verdade é primordial, enquanto, no conto, não há, necessariamente, compromisso com a apresentação da realidade, mas com sua verossimilhança.

Assinale a alternativa correta

Leia o conto a seguir e responda à questão.

Preciosidade (para Mafalda)

De manhã cedo era sempre a mesma coisa renovada: acordar. O que era vagaroso, desdobrado, vasto. Vastamente ela abria os olhos. Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase majestosa em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que não se espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma joia. Ela acordava antes de todos, pois para ir à escola teria que pegar um ônibus e um bonde, o que lhe tomaria uma hora. O que lhe daria uma hora. De devaneio agudo como um crime. O vento da manhã violentando a janela e o rosto até que os lábios ficavam duros, gelados. Então ela sorria. Como se sorrir fosse em si um objetivo. Tudo isso aconteceria se tivesse a sorte de “ninguém olhar para ela”. Era uma manhã ainda mais fria e escura que as outras, ela estremeceu no suéter. A branca nebulosidade deixava o fim da rua invisível. Tudo estava algodoado, não se ouviu sequer o ruído de algum ônibus que passasse pela avenida. Foi andando para o imprevisível da rua. As casas dormiam nas portas fechadas. Os jardins endurecidos de frio. No ar escuro, mais que no céu, no meio da rua uma estrela. Uma grande estrela de gelo que não voltara ainda, incerta no ar, úmida, informe. Surpreendida no seu atraso, arredondava- -se na hesitação. Ela olhou a estrela próxima. Caminhava sozinha na cidade bombardeada. Não, ela não estava sozinha. Com os olhos franzidos pela incredulidade no fim longínquo de sua rua, de dentro do vapor, viu dois homens. Dois rapazes vindo. Olhou ao redor como se pudesse ter errado de rua ou de cidade. Mas errara os minutos: saíra de casa antes que a estrela e dois homens tivessem tempo de sumir. Seu coração se espantou. O que se seguiu foram quatro mãos difíceis, foram quatro mãos que não sabiam o que queriam, quatro mãos erradas de quem não tinha a vocação, quatro mãos que a tocaram tão inesperadamente que ela fez a coisa mais certa que poderia ter feito no mundo dos movimentos: ficou paralisada. Eles, cujo papel predeterminado era apenas o de passar junto do escuro de seu medo, e então o primeiro dos sete mistérios cairia; eles que representariam apenas o horizonte de um só passo aproximado, eles não compreenderam a função que tinham e, com a individualidade dos que têm medo, haviam atacado. Foi menos de uma fração de segundo na rua tranquila. Numa fração de segundo a tocaram como se a eles coubessem todos os sete mistérios. Que ela conservou todos, e mais larva se tornou, e mais sete anos de atraso. Quando foi molhar os cabelos diante do espelho, ela era tão feia. Ela possuía tão pouco, e eles haviam tocado. Ela era tão feia e preciosa. Estava pálida, os traços afinados. As mãos, umedecendo os cabelos, sujas de tinta ainda do dia anterior. “Preciso cuidar mais de mim”, pensou. Não sabia como. A verdade é que cada vez sabia menos como. A expressão do nariz era a de um focinho apontando na cerca. Voltou ao banco e ficou quieta, com um focinho. “Uma pessoa não é nada.” “Não”, retrucou-se em mole protesto, “não diga isso”, pensou com bondade e melancolia. “Uma pessoa é alguma coisa”, disse por gentileza. Mas no jantar a vida tomou um senso imediato e histérico:
– Preciso de sapatos novos! Os meus fazem muito barulho, uma mulher não pode andar com salto de madeira, chama muita atenção! Ninguém me dá nada! Ninguém me dá nada! – e estava tão frenética e estertorada que ninguém teve coragem de lhe dizer que não os ganharia. Só disseram:
– Você não é uma mulher e todo salto é de madeira. Até que, assim como uma pessoa engorda, ela deixou, sem saber por que processo, de ser preciosa. Há uma obscura lei que faz com que se proteja o ovo até que nasça o pinto, pássaro de fogo. E ela ganhou os sapatos novos.

(LISPECTOR, C. Laços de Família. São Paulo: Rocco, 1998. p.95-108.)
A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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UNICENTRO 2015 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação ao conto “Preciosidade”, considere as afirmativas a seguir.

I. Narra a história de uma adolescente comum, sem nenhuma beleza que a tornasse especial e nenhum acontecimento em sua vida que a fizesse olhar para si.
II. Sua preciosidade era sua virgindade.
III. Os sapatos simbolizam a passagem da infância para a vida adulta, além de lhe trazer a culpa de ter sido estuprada por fazer barulho e chamar a atenção na rua.
IV. O barulho dos sapatos a incomodava porque ela não queria ser notada por ninguém por onde passasse porque era muito tímida. Assinale a alternativa correta.

Leia o conto a seguir e responda à questão.

Preciosidade (para Mafalda)

