Questõesde CEDERJ sobre Português

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Foram encontradas 124 questões
52e4758c-36
CEDERJ 2016 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Conjunções: Relação de causa e consequência, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No enunciado: “Na primeira reunião com a população surgiram curiosos mal-entendidos que revelam a dificuldade de tradução não de palavras, mas de pensamento”. (linhas 28-30), a conjunção sublinhada dá ideia de

                                                         Texto 1                   
                               Línguas que não sabemos que sabíamos
                                                    (fragmento)1
                                                                                 Mia Couto 
1 Foi mantido o texto original. Mia Couto é um renomado escritor moçambicano, com obra literária extensa e diversificada, incluindo poesia, contos, romance e crônicas.
A
conformidade.
B
conclusão.
C
condição.
D
retificação.
52e10263-36
CEDERJ 2016 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Para obter efeitos de sentido, os autores costumam valer-se de diferentes recursos semânticos, como a metáfora em:

                                                         Texto 1                   
                               Línguas que não sabemos que sabíamos
                                                    (fragmento)1
                                                                                 Mia Couto 
1 Foi mantido o texto original. Mia Couto é um renomado escritor moçambicano, com obra literária extensa e diversificada, incluindo poesia, contos, romance e crônicas.
A
“Por exemplo, conceitos que nos parecem universais como Natureza, Cultura e Sociedade são de difícil correspondência”. (linhas 8-10)
B
“Nem sempre as palavras servem de ponte na tradução desses mundos diversos”. (linhas 6-8)
C
“As línguas e as culturas fazem como as criaturas...”. (linha 1)
D
“‘Somos cientistas’, disseram eles”. (linha 36)
52cd062c-36
CEDERJ 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Ao falar da relação entre linguagem e mundo, o professor José Carlos Azeredo (2007) ressalta que a linguagem não é uma simples ferramenta ou instrumento, tampouco o espelho de um mundo de objetos e fenômenos, porque o que nossos textos significam resulta da filtragem e modelação de nossas experiências; em outras palavras, a transformação de nossas experiências de mundo em matéria textual envolve fatores socioculturais de propriedade coletiva.
Indique o fragmento de texto que melhor exemplifica o enunciado acima:

                                                         Texto 1                   
                               Línguas que não sabemos que sabíamos
                                                    (fragmento)1
                                                                                 Mia Couto 
1 Foi mantido o texto original. Mia Couto é um renomado escritor moçambicano, com obra literária extensa e diversificada, incluindo poesia, contos, romance e crônicas.
A
“No pódio estavam os cientistas que falavam em inglês, eu, que traduzia para o português, e um pescador que traduzia de português para a língua local, o chidindinhe”. (linhas 30-33)
B
“As línguas e as culturas fazem como as criaturas: trocam genes e inventam simbioses como resposta aos desafios do tempo e do meio ambiente”. (linhas 1-3)
C
“ Na primeira reunião com a população surgiram curiosos mal-entendidos que revelam a dificuldade de tradução não de palavras, mas de pensamento”. (linhas 28-30)
D
“A verdade é que, munidos de boa-fé, os cientistas traziam malas com projectores de slides e filmes”. (linhas 21-23)
73adc87c-b8
CEDERJ 2015 - Português - Interpretação de Textos

    Na frase “É por isso que as árvores deliram", “isso" se refere a

A
“Gorjeio é mais bonito do que canto". (linha 1)
B
“a pássara está enamorada". (linha 3)
C
“Ela se enfeita e bota novos meneios na voz.". (linha 4)
D
“as árvores ficam loucas". (linha 6)
73a93bae-b8
CEDERJ 2015 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

No processo de coesão lexical, o mecanismo de substituição pode se realizado por meio da sinonímia, em que há a substituição de expressões que compartilham os mesmos traços semânticos. Sabe-se, no entanto, que não existem sinônimos perfeitos. Justifique essa afirmativa – de que não existem sinônimos perfeitos – levando em consideração os termos sublinhados em:

A
Gorjeio é mais bonito do que canto porque nele se inclui a sedução.". (linhas 1 e 2)
B
“É quando a pássara está enamorada que ela gorjeia.". (linha 3)
C
“É por isso que as árvores ficam loucas se estão gorjeadas.". (linha 6)
D
“As flores dessas árvores depois nascerão mais perfumadas.". (linha 10)
73a3f392-b8
CEDERJ 2015 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Para expressar a beleza do gorjeio da pássara, no verso “Seria como perfumar-se a moça para ver o namorado", é utilizado o seguinte recurso:

