Questõesde ENEM 2019 sobre Português
Você vende uma casa, depois de ter morado nela
durante anos; você a conhece necessariamente melhor
do que qualquer comprador possível. Mas a justiça
é, então, informar o eventual comprador acerca de
qualquer defeito, aparente ou não, que possa existir
nela, e mesmo, embora a lei não obrigue a tanto,
acerca de algum problema com a vizinhança. E, sem
dúvida, nem todos nós fazemos isso, nem sempre, nem
completamente. Mas quem não vê que seria justo fazê-lo e que
somos injustos não o fazendo? A lei pode ordenar essa
informação ou ignorar o problema, conforme os casos;
mas a justiça sempre manda fazê-lo.
Dir-se-á que seria difícil, com tais exigências, ou
pouco vantajoso, vender casas... Pode ser. Mas onde
se viu a justiça ser fácil ou vantajosa? Só o é para quem
a recebe ou dela se beneficia, e melhor para ele; mas só
é uma virtude em quem a pratica ou a faz.
Devemos então renunciar nosso próprio interesse?
Claro que não. Mas devemos submetê-lo à justiça, e
não o contrário. Senão? Senão, contente-se com ser
rico e não tente ainda por cima ser justo.
COMTE-SPONVILLE, A. Pequeno tratado das grandes virtudes.
São Paulo: Martins Fontes, 1995.
No processo de convencimento do leitor, o autor desse
texto defende a ideia de que
As montanhas correm agora, lá fora, umas atrás das
outras, hostis e espectrais, desertas de vontades novas
que as humanizem, esquecidas já dos antigos homens
lendários que as povoaram e dominaram.
Carregam nos seus dorsos poderosos as pequenas
cidades decadentes, como uma doença aviltante e
tenaz, que se aninhou para sempre em suas dobras.
Não podendo matá-las de todo ou arrancá-las de si
e vencer, elas resignam-se e as ocultam com sua
vegetação escura e densa, que lhes serve de coberta, e
resguardam o seu sonho imperial de ferro e ouro.
PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Artium, 2001.
As soluções de linguagem encontradas pelo narrador
projetam uma perspectiva lírica da paisagem
contemplada. Essa projeção alinha-se ao poético na
medida em que
— Não digo que seja uma mulher perdida, mas recebeu uma educação muito livre, saracoteia sozinha por
toda a cidade e não tem podido, por conseguinte, escapar à implacável maledicência dos fluminenses. Demais,
está habituada ao luxo, ao luxo da rua, que é o mais caro; em casa arranjam-se ela e a tia sabe Deus como. Não
é mulher com quem a gente se case. Depois, lembra-te que apenas começas e não tens ainda onde cair morto.
Enfim, és um homem: faze o que bem te parecer.
Essas palavras, proferidas com uma franqueza por tantos motivos autorizada, calaram no ânimo do bacharel.
Intimamente ele estimava que o velho amigo de seu pai o dissuadisse de requestar a moça, não pelas consequências
morais do casamento, mas pela obrigação, que este lhe impunha, de satisfazer uma dívida de vinte contos de réis,
quando, apesar de todos os seus esforços, não conseguira até então pôr de parte nem o terço daquela quantia.
AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20 ago. 2017.
O texto, publicado no fim do século XIX, traz à tona representações sociais da sociedade brasileira da época. Em
consonância com a estética realista, traços da visão crítica do narrador manifestam-se na
As alegres meninas que passam na rua, com suas
pastas escolares, às vezes com seus namorados.
As alegres meninas que estão sempre rindo,
comentando o besouro que entrou na classe e pousou
no vestido da professora; essas meninas; essas coisas
sem importância.
O uniforme as despersonaliza, mas o riso de
cada uma as diferencia. Riem alto, riem musical, riem
desafinado, riem sem motivo; riem.
Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca
mais voltassem a rir e falar coisas sem importância.
Faltava uma delas. O jornal dera notícia do crime.
O corpo da menina encontrado naquelas condições, em
lugar ermo. A selvageria de um tempo que não deixa
mais rir. As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se
adultas de uma hora para outra; essas mulheres.
ANDRADE, C. D. Essas meninas. Contos plausíveis.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.