De manhã cedo era sempre a mesma coisa renovada: acordar. O que era vagaroso, desdobrado, vasto. Vastamente ela abria os olhos. Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase majestosa em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que não se espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma joia. Ela acordava antes de todos, pois para ir à escola teria que pegar um ônibus e um bonde, o que lhe tomaria uma hora. O que lhe daria uma hora. De devaneio agudo como um crime. O vento da manhã violentando a janela e o rosto até que os lábios ficavam duros, gelados. Então ela sorria. Como se sorrir fosse em si um objetivo. Tudo isso aconteceria se tivesse a sorte de “ninguém olhar para ela”. Era uma manhã ainda mais fria e escura que as outras, ela estremeceu no suéter. A branca nebulosidade deixava o fim da rua invisível. Tudo estava algodoado, não se ouviu sequer o ruído de algum ônibus que passasse pela avenida. Foi andando para o imprevisível da rua. As casas dormiam nas portas fechadas. Os jardins endurecidos de frio. No ar escuro, mais que no céu, no meio da rua uma estrela. Uma grande estrela de gelo que não voltara ainda, incerta no ar, úmida, informe. Surpreendida no seu atraso, arredondava- -se na hesitação. Ela olhou a estrela próxima. Caminhava sozinha na cidade bombardeada. Não, ela não estava sozinha. Com os olhos franzidos pela incredulidade no fim longínquo de sua rua, de dentro do vapor, viu dois homens. Dois rapazes vindo. Olhou ao redor como se pudesse ter errado de rua ou de cidade. Mas errara os minutos: saíra de casa antes que a estrela e dois homens tivessem tempo de sumir. Seu coração se espantou. O que se seguiu foram quatro mãos difíceis, foram quatro mãos que não sabiam o que queriam, quatro mãos erradas de quem não tinha a vocação, quatro mãos que a tocaram tão inesperadamente que ela fez a coisa mais certa que poderia ter feito no mundo dos movimentos: ficou paralisada. Eles, cujo papel predeterminado era apenas o de passar junto do escuro de seu medo, e então o primeiro dos sete mistérios cairia; eles que representariam apenas o horizonte de um só passo aproximado, eles não compreenderam a função que tinham e, com a individualidade dos que têm medo, haviam atacado. Foi menos de uma fração de segundo na rua tranquila. Numa fração de segundo a tocaram como se a eles coubessem todos os sete mistérios. Que ela conservou todos, e mais larva se tornou, e mais sete anos de atraso. Quando foi molhar os cabelos diante do espelho, ela era tão feia. Ela possuía tão pouco, e eles haviam tocado. Ela era tão feia e preciosa. Estava pálida, os traços afinados. As mãos, umedecendo os cabelos, sujas de tinta ainda do dia anterior. “Preciso cuidar mais de mim”, pensou. Não sabia como. A verdade é que cada vez sabia menos como. A expressão do nariz era a de um focinho apontando na cerca. Voltou ao banco e ficou quieta, com um focinho. “Uma pessoa não é nada.” “Não”, retrucou-se em mole protesto, “não diga isso”, pensou com bondade e melancolia. “Uma pessoa é alguma coisa”, disse por gentileza. Mas no jantar a vida tomou um senso imediato e histérico:
– Preciso de sapatos novos! Os meus fazem muito barulho, uma mulher não pode andar com salto de madeira, chama muita atenção! Ninguém me dá nada! Ninguém me dá nada! – e estava tão frenética e estertorada que ninguém teve coragem de lhe dizer que não os ganharia. Só disseram:
– Você não é uma mulher e todo salto é de madeira. Até que, assim como uma pessoa engorda, ela deixou, sem saber por que processo, de ser preciosa. Há uma obscura lei que faz com que se proteja o ovo até que nasça o pinto, pássaro de fogo. E ela ganhou os sapatos novos.

(LISPECTOR, C. Laços de Família. São Paulo: Rocco, 1998. p.95-108.)
A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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Leia a notícia a seguir e responda à questão.

90% das mulheres estupradas não denunciam agressor, diz especialista
Medo de morte, vergonha e humilhação e sentimento de culpa são os principais motivos para a falta de denúncia.

Três dias antes do Natal do ano passado, a agente de atendimento Isabela (nome fictício), de 18 anos de idade, estava voltando para casa após um culto na igreja onde frequenta quando foi abordada por um desconhecido em uma moto. A princípio, ela diz ter pensado se tratar de um assalto e chegou a entregar o telefone celular ao homem com capacete. “Esse foi o único dia que eu estava voltando para casa sozinha. Ele me pegou em uma rua deserta e apontou a arma para mim. Por medo, eu não gritei. Ele pegou o celular e disse que ia me guiar. Me levou a uma rua mais deserta e colocou um capuz em mim para eu não ver o rosto dele”, diz. O estupro aconteceu na rua mesmo. Com medo do agressor que a ameaçou de morte caso contasse para alguém, Isabela ficou calada e relatou apenas o assalto para a mãe.

(Adaptado de: OLIVEIRA, A. Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-04-25/90-das-mulheres-estupradas-nao-denunciam-agressor-diz-especialista.html>. Acesso em: 25 abr. 2014.)

Com base no conto “Preciosidade” e na notícia, assinale a alternativa correta.

Leia o conto a seguir e responda à questão.

Preciosidade (para Mafalda)

De manhã cedo era sempre a mesma coisa renovada: acordar. O que era vagaroso, desdobrado, vasto. Vastamente ela abria os olhos. Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase majestosa em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que não se espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma joia. Ela acordava antes de todos, pois para ir à escola teria que pegar um ônibus e um bonde, o que lhe tomaria uma hora. O que lhe daria uma hora. De devaneio agudo como um crime. O vento da manhã violentando a janela e o rosto até que os lábios ficavam duros, gelados. Então ela sorria. Como se sorrir fosse em si um objetivo. Tudo isso aconteceria se tivesse a sorte de “ninguém olhar para ela”. Era uma manhã ainda mais fria e escura que as outras, ela estremeceu no suéter. A branca nebulosidade deixava o fim da rua invisível. Tudo estava algodoado, não se ouviu sequer o ruído de algum ônibus que passasse pela avenida. Foi andando para o imprevisível da rua. As casas dormiam nas portas fechadas. Os jardins endurecidos de frio. No ar escuro, mais que no céu, no meio da rua uma estrela. Uma grande estrela de gelo que não voltara ainda, incerta no ar, úmida, informe. Surpreendida no seu atraso, arredondava- -se na hesitação. Ela olhou a estrela próxima. Caminhava sozinha na cidade bombardeada. Não, ela não estava sozinha. Com os olhos franzidos pela incredulidade no fim longínquo de sua rua, de dentro do vapor, viu dois homens. Dois rapazes vindo. Olhou ao redor como se pudesse ter errado de rua ou de cidade. Mas errara os minutos: saíra de casa antes que a estrela e dois homens tivessem tempo de sumir. Seu coração se espantou. O que se seguiu foram quatro mãos difíceis, foram quatro mãos que não sabiam o que queriam, quatro mãos erradas de quem não tinha a vocação, quatro mãos que a tocaram tão inesperadamente que ela fez a coisa mais certa que poderia ter feito no mundo dos movimentos: ficou paralisada. Eles, cujo papel predeterminado era apenas o de passar junto do escuro de seu medo, e então o primeiro dos sete mistérios cairia; eles que representariam apenas o horizonte de um só passo aproximado, eles não compreenderam a função que tinham e, com a individualidade dos que têm medo, haviam atacado. Foi menos de uma fração de segundo na rua tranquila. Numa fração de segundo a tocaram como se a eles coubessem todos os sete mistérios. Que ela conservou todos, e mais larva se tornou, e mais sete anos de atraso. Quando foi molhar os cabelos diante do espelho, ela era tão feia. Ela possuía tão pouco, e eles haviam tocado. Ela era tão feia e preciosa. Estava pálida, os traços afinados. As mãos, umedecendo os cabelos, sujas de tinta ainda do dia anterior. “Preciso cuidar mais de mim”, pensou. Não sabia como. A verdade é que cada vez sabia menos como. A expressão do nariz era a de um focinho apontando na cerca. Voltou ao banco e ficou quieta, com um focinho. “Uma pessoa não é nada.” “Não”, retrucou-se em mole protesto, “não diga isso”, pensou com bondade e melancolia. “Uma pessoa é alguma coisa”, disse por gentileza. Mas no jantar a vida tomou um senso imediato e histérico:
– Preciso de sapatos novos! Os meus fazem muito barulho, uma mulher não pode andar com salto de madeira, chama muita atenção! Ninguém me dá nada! Ninguém me dá nada! – e estava tão frenética e estertorada que ninguém teve coragem de lhe dizer que não os ganharia. Só disseram:
– Você não é uma mulher e todo salto é de madeira. Até que, assim como uma pessoa engorda, ela deixou, sem saber por que processo, de ser preciosa. Há uma obscura lei que faz com que se proteja o ovo até que nasça o pinto, pássaro de fogo. E ela ganhou os sapatos novos.