A
Metáfora.
B
Comparação.
C
Metonímia.
D
Hipérbole.
739f17c1-b8
CEDERJ 2015 - Português - Uso dos conectivos, Sintaxe

    “ colhia rosas ao anoitecer..." (linha 1). O conector sublinhado expressa a ideia de

O Jardineiro

Lygia Fagundes Telles

Só colhia rosas ao anoitecer porque durante o sono elas não sentiam o aço frio da tesoura. Uma noite ele sonhou que cortava as hastes de manhã, em pleno sol, as rosas despertas e gritando, sangrando na altura do corte das cabeças decepadas. Quando ele acordou viu que estava com as mãos sujas de sangue.

TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. 6.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 78

A
inclusão.
B
realce.
C
causa.
D
exclusão.
739a038e-b8
CEDERJ 2015 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual

O tipo textual predominante no texto é o:

O Jardineiro

Lygia Fagundes Telles

Só colhia rosas ao anoitecer porque durante o sono elas não sentiam o aço frio da tesoura. Uma noite ele sonhou que cortava as hastes de manhã, em pleno sol, as rosas despertas e gritando, sangrando na altura do corte das cabeças decepadas. Quando ele acordou viu que estava com as mãos sujas de sangue.

TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. 6.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 78

A
descritivo, pois são expressas características dos seres (“aço frio", “as rosas despertas", “cabeças decepadas", “mãos sujas") e modos de agir (“em pleno sol").
B
argumentativo, pois são expressas relações de causa e efeito com finalidade persuasiva (“Só colhia rosas ao anoitecer porque durante o sono elas não sentiam o aço frio da tesoura.").
C
narrativo, pois estão expressas ações atribuídas a um personagem (“sonhou", “cortava as hastes", “acordou") e essas progridem na linha do tempo.
D
injuntivo, pois são expressas ideias de influência direta quanto ao interlocutor (“as rosas despertas e gritando").
e3c97736-96
CEDERJ 2015 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

“Andávamos por esse tempo na febre dos melhoramentos, das construções; e, a todo momento, ele lembrava a este ou àquele jornal uma ideia.” (linhas 7-9)

Para obter efeitos de sentido, os autores costumam valerse de diferentes recursos semânticos. A expressão sublinhada no fragmento acima – “febre dos melhoramentos” – exemplifica um caso de:

                                     Ele e suas ideias
                                                                         Lima Barreto

 

(LIMA BARRETO. Ele e suas ideias. In: Para gostar de ler,
volume 8, contos. São Paulo: Ática, p. 51-54)

1 Revista humorística surgida em 1927, dedicada, principalmente, à caricatura. (N.E.)
2 Cavanhaque.
3 Edison foi o inventor do telégrafo e Marconi, das ondas de rádio.


A
personificação.
B
ironia.
C
metáfora.
D
eufemismo.
e3ce3f6c-96
CEDERJ 2015 - Português - Interpretação de Textos, Sintaxe

O enunciado “e, de tal modo, a mania de ter ideias o tomou, que não se limitava a deixá-las pelos jornais” (linhas 11-12) veicula a ideia de causa / consequência.

Assinale a alternativa cujo sentido difere ao do fragmento em destaque.

                                     Ele e suas ideias
                                                                         Lima Barreto

 

(LIMA BARRETO. Ele e suas ideias. In: Para gostar de ler,
volume 8, contos. São Paulo: Ática, p. 51-54)

1 Revista humorística surgida em 1927, dedicada, principalmente, à caricatura. (N.E.)
2 Cavanhaque.
3 Edison foi o inventor do telégrafo e Marconi, das ondas de rádio.


A
A mania de ter ideias o tomou, por isso ele não se limitava a deixá-las pelos jornais.
B
Embora a mania de ter ideias o tomasse, ele não se limitava a deixá-las pelos jornais.
C
Como a mania de ter ideias o tomou, ele não se limitava a deixá-las pelos jornais.
D
A mania de ter ideias o tomou, assim ele não se limitava a deixá-las pelos jornais.
e3c46fce-96
CEDERJ 2015 - Português - Crase

O acento grave de “àquele" em “...ele lembrava a este ou àquele jornal uma ideia..." (linha 9).