No texto, há recorrência do emprego do artigo “as” e
do pronome “essas”. No último parágrafo, esse recurso
linguístico contribui para
Como a percepção do tempo muda de acordo
com a língua
Línguas diferentes descrevem o tempo de maneiras
distintas — e as palavras usadas para falar sobre ele
moldam nossa percepção de sua passagem. O estudo “Distorção temporal whorfiana:
representando duração por meio da ampulheta da língua”,
publicado no jornal da APA (Associação Americana de
Psicologia), mostra que conceitos abstratos, como a
percepção da duração do tempo, não são universais. Os autores não só verificaram uma mudança da
percepção temporal conforme a língua falada como
observaram que a transição de uma língua para outra por
um mesmo indivíduo modificava sua estimativa de uma
duração de tempo. Isso implica que visões diferentes de
tempo convivem no cérebro de um indivíduo bilíngue. “O fato de que pessoas bilíngues transitam entre
essas diferentes formas de estimar o tempo sem
esforço e inconscientemente se encaixa nas evidências
crescentes que demonstram a facilidade com que a
linguagem se entremeia furtivamente em nossos sentidos
mais básicos, incluindo nossas emoções, percepção
visual e, agora, ao que parece, nossa sensação de
tempo”, disse o pesquisador ao site Quartz. LIMA, J. D. Disponível em: www.nexojornal.com.br.
Acesso em: 24 ago. 2017.
O texto relata experiências e resultados de um estudo
que reconhece a importância
TEXTO I
Fotografia em preto e branco de músico da cultura lupa (norte de
Angola) tocando uma kalimba ou lamelofone.
INTERNATIONAL Library of African Music, Angola.
Disponível em: http://keywordsuggest.org. Acesso em: 18 ago. 2017.
TEXTO II
Manifestação carnavalesca registrada por Debret (1826): escravos
vestidos como europeus, em cortejo musical, à época do Império.
DEBRET, J.-B. Disponível em: http://koyre.ehess.fr.
Acesso em: 18 ago. 2017
O instrumento feito de lâminas metálicas e cabaça é comum a manifestações musicais na África e no Brasil.
Nos textos, apesar de figurarem em contextos geográficos separados pelo Oceano Atlântico e terem cerca de um
século de distanciamento temporal, a semelhança do instrumento demonstra a
TEXTO I
Fotografia em preto e branco de músico da cultura lupa (norte de Angola) tocando uma kalimba ou lamelofone.
INTERNATIONAL Library of African Music, Angola. Disponível em: http://keywordsuggest.org. Acesso em: 18 ago. 2017.
TEXTO II
Manifestação carnavalesca registrada por Debret (1826): escravos vestidos como europeus, em cortejo musical, à época do Império.
DEBRET, J.-B. Disponível em: http://koyre.ehess.fr. Acesso em: 18 ago. 2017
O instrumento feito de lâminas metálicas e cabaça é comum a manifestações musicais na África e no Brasil.
Nos textos, apesar de figurarem em contextos geográficos separados pelo Oceano Atlântico e terem cerca de um
século de distanciamento temporal, a semelhança do instrumento demonstra a
A identificação simbólica que existe na cultura
esportiva pode ser um fator determinante nas ações
potencialmente agressivas dos espectadores e
torcedores de futebol. Essa identificação em indivíduos
que não têm uma identidade própria pode levá-los a não
perceber os limites entre a sua vida e a sua equipe, ou
entre a sua vida e a vida de um ídolo (jogador), e, dessa
forma, passar a viver suas emoções basicamente por
meio de acontecimentos esportivos, do sucesso e da
derrota de seu clube predileto. Alguns dos torcedores
organizados dedicam a vida à sua torcida. Vivem para
ela e, por ela, chegam a perder qualquer outra referência,
pois é essa experiência compensatória que lhes dá
identidade. A probabilidade de um indivíduo se tornar um
torcedor fanático está diretamente relacionada com a
construção da sua identidade. Por isso, é imprescindível
o desenvolvimento de relações e valores próprios que o
ajudarão a delinear o limite entre ele e a sua equipe, ou
entre ele e um jogador de futebol.
REIS, H. H. B. Futebol e violência. Campinas: Armazém do Ipê;
Autores Associados, 2006 (adaptado).
Partindo da discussão sobre as relações entre o torcedor
e seu clube, observa-se que o fanatismo futebolístico
Disponível em: portal.pmf.sc.gov.br. Acesso em: 27 jun. 2015.
As informações presentes na campanha contra o
bullying evidenciam a intenção de
Disponível em: portal.pmf.sc.gov.br. Acesso em: 27 jun. 2015.
As informações presentes na campanha contra o
bullying evidenciam a intenção de