(LISPECTOR, C. Laços de Família. São Paulo: Rocco, 1998. p.95-108.)
A
No conto, a personagem demonstra maior indignação diante do fato ocorrido, enquanto a moça da notícia se mostra mais insegura.
B
No conto, a personagem conseguiu resolver melhor seus conflitos diante da violência sexual, enquanto a moça da notícia teve maiores problemas psicológicos.
C
A ficção e a realidade se assemelham, e a atitude das duas personagens é de silêncio e vergonha.
D
Na notícia, a moça soube resolver melhor a questão da denúncia, enquanto, no conto, a personagem apresentou maior desequilíbrio emocional.
E
Nos dois textos, houve uma maturidade das personagens em tomar a atitude correta diante da violência sofrida.
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Em relação à charge, considere as afirmativas a seguir.

I. É uma sátira em relação à migração, na direção inversa, mas por motivos semelhantes aos das migrações ocorridas no início do século XX.
II. É uma sátira referente às migrações e à falta de emprego em São Paulo, redirecionando muitos trabalhadores a outras regiões.
III. É uma crítica ao inchaço da cidade de São Paulo, ocasionado pela migração ocorrida no início do século XX, a qual acarretou a crise da água no século XXI.
IV. O tema principal está relacionado à crise da água em São Paulo, intensificada nos últimos anos.

Assinale a alternativa correta.

Leia a canção e a charge a seguir e responda à questão.

Asa Branca

Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chores não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão

Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro Não chores não, viu?
Que eu voltarei, viu meu coração.


(GONZAGA, L.; TEIXEIRA, H. Asa Branca. Disponível em: <http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.phd?titulo=Asa+Branca,+Luiz+Gonzaga+Teixeira&ltr=a&id_perso=7038>. Acesso em: 9 set. 2015.)

A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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Acerca das características gerais da crônica, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.

( ) Seu destinatário é Joana, seu grande amor.
( ) O uso do pronome de tratamento “você” traz uma esfera de intimidade com o leitor.
( ) Não é possível identificar o destinatário da carta.
( ) O tom da conversa é quebrado pelo uso formal da linguagem.
( ) É uma resposta ao questionamento sobre a relação amorosa.

Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.

Leia a crônica a seguir e responda à questão.

Receita para mal de amor

Minha querida amiga:
Sim, é para você mesma que estou escrevendo – você que aquela noite disse que estava com vontade de me pedir conselhos, mas tinha vergonha e achava que não valia a pena, e acabou me formulando uma pergunta ingênua:
– Como é que a gente faz para esquecer uma pessoa?
E logo depois me pediu que não pensasse nisso e esquecesse a pergunta, dizendo que achava que tinha bebido um ou dois uísques a mais...
Sei como você está sofrendo, e prefiro lhe responder assim pelas páginas de uma revista – fazendo de conta que me dirijo a um destinatário suposto.
Destinatário, destinatária... Bonita palavra: não devia querer dizer apenas aquele ou aquela a quem se destina uma carta, devia querer dizer também a pessoa que é dona do destino da gente. Joana é minha destinatária. Meu destino está em suas mãos; a ela se destinam meus pensamentos, minhas lembranças, o que sinto e o que sou: todo este complexo mais ou menos melancólico e todavia tão veemente de coisas que eu nasci e me tornei.
Se me derem para encher uma fórmula impressa ou uma ficha de hotel eu poderei escrever assim:
Procedência – São Paulo; Destino – Joana. Pois é somente para ela que eu marcho. No táxi, no bonde, no avião, na rua, não interessa a direção em que me movo, meu destino é Joana. Que importa saber que jamais chegarei ao meu destino?
Isso eu gostaria de lhe dizer, minha amiga, com a autoridade triste do mais vivido e mais sofrido: amar é um ato de paciência e de humildade; é uma longa devoção. Você me responderá que não é nada disso; que você já chegou ao seu destinatário e foi devolvida como se fosse uma carta com o endereço errado.
Que teve alguns dias, algumas horas de felicidade, e por isso agora sofre de maneira insuportável. Então lhe aconselho a comprar um canivete bem amolado e afinar dezoito pedacinhos de pau até ficarem bem pontudos, bem lisos, perfeitamente torneados – e depois deixá-los a um canto. Apanhar uma folha de papel tamanho ofício e enchê-la com o nome de seu amado, escrevendo uma letra bem bonita, de preferência com tinta azul. Em seguida faça com essa folha um aviãozinho, e o jogue pela janela.
Observe o voo e a aterrissagem. Depois desça, vá lá fora, apanhe o avião de papel, desdobre a folha novamente (pode passá-la a ferro, para o serviço ficar mais perfeito e não haver mais nenhum indício da construção aeronáutica) e volte a dobrá-la, desta vez ao meio. Dobre outras vezes, até obter o menor retângulo possível. Então, com o canivete, vá cortando as partes dobradas até transformar toda a folha em minúsculos papeizinhos, tão pequenos que o nome de seu amado não deve caber inteiro em nenhum deles. Aí, apanhe todos aqueles pauzinhos que tinha deixado a um canto e, com os pedacinhos de papel, faça uma fogueira com o máximo cuidado até que restem somente cinzas. A seguir poderá repetir a operação...
– Adianta alguma coisa?
Por favor, querida amiga, não me faça esta pergunta. Nada adianta coisa alguma, a não ser o tempo; e fazer fogueirinhas é um meio tão bom quanto qualquer outro de passar o tempo.