                                     Ele e suas ideias
                                                                         Lima Barreto

 

(LIMA BARRETO. Ele e suas ideias. In: Para gostar de ler,
volume 8, contos. São Paulo: Ática, p. 51-54)

1 Revista humorística surgida em 1927, dedicada, principalmente, à caricatura. (N.E.)
2 Cavanhaque.
3 Edison foi o inventor do telégrafo e Marconi, das ondas de rádio.


A
evidencia o complemento preposicionado do verbo.
B
mostra que a palavra é proparoxítona.
C
representa uma inovação ortográfica.
D
é indicativo da locução adverbial.
e3be088b-96
CEDERJ 2015 - Português - Interpretação de Textos

A “tragédia íntima e interior" do personagem descrito no primeiro parágrafo se explica no seguinte trecho:

                                     Ele e suas ideias
                                                                         Lima Barreto

 

(LIMA BARRETO. Ele e suas ideias. In: Para gostar de ler,
volume 8, contos. São Paulo: Ática, p. 51-54)

1 Revista humorística surgida em 1927, dedicada, principalmente, à caricatura. (N.E.)
2 Cavanhaque.
3 Edison foi o inventor do telégrafo e Marconi, das ondas de rádio.


A
“...logo que se fazia anunciar, o chefe da cidade dizia para o secretário: 'Esse diabo!'" (linhas 19-20).
B
“Andávamos por esse tempo na febre dos melhoramentos, das construções..." (linhas 7-8).
C
“Procurava ministros, fazia requerimentos aos corpos legislativos, propondo tais e tais medidas." (linhas 13-14).
D
“Os poderes públicos não tomaram na devida conta seus projetos; os jornais não o apontavam à admiração do público..." (linhas 23-25).
e3b812bd-96
CEDERJ 2015 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual

Textos são construídos com base em uma tipologia textual. Esses tipos podem aparecer de forma exclusiva ou mesclada em um texto. Identifique o tipo textual do fragmento seguinte:

“Era um homem pequeno, magro, com um reduzido cavaignac (...)” (linhas 2-3)

                                     Ele e suas ideias
                                                                         Lima Barreto

 

(LIMA BARRETO. Ele e suas ideias. In: Para gostar de ler,
volume 8, contos. São Paulo: Ática, p. 51-54)

1 Revista humorística surgida em 1927, dedicada, principalmente, à caricatura. (N.E.)
2 Cavanhaque.
3 Edison foi o inventor do telégrafo e Marconi, das ondas de rádio.


A
Narração.
B
Descrição.
C
Argumentação.
D
Injunção.
c65208d6-96
CEDERJ 2014 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Uso dos conectivos, Sintaxe, Conjunções: Relação de causa e consequência, Morfologia

A conjunção “e" foi usada duas vezes na terceira estrofe, para reforçar a ideia de

Texto 2

                                    Canção de garoa

                                                                              Mário Quintana

                              Em cima do meu telhado
                              Pirulin lulin lulin,
                              Um anjo, todo molhado,
                              Soluça no seu flautim.

                              O relógio vai bater:
                              As molas rangem sem fim.
                              O retrato na parede
                              Fica olhando para mim.

                              E chove sem saber por quê...
                              E tudo foi sempre assim!
                              Parece que vou sofrer:
                              Pirulin lulin lulin...

    QUINTANA, Mário. Nariz de vidro. 4.ed. Editora Moderna, 1984. p. 23.
A
continuidade.
B
soma.
C
contrariedade.
D
alternância.
c64d85c5-96
CEDERJ 2014 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No poema, a onomatopeia utilizada procurar imitar o som

Texto 2

                                    Canção de garoa

                                                                              Mário Quintana

                              Em cima do meu telhado
                              Pirulin lulin lulin,
                              Um anjo, todo molhado,
                              Soluça no seu flautim.

                              O relógio vai bater:
                              As molas rangem sem fim.
                              O retrato na parede
                              Fica olhando para mim.

                              E chove sem saber por quê...
                              E tudo foi sempre assim!
                              Parece que vou sofrer:
                              Pirulin lulin lulin...

    QUINTANA, Mário. Nariz de vidro. 4.ed. Editora Moderna, 1984. p. 23.
A
do coração sofrido.
B
dos pés do anjo.
C
do velho relógio.
D
da chuva incessante.
c648f45f-96
CEDERJ 2014 - Português - Interpretação de Textos, Vocativo e Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Diferença entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal, Adjunto Adverbial e Aposto, Preposições, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Tipologia Textual, Sintaxe, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, observando a relação expressa pela preposição “de" e, a seguir, assinale a alternativa que contempla a numeração correta.

(1) As gravatas de Mário Quintana

(2) As gravatas de Pierre Cardin

(3) Os copos de vinho

(4) Os copos de vidro

(5) A casa de campo

(6) A chegada de Paris

( ) Procedência

( ) Tipo

( ) Posse

( ) Autoria

( ) Conteúdo

( ) Matéria

Texto 1

                  As gravatas de Mário Quintana (não basta saber uma língua para entendê-la)

      Como é que uma pessoa se comunica com a outra? Como fazemos para transmitir ideias?

      A resposta parece bastante óbvia: transmitimos ideias usando a língua. Assim, se vou passando na rua e vejo um avestruz (digamos que seja uma rua muito peculiar, onde o tráfego de avestruzes é intenso), digo ao meu amigo: Olha, lá vai um avestruz. Com isso, transmito determinada informação ao meu amigo; em outras palavras, passo para a mente de outra pessoa uma ideia que estava originalmente em minha mente.

      Para isso, evidentemente, é preciso que as duas pessoas em questão conheçam a mesma língua, que ambas chamem aquele animal desajeitado de avestruz; que ambas saibam utilizar os verbos olhar e ir, e assim por diante. Uma vez isso arranjado, as duas pessoas se entenderão. Para que as pessoas se entendam, é necessário – e suficiente – que falem a mesma língua.

      É isso mesmo? Veremos que não. Na verdade, para que se dê a compreensão, mesmo em nível bastante elementar, é necessário que as pessoas tenham muito mais em comum que simplesmente uma língua. Precisam ter em comum um grande número de informações, precisam pertencer a meios culturais semelhantes, precisam mesmo ter, até certo ponto, crenças comuns. Sem isso, a língua simplesmente deixa de funcionar enquanto instrumento de comunicação. Na verdade, a comunicação linguística é um processo bastante precário; depende de tantos fatores que falham com muita frequência, para desânimo de muitos que ficam gemendo Por que é que ele não me entendeu?

      O problema é que o que a língua exprime é apenas uma parte do que se quer transmitir. Geralmente, se pensa no processo de comunicação como uma rua de mão única: a informação passa do falante para o ouvinte (ou do autor para o leitor). Se fosse assim, a estrutura linguística teria de ser suficiente para veicular a mensagem, porque, afinal de contas, a única coisa que o emissor realmente produz é um conjunto de sons (ou de riscos no papel), organizados de acordo com as regras da língua. Mesmo isso, como vimos, depende de alguma coisa por parte do receptor, a saber, o conhecimento das palavras e das regras da língua; mas poderia ser só isso, e as coisas seriam muito mais simples – e, também, talvez os seres humanos se entendessem melhor. (...)

     O significado de uma frase não é simples função de seus elementos constitutivos, mas depende ainda da informação extralinguística. Ou ainda (e aqui me oponho às crenças de boa parte de meus colegas linguistas), uma frase fora de contexto não tem, a rigor, significado.

     Vamos ver o exemplo: seja o sintagma as gravatas de Mário Quintana. Que significa isso? E, em especial, que tipo de relação exprime a preposição de? Evidentemente, de exprime “posse", e o sintagma equivale a as gravatas pertencem a Mário Quintana. Pode parecer, então, que computamos o significado do sintagma simplesmente juntando o significado das palavras: as gravatas + de + Mário Quintana.

      Mas ainda aqui isso é só a primeira impressão. Digamos que o sintagma fosse as gravatas de Pierre Cardin; agora, para alguém que sabe quem é Pierre Cardin, a relação expressa pela preposição de já não precisa ser de posse. Na verdade, é mais provável que se entenda como “autoria", isto é, as gravatas criadas por Pierre Cardin.

      Ora, a preposição é a mesma nos dois casos. De onde vem essa diferença de significado? Simplesmente do que sabemos sobre Mário Quintana (um poeta) e sobre Pierre Cardin (um estilista de moda). Se dissermos os poemas de Mário Quintana, a preposição já não exprimirá posse, mas autoria – porque, já que Mário Quintana é um poeta, é plausível que se fale dos poemas de sua autoria; além do mais, em geral, não se pensa em poemas como tendo possuidor.