(BRAGA, R. A Traição das Elegantes. Rio de Janeiro: Record, 1982. p.17.)
A
V, V, F, F, F
B
V, F, V, F, V.
C
F, V, V, V, F.
D
F, V, F, F, V.
E
F, F, V, V, F.
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Em relação ao título e ao conteúdo do texto, considere as afirmativas a seguir.

I. Quando prescritos por especialistas, os conselhos amorosos têm grande possibilidade de dar certo.
II. Apesar de se chamar “Receita”, o texto não contém todos os elementos típicos de um texto instrucional.
III. Como um texto instrucional, o gênero receita é construído com o uso de verbos no modo imperativo.
IV. Para o eu do cronista, os conselhos não resolverão os problemas, só servirão para passar o tempo.

Assinale a alternativa correta.

Leia a crônica a seguir e responda à questão.

Receita para mal de amor

Minha querida amiga:
Sim, é para você mesma que estou escrevendo – você que aquela noite disse que estava com vontade de me pedir conselhos, mas tinha vergonha e achava que não valia a pena, e acabou me formulando uma pergunta ingênua:
– Como é que a gente faz para esquecer uma pessoa?
E logo depois me pediu que não pensasse nisso e esquecesse a pergunta, dizendo que achava que tinha bebido um ou dois uísques a mais...
Sei como você está sofrendo, e prefiro lhe responder assim pelas páginas de uma revista – fazendo de conta que me dirijo a um destinatário suposto.
Destinatário, destinatária... Bonita palavra: não devia querer dizer apenas aquele ou aquela a quem se destina uma carta, devia querer dizer também a pessoa que é dona do destino da gente. Joana é minha destinatária. Meu destino está em suas mãos; a ela se destinam meus pensamentos, minhas lembranças, o que sinto e o que sou: todo este complexo mais ou menos melancólico e todavia tão veemente de coisas que eu nasci e me tornei.
Se me derem para encher uma fórmula impressa ou uma ficha de hotel eu poderei escrever assim:
Procedência – São Paulo; Destino – Joana. Pois é somente para ela que eu marcho. No táxi, no bonde, no avião, na rua, não interessa a direção em que me movo, meu destino é Joana. Que importa saber que jamais chegarei ao meu destino?
Isso eu gostaria de lhe dizer, minha amiga, com a autoridade triste do mais vivido e mais sofrido: amar é um ato de paciência e de humildade; é uma longa devoção. Você me responderá que não é nada disso; que você já chegou ao seu destinatário e foi devolvida como se fosse uma carta com o endereço errado.
Que teve alguns dias, algumas horas de felicidade, e por isso agora sofre de maneira insuportável. Então lhe aconselho a comprar um canivete bem amolado e afinar dezoito pedacinhos de pau até ficarem bem pontudos, bem lisos, perfeitamente torneados – e depois deixá-los a um canto. Apanhar uma folha de papel tamanho ofício e enchê-la com o nome de seu amado, escrevendo uma letra bem bonita, de preferência com tinta azul. Em seguida faça com essa folha um aviãozinho, e o jogue pela janela.
Observe o voo e a aterrissagem. Depois desça, vá lá fora, apanhe o avião de papel, desdobre a folha novamente (pode passá-la a ferro, para o serviço ficar mais perfeito e não haver mais nenhum indício da construção aeronáutica) e volte a dobrá-la, desta vez ao meio. Dobre outras vezes, até obter o menor retângulo possível. Então, com o canivete, vá cortando as partes dobradas até transformar toda a folha em minúsculos papeizinhos, tão pequenos que o nome de seu amado não deve caber inteiro em nenhum deles. Aí, apanhe todos aqueles pauzinhos que tinha deixado a um canto e, com os pedacinhos de papel, faça uma fogueira com o máximo cuidado até que restem somente cinzas. A seguir poderá repetir a operação...
– Adianta alguma coisa?
Por favor, querida amiga, não me faça esta pergunta. Nada adianta coisa alguma, a não ser o tempo; e fazer fogueirinhas é um meio tão bom quanto qualquer outro de passar o tempo.

(BRAGA, R. A Traição das Elegantes. Rio de Janeiro: Record, 1982. p.17.)
A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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UNIFESP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Por ser um artigo de divulgação científica, o texto apresenta uma linguagem

Leia o trecho inicial de um artigo do livro Bilhões e bilhões do astrônomo e divulgador científico Carl Sagan (1934-1996) para responder à questão.

O tabuleiro de xadrez persa
    
  Segundo o modo como ouvi pela primeira vez a história, aconteceu na Pérsia antiga. Mas podia ter sido na Índia ou até na China. De qualquer forma, aconteceu há muito tempo. O grão-vizir, o principal conselheiro do rei, tinha inventado um novo jogo. Era jogado com peças móveis sobre um tabuleiro quadrado que consistia em 64 quadrados vermelhos e pretos. A peça mais importante era o rei. A segunda peça mais importante era o grão-vizir – exatamente o que se esperaria de um jogo inventado por um grão-vizir. O objetivo era capturar o rei inimigo e, por isso, o jogo era chamado, em persa, shahmat – shah para rei, mat para morto. Morte ao rei. Em russo, é ainda chamado shakhmat. Expressão que talvez transmita um remanescente sentimento revolucionário. Até em inglês, há um eco desse nome – o lance final é chamado checkmate (xeque-mate). O jogo, claro, é o xadrez. Ao longo do tempo, as peças, seus movimentos, as regras do jogo, tudo evoluiu. Por exemplo, já não existe um grão-vizir – que se metamorfoseou numa rainha, com poderes muito mais terríveis.
    A razão de um rei se deliciar com a invenção de um jogo chamado “Morte ao rei” é um mistério. Mas reza a história que ele ficou tão encantado que mandou o grão-vizir determinar sua própria recompensa por ter criado uma invenção tão magnífica. O grão-vizir tinha a resposta na ponta da língua: era um homem modesto, disse ao xá. Desejava apenas uma recompensa simples. Apontando as oito colunas e as oito filas de quadrados no tabuleiro que tinha inventado, pediu que lhe fosse dado um único grão de trigo no primeiro quadrado, o dobro dessa quantia no segundo, o dobro dessa quantia no terceiro e assim por diante, até que cada quadrado tivesse o seu complemento de trigo. Não, protestou o rei, era uma recompensa demasiado modesta para uma invenção tão importante. Ofereceu joias, dançarinas, palácios. Mas o grão-vizir, com os olhos apropriadamente baixos, recusou todas as ofertas. Só desejava pequenos montes de trigo. Assim, admirando-se secretamente da humildade e comedimento de seu conselheiro, o rei consentiu.
    No entanto, quando o mestre do Celeiro Real começou a contar os grãos, o rei se viu diante de uma surpresa desagradável. O número de grãos começa bem pequeno: 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256, 512, 1024... mas quando se chega ao 64o quadrado, o número se torna colossal, esmagador. Na realidade, o número é quase 18,5 quintilhões*. Talvez o grão-vizir estivesse fazendo uma dieta rica em fibras.
    Quanto pesam 18,5 quintilhões de grãos de trigo? Se cada grão tivesse o tamanho de um milímetro, todos os grãos juntos pesariam cerca de 75 bilhões de toneladas métricas, o que é muito mais do que poderia ser armazenado nos celeiros do xá. Na verdade, esse número equivale a cerca de 150 anos da produção de trigo mundial no presente. O relato do que aconteceu a seguir não chegou até nós. Se o rei, inadimplente, culpando-se pela falta de atenção nos seus estudos de aritmética, entregou o reino ao vizir, ou se o último experimentou as aflições de um novo jogo chamado vizirmat, não temos o privilégio de saber.

*1 quintilhão = 1 000 000 000 000 000 000 = 1018. Para se contar esse número a partir de 0 (um número por segundo, dia e noite), seriam necessários 32 bilhões de anos (mais tempo do que a idade do universo).

(Carl Sagan. Bilhões e bilhões, 2008. Adaptado.)
A
técnica e impessoal.
B
hermética e mal-humorada.
C
acessível e divertida.
D
rebuscada e pretensiosa.
E
inteligível e pedante.
922868b8-02
UNIFOA 2018 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Tipologia Textual

Na constituição do gênero do TEXTO, há a predominância do tipo textual:

A indiferença com a violência nas favelas do Rio de Janeiro

O silêncio de autoridades e instituições revela o fatalismo de uma política de segurança pública falida

Marcelo Baumann Burgo

 

A rotina de tiroteios em diversas favelas do Rio de Janeiro tem por cenário um labirinto de casas recheadas de seres humanos, acuados e humilhados. O quadro ultrapassa as raias do absurdo, e nem os escritores do realismo mágico seriam capazes de imaginá-lo.

O que mais surpreende, contudo, é o silêncio condescendente das autoridades e instituições cujo papel deveria ser o de, antes de qualquer outra coisa, zelar pelas garantias mínimas do direito à vida e integridade física dos cidadãos.

            Mas ao que tudo indica, para os moradores das favelas cariocas, nem mesmo esse aspecto elementar do pacto hobbesiano tem sido preservado, o que sugere que, para eles, a lei é a da barbárie. Na favela da Rocinha, por exemplo, desde setembro de 2017, a cada três dias pelo menos uma pessoa – incluindo policiais - morreu nesses confrontos.

O primeiro e mais ensurdecedor silêncio é o do governador e das autoridades da segurança pública estaduais e federais. No máximo, se manifestam quando algum policial é morto no “campo de batalha”, para lamentar sua perda e reafirmar o “espírito de combate da tropa”.

Diante desse silêncio deliberado, ficam no ar várias perguntas: como explicar o sentido de uma política de segurança que tem como efeito real a tortura diária da população das favelas, que se vê obrigada a conviver com um fogo cruzado intenso e aleatório? Quem realmente responde por ela, e pelas mortes e sofrimento que ela provoca? Onde se pretende chegar com isso? Quais as suas razões “técnicas”, se é que não é uma ofensa às vítimas formular essa pergunta? SILÊNCIO...

Sob esse primeiro vácuo de respostas, há um segundo nível de silêncio, o das instituições que deveriam questionar as autoridades estaduais e federais. Cadê os poderes legislativos, que não criam um grupo suprapartidário de parlamentares para interpelar o governo? Neste caso, não vale alegar que estamos aguardando as próximas eleições para “fazer o debate”, pois o sofrimento é hoje, e a morte espreita diariamente a vida dessa população.

E o Ministério Público, que não organiza uma força-tarefa para, tempestivamente, proteger a ordem jurídica escandalosamente violada, com a agressão de todo tipo aos direitos fundamentais dos cidadãos? SILÊNCIO...

Sob essa segunda e espessa camada de silêncios, subsiste uma terceira igualmente decisiva, a da grande imprensa. Não que ela não faça a crônica diária dos tiroteios, mas em geral as faz descrevendo os fatos com aparente neutralidade, como se eles simplesmente fizessem parte da rotina, não dando sinais, portanto, de que reflete sobre o que significa informar, em uma mesma matéria, que três ou quatro pessoas morreram ou se feriram, e que a operação teve como saldo a apreensão de “um fuzil”, “dez trouxinhas de maconha”, e “alguns papelotes de cocaína”...

Cadê os editoriais cobrando respostas das autoridades? Cadê o trabalho que, em outras áreas da vida pública, por exemplo na questão da corrupção, a grande imprensa faz com tanto zelo para mobilizar a opinião pública? No caso da rotina de tiroteios nas favelas o que parece resultar do trabalho da grande imprensa é o oposto da mobilização, ou seja, um efeito de resignação diante da violência ordinária.

Restaria, ainda, a sociedade civil organizada. Cadê a OAB, CNBB, ABI, as universidades, associações de bairro, e tantas outras que se irmanaram na luta contra a ditadura? Para ser justo com elas, até esboçaram alguma reação, mas sem força para fazer diferença. Com isso, tudo se passa como se esse bangue-bangue diário e estúpido dissesse respeito apenas aos moradores das favelas. Será que devemos esperar que somente eles se mobilizem?

Como se vê, para além de quaisquer outras razões de ordem econômica e social, o que se passa com a (in)segurança nos territórios populares do Rio de Janeiro deve ser creditado, antes de mais nada, aos silêncios e omissões de diferentes autoridades e instituições. Tal postura não deixa de revelar o quadro de fatalismo e perplexidade a que chegamos e não por acaso! Pois não há mesmo muito a se fazer com o modelo atual de segurança pública.

Em face de uma trama social que se torna cada vez mais complexa, a verdade é que não há como insistir com respostas casuísticas, provisórias e crescentemente brutais, que sintomaticamente já não podem prescindir do apoio recorrente das Forças Armadas.

Mas se é assim, que ao menos se reconheça, com honestidade, a necessidade de enfrentarmos um amplo debate sobre a reforma estrutural das instituições de segurança pública, a começar pelas polícias civil e militar. A cada dia, sua incompatibilidade com o projeto de democracia se mostra mais explícita.

O sofrimento de quem convive diariamente sob a tortura da loteria dos tiroteios nos territórios populares não terá como ser reparado, mas ainda não é tarde demais para mobilizarmos energia para esse debate.

No caso do Rio de Janeiro, o mínimo aceitável seria exigir que as autoridades, de um lado, contribuíssem para precipitar esta discussão e, de outro, interrompessem imediatamente a escalada do descalabro que elas vêm chancelando, movidas sabe-se lá por que tipo de cálculo.

 

Adaptado a partir de: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-indiferenca-com-a-violencia-nasfavelas-do-rio-de-janeiro /. Acesso em 10 de maio de 2018.

A
expositivo, por apresentar de forma neutra uma tese sem a intenção de comprová-la
B
argumentativo, uma vez que apresenta uma tese e argumentos a fim de comprová-la.
C
descritivo, por apresentar pormenores constitutivos de cenas da política carioca.
D
narrativo, por apresentar relações de mudança de estado em uma sequencia temporal.
E
injuntivo, por apresentar interlocução direta do texto para com o leitor.
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MACKENZIE 2019 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais

A respeito do gênero literário crônica, indique a alternativa correta.

Texto para a questão



A
Cidade, relações de trabalho e comportamentos cotidianos, três temáticas presentes no trecho de “Vergonha de viver”, revelam-se como invenções originais de Lispector, pois aparecem pouco nas crônicas brasileiras como um todo.
B
Há pouquíssima conexão da crônica com o jornalismo e a consolidação da imprensa, pois sua origem remete aos imemoriais contos mitológicos compartilhados pelas sociedades primitivas ao longo dos séculos.
C
Linguagem especializada, jargões técnicos e densidade teórica: essas são típicas características de uma crônica. Tais características são observáveis em profusão na crônica de Lispector intitulada “Vergonha de viver”.
D
“Crônica” é sinônimo para “conto”, haja vista serem os dois gêneros literários narrativas curtas focadas na criação de tensão no enredo e no desenvolvimento de problemas sociais e psicológicos de personagens.
E
Apesar de ter surgido no século XIX, a crônica, ao longo do século XX e agora no século XXI, mantém suas principais características até hoje: brevidade, interesse pelos fatos do cotidiano e acessível comunicabilidade.
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UFRGS 2019 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Uso das aspas, Pontuação, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia a crônica "Farra", de Millôr Fernandes.

Nossa modesta profissão - "artista" ou "escritor" - tem uma incrível concorrência amadora. Todo medico, engenheiro, ou físico, sempre desenha melhor do que nos; todo arquiteto, biólogo ou construtor, nas horas de folga, escrevem coisas que ... nem Flaubert, pô! Todos, naturalmente, esperando se aposentar de suas coisas mais serias e profundas para se dedicar full-time a estas (nossas) atividades e provar que apenas não tinham tempo disponível. Mas se pensam que não vou reagir, estão enganados. Também estou apenas esperando me aposentar para ser um militar amador ou melhor, por que não?, um ginecologista amador. Ou não pode?

Considere as seguintes afirmações sabre a crônica.

I - O uso de aspas em "artista" e "escritor" marca a ironia em relação a profissões reconhecidas, coma medico, engenheiro ou físico.
II - O autor quer se aposentar para ser ginecologista amador.
Ill- O uso da ironia permite discutir o que e ser profissional ou amador.

Quais estão corretas?

A
Apenas I.
B
Apenas II.
C
Apenas III.
D
Apenas I e III.
E
I, II e III.
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UFRGS 2019 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia as seguintes afirmações sabre os sonetos "Horas rubras" e "Suavidade", de Florbela Espanca.

I - Em ambos os sonetos, o sujeito lírico discute o fazer poético, ao lado da temática amorosa.
II - Em "Horas rubras", o sujeito lírico fala do amor sensual.
III- Em "Suavidade", o sujeito Iírico fala do amor fraternal.

Quais estão corretas?

A
Apenas I.
B
Apenas III.
C
Apenas I e II.
D
Apenas II e III.
E
I, II e III.
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UEG 2016 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em razão das características do gênero textual, o autor busca imprimir ao seu texto um tom mais informal e próximo do uso cotidiano da língua. Essa escolha estilística pode ser exemplificada pelo uso da seguinte construção:

Leia o texto a seguir para responder à questão.




A
“... nem recomendando-o de fato” (linha 11).
B
“... ao contrário do que se poderia pensar...” (linha 30).
C
“Vejam-se esses versos de Murilo Mendes...” (linha 18).
D
“...se o padrão vem da fala dos bacanas...” (linhas 32-33).
E
“... dizemos aos alunos e aos demais interessados...” (linhas 34-35).
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ULBRA 2018 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Funções da Linguagem: emotiva, apelativa, referencial, metalinguística, fática e poética.

O texto de Eugênio Bucci:


I – é uma crônica.

II – é um miniconto.

III – apresenta função predominantemente fática.


Está (ão) correta (s):

Instrução: A questão refere-se ao texto Você anda espalhando mentiras por aí, de Eugênio Bucci, disponível em https://epoca.globo.com/politica/eugenio-bucci/noticia/2017/08/voce-anda-espalhando-mentiras-por-ai.html

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A
Apenas a I.
B
Apenas I e II.
C
Apenas I e III.
D
I, II e III.
E
Apenas a III.
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UNICAMP 2020, UNICAMP 2020, UNICAMP 2020, UNICAMP 2020 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais

Considerando as características do gênero discursivo entrevista, assinale a alternativa que descreve corretamente o texto 1.

Texto 1


P: Assistimos nesta pandemia a segmentos da sociedade que embarcaram num processo de relativizar a gravidade da doença. Como a psicanálise explica o negacionismo?

R: Poucas pessoas se dão conta de que a expressão negacionismo vem da psicanálise. Freud tem um texto clássico, chamado A negação, sobre a nossa atitude diante de realidades que são mais dolorosas ou complexas do que conseguimos aguentar. Essa é uma atitude muito básica, muito simples, é o começo de muitas outras formas de negação e foi descrita ali no início da psicanálise. (...) A chegada do novo coronavírus pegou o Brasil em meio a dois processos particulares: a divisão social discursiva e a pauperização da vida econômica e dos direitos trabalhistas. A retórica de campanha eleitoral, tornada depois método de governo, baseada na produção contínua de inimigos imaginários, foi impactada pela chegada de um inimigo real, biológico e natural. (...) A pandemia não é inimigo político, não é um inimigo intencional, é um fato que vem da natureza, vem desse lugar terceiro, algo que nos une. Mas num governo que adota esse método, não se pode admitir que exista esse terceiro, algo que nos une, porque esse terceiro destrói a retórica da produção contínua de inimigos. Nada mais óbvio que isso gerasse a resposta descrita por Freud como a negação. E por que o negacionismo é importante como método deste governo? Para criar os processos de transferência de autoridade simbólica das instituições para a autoridade pessoal de quem as desafia.


P: Em sua avaliação, qual é o impacto social desta conduta no enfrentamento da COVID-19?

R: O negacionismo representou um prejuízo dramático para o enfrentamento da COVID-19, custou a vida de milhares de brasileiros, nos colocou no segundo lugar do número de mortes no mundo (...). Nessa hora, para que todos fizessem o sacrifício das restrições, seria esperado que figuras de autoridade dissessem: vai ser muito difícil, mas faço em nome de alguém. Mas, nessa hora encontramos uma divisão na política sanitária, marcada por uma hesitação e pela negação do consenso científico. (...)


P: Embora a educação formal seja, em princípio, um elemento central para combater o negacionismo, há também pessoas adultas e de alta escolaridade que adotam alguns raciocínios simplificadores para o enfrentamento da COVID-19. O negacionismo se vincula a algum tipo de regressão intelectual?

R: Quando apresentei a ideia de negação, disse que ela ocorre por algo doloroso ou algo que supera a nossa capacidade de simbolização por ser excessivamente complexo. Vamos encontrar a ideia de anomia em Émile Durkheim, da impossibilidade de reconhecer uma sociedade que se torna mais complicada do que os nossos dispositivos de interpretação. O que ela desencadeia? A regressão, as formas de pensamento regressivas. Voltamos da instituição que representa a razão no seu sentido impessoal para as instituições que representam a razão no sentido pessoal: voltamos para a família. Como a ideia de que a Terra é plana, entre várias outras, se infiltra aí? Ao questionar verdades muito sólidas, muito consensuais, você mostraria que a ciência não está dando as respostas que gostaria para todas as perguntas que você tem. (...) Ao conseguir dividir a autoridade simbólica, se produzem efeitos de reempoderamento da autoridade política particular. (...)


(Adaptado de O negacionismo como arma de destruição durante a pandemia. Entrevista com o psicanalista Christian Dunker. Estado de Minas, 24/07/2020. Disponível em https://www.em.com.br. Acessado em 05/11/2020.)

A
Mesmo se tratando de um fragmento da entrevista completa, é possível observar como a interação entre entrevistador e entrevistado marca a progressão temática do texto.
B
A entrevista é definida como um gênero opinativo do jornalismo; assim, o texto 1 não apresenta a objetividade necessária para discutir temas relacionados à ciência.
C
Apesar de se tratar de parte de uma entrevista com um especialista, quase não se observam, no texto, marcas linguísticas de subjetividade e informalidade.
D
Ao ser transposta para a forma escrita, a entrevista perdeu a interlocução (a dinâmica face a face da situação oral) e, assim, seu caráter dialógico.
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ENEM 2020 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais

A análise dos elementos constitutivos desse texto, como forma de composição, tema e estilo de linguagem, permite identificá-lo como

   Isaac Newton nasceu em 4 de janeiro de 1643, no condado de Lincolnshire, Inglaterra. Filho de fazendeiros, o cientista, físico e matemático nunca conheceu seu pai, morto três meses antes de o filho nascer.


   Estudou na escola King’s School, onde era um aluno mediano. Entretanto, depois de uma briga com um colega de classe, começou a se esforçar mais nos estudos. Passou então a ser um dos melhores alunos da escola. O sucesso nos estudos levou Newton a entrar na Faculdade Trinity, em Cambridge, onde auxiliava outros alunos em troca de uma bolsa de estudos paga pela faculdade.

   

    Newton se interessava pelos pioneiros da ciência, como o filósofo Descartes e os astrônomos Copérnico, Galileu e Kepler. Depois de formado, fez estudos em matemática e foi eleito professor da matéria em 1669. Em 1670, começou a dar aulas de ótica. Nessa época, demonstrou como, através de um prisma, é possível separar a luz branca nas cores do arco-íris.


   Em 1679, o cientista inglês voltou-se para mecânica e os efeitos da gravitação sobre as órbitas dos planetas. Em 1687, publicou o livro Principia mathematica, em que demonstrou as três leis universais do movimento. Com esse livro, Newton ganhou reconhecimento mundial.


Disponível em: www.invivo.fiocruz.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado).

A
didático, já que explica a importância das contribuições de Isaac Newton.
B
jornalístico, pois dá a conhecer fatos relacionados a Isaac Newton.
C
científico, pois investiga informações sobre Isaac Newton.
D
ensaístico, já que discute fatos da vida de Isaac Newton.
E
biográfico, pois narra a trajetória de vida de Isaac Newton.
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ENEM 2020 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto


NOVAES, C. O menino sem imaginação. São Paulo: Ática, 1993.


O gênero capa de livro tem, entre outras, a função de antecipar uma possível leitura a ser feita da obra em questão. Pela leitura dessa capa, infere-se que seu criador teve como propósito

A
criticar a alienação das crianças promovida pela forte presença das mídias de massa em seu cotidiano.
B
alertar os pais sobre a má influência das tecnologias para o desenvolvimento infantil.
C
satirizar o nível de criatividade de meninos isolados do convívio com seu grupo.
D
condenar o uso recorrente de aparatos eletrônicos pelos jovens na atualidade.
E
censurar o comportamento dos pais em relação à educação dada aos filhos.
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ENEM 2020 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais

Roberto Segre. Arquiteto do mundo.


Nascido em Milão, em 1934, o arquiteto Roberto Segre emigrou para a Argentina aos cinco anos, fugindo do fascismo italiano. Ainda jovem, aos 29 anos, mudou-se para Cuba, onde permaneceu dando aulas de história da arquitetura e urbanismo na Universidade de Havana até 1994. Segre se mudaria definitivamente para o Brasil, em 1994, a convite da UFRJ. Em 2007, recebeu o título de doutor honoris causa pelo Instituto Superior Politécnico de Havana. Roberto Segre morreu, na manhã de anteontem, aos 78 anos, atropelado por um motociclista, quando caminhava na Praia de Icaraí, em Niterói, onde morava. Ele chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo será velado amanhã, das 9 h às 17 h, no Palácio Universitário da UFRJ, Avenida Pasteur, 250, na Praia Vermelha, Urca.


Disponível em: www.iabrj.org.br. Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado).


Na organização desse texto, observam-se traços comumente característicos de biografias, entretanto, trata-se de um(a)

A
aviso, pois sua função é advertir o leitor sobre o perigo de se caminhar nas orlas.
B
relato, pois descreve o acidente envolvendo um motociclista e seus desdobramentos.
C
obituário, pois tem o propósito de levar ao leitor informações sobre o velório do professor.
D
anúncio, pois divulga o recebimento do título de doutor honoris causa pelo professor morto.
E
notícia, pois seu objetivo é informar o leitor sobre o acidente, seguido da morte do professor.
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ENEM 2020 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O Brasil (descrição física e política)


O Brasil é um país maior do que os menores e menor do que os maiores. É um país grande, porque, medida sua extensão, verifica-se que não é pequeno. Divide-se em três zonas climatéricas absolutamente distintas: a primeira, a segunda e a terceira. Sendo que a segunda fica entre a primeira e a terceira. Há muitas diferenças entre as várias regiões geográficas do país, mas a mais importante é a principal. Na agricultura faz-se exclusivamente o cultivo de produtos vegetais, enquanto a pecuária especializa-se na criação de gado. A população é toda baseada no elemento humano, sendo que as pessoas não nascidas no país são, sem exceção, estrangeiras. Tão privilegiada é hoje, enfim, a situação do país que os cientistas procuram apenas descobrir o que não está descoberto, deixando para a indústria tudo o que já foi aprovado como industrializável e para o comércio tudo o que é vendável. É, enfim, o país do futuro, e este se aproxima a cada dia que passa.


FERNANDES, M. In: ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível.

São Paulo: Parábola, 2009 (adaptado).


Em relação ao propósito comunicativo anunciado no título do texto, esse gênero promove uma quebra de expectativa ao

A
abordar aspectos físicos e políticos do país de maneira impessoal.
B
apresentar argumentos plausíveis sobre a estrutura geopolítica do Brasil.
C
tratar aspectos físicos e políticos do país por meio de abordagem cômica.
D
trazer informações relevantes sobre os aspectos físicos e políticos do Brasil.
E
propor uma descrição sucinta sobre a organização física e política do Brasil.
4104dc4b-6a
URCA 2021 - Português - Interpretação de Textos, Adjetivos, Gêneros Textuais, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o trecho a seguir e assinale a alternativa que contém uma assertiva ERRADA sobre o texto:

“O prédio de onde Miguel caiu é uma das “torres gêmeas”, encravadas em local de patrimônio histórico, entre diversas construções tombadas, e que foram levantadas debaixo de disputa judicial. Os dois espigões de alto luxo de 41 andares foram alvo de protesto e apagados do filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que tinha como um de seus temas justamente a especulação imobiliária promovida pela elite. 
A historiadora Larissa Ibúmi, mestranda em história social da diáspora centro-africana, usou seu Instagram para chamar a atenção do componente racista da trágica morte de Miguel. “A história desse país de herança escravista (e esta história) mostra que, para essa patroa branca, uma criança negra não vale mais que seus cachorros. Hoje eu novamente tenho dificuldade de respirar pensando na mãe de Miguel e em todas as mães de crianças pretas nesse país”, escreveu.” (VASCONCELLOS, Caê. EL PAIS, “Enquanto as redes falavam ‘blacklivesmatter’, perdemos outra criança negra para o racismo”, 04 Jun. 2020.
Disponível em < https://brasil.elpais.com/brasil/2020-06- 05/enquanto-as-redes-falavam-blacklivesmatter-perdemos- outra-crianca-negra-para-o-racismo-enraizado.html>)

A
É característico do gênero discursivo “notícia de jornal” o recurso a informações que permitem ao leitor contextualizar aspectos da notícia. A referência ao prédio de “alto luxo” funciona segundo este princípio, sublinhando a riqueza dos moradores.
B
A citação da manifestação da historiadora Larissa Ibúmi ajuda o texto a defender uma linha argumentativa que associa o racismo ao problema da desigualdade econômica.
C
A descrição da qualificação da pesquisadora citada no texto confere ao trecho citado um reforço de autoridade, por se tratar de uma declaração proferida por uma estudiosa que desenvolve pesquisa aprofundada sobre um tema.
D
A referência ao filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, evidencia que o texto busca expressar pontos de vista divergentes, o que se compreende pelo fato de o gênero “notícia de jornal” pautar-se pela imparcialidade.
E
A ocorrência dos termos “criança negra” e “crianças pretas” demonstra que o emprego dos dois adjetivos é legítimo, sendo errôneo deduzir que todo emprego do adjetivo preto/preta implica uma conotação racista.
fa39edbc-6b
ENEM 2020 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Ponto morto


A minha primeira mulher

se divorciou do terceiro marido.

A minha segunda mulher

acabou casando com a melhor amiga dela.

A terceira (seria a quarta?)

detesta os filhos do meu primeiro casamento.

Estes, por sua vez, não suportam os filhos

do terceiro casamento da minha primeira mulher.

Confesso que guardo afeto pelas minhas ex-sogras.

Estava sozinho

quando um dos meus filhos acenou para mim no

meio do engarrafamento.

A memória demorou para engatar seu nome.

Por segundos, a vida parou em ponto morto.


MASSI, A. A vida errada. Rio de Janeiro: 7Letras, 2001.


No poema, a singularidade da situação representada é efeito da correlação entre

A
a dissipação das identidades e a circulação de sujeitos anônimos.
B
as relações familiares e a dinâmica da vida no espaço urbano.
C
a constatação da incomunicabilidade e a solidão humana.
D
o trânsito caótico e o impedimento à expressão afetiva.
E
os lugares de parentesco e o estranhamento social.