      Se a situação é essa, não faz sentido perguntar se o significado da preposição de é de posse ou autoria. Será posse ou autoria segundo o que soubermos dos diversos objetos ou pessoas mencionadas: se se trata de um objeto possuível, como uma gravata, ou não possuível, como um poema; e se se trata de um poeta ou de um costureiro.

                             (PERINI, Mário A. Sofrendo a gramática. São Paulo: Ática, 2000, páginas 57-60.)
A
2 – 5 – 1 – 3 – 4 – 6
B
5 – 3 – 2 – 1 – 4 – 6
C
6 – 5 – 1 – 2 – 3 – 4
D
6 – 5 – 2 – 1 – 4 – 3
c64319a8-96
CEDERJ 2014 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual

Do ponto de vista da estrutura textual, é correto afirmar que o texto “As gravatas de Mário Quintana" é predominantemente

Texto 1

                  As gravatas de Mário Quintana (não basta saber uma língua para entendê-la)

      Como é que uma pessoa se comunica com a outra? Como fazemos para transmitir ideias?

      A resposta parece bastante óbvia: transmitimos ideias usando a língua. Assim, se vou passando na rua e vejo um avestruz (digamos que seja uma rua muito peculiar, onde o tráfego de avestruzes é intenso), digo ao meu amigo: Olha, lá vai um avestruz. Com isso, transmito determinada informação ao meu amigo; em outras palavras, passo para a mente de outra pessoa uma ideia que estava originalmente em minha mente.

      Para isso, evidentemente, é preciso que as duas pessoas em questão conheçam a mesma língua, que ambas chamem aquele animal desajeitado de avestruz; que ambas saibam utilizar os verbos olhar e ir, e assim por diante. Uma vez isso arranjado, as duas pessoas se entenderão. Para que as pessoas se entendam, é necessário – e suficiente – que falem a mesma língua.

      É isso mesmo? Veremos que não. Na verdade, para que se dê a compreensão, mesmo em nível bastante elementar, é necessário que as pessoas tenham muito mais em comum que simplesmente uma língua. Precisam ter em comum um grande número de informações, precisam pertencer a meios culturais semelhantes, precisam mesmo ter, até certo ponto, crenças comuns. Sem isso, a língua simplesmente deixa de funcionar enquanto instrumento de comunicação. Na verdade, a comunicação linguística é um processo bastante precário; depende de tantos fatores que falham com muita frequência, para desânimo de muitos que ficam gemendo Por que é que ele não me entendeu?

      O problema é que o que a língua exprime é apenas uma parte do que se quer transmitir. Geralmente, se pensa no processo de comunicação como uma rua de mão única: a informação passa do falante para o ouvinte (ou do autor para o leitor). Se fosse assim, a estrutura linguística teria de ser suficiente para veicular a mensagem, porque, afinal de contas, a única coisa que o emissor realmente produz é um conjunto de sons (ou de riscos no papel), organizados de acordo com as regras da língua. Mesmo isso, como vimos, depende de alguma coisa por parte do receptor, a saber, o conhecimento das palavras e das regras da língua; mas poderia ser só isso, e as coisas seriam muito mais simples – e, também, talvez os seres humanos se entendessem melhor. (...)

     O significado de uma frase não é simples função de seus elementos constitutivos, mas depende ainda da informação extralinguística. Ou ainda (e aqui me oponho às crenças de boa parte de meus colegas linguistas), uma frase fora de contexto não tem, a rigor, significado.

     Vamos ver o exemplo: seja o sintagma as gravatas de Mário Quintana. Que significa isso? E, em especial, que tipo de relação exprime a preposição de? Evidentemente, de exprime “posse", e o sintagma equivale a as gravatas pertencem a Mário Quintana. Pode parecer, então, que computamos o significado do sintagma simplesmente juntando o significado das palavras: as gravatas + de + Mário Quintana.

      Mas ainda aqui isso é só a primeira impressão. Digamos que o sintagma fosse as gravatas de Pierre Cardin; agora, para alguém que sabe quem é Pierre Cardin, a relação expressa pela preposição de já não precisa ser de posse. Na verdade, é mais provável que se entenda como “autoria", isto é, as gravatas criadas por Pierre Cardin.

      Ora, a preposição é a mesma nos dois casos. De onde vem essa diferença de significado? Simplesmente do que sabemos sobre Mário Quintana (um poeta) e sobre Pierre Cardin (um estilista de moda). Se dissermos os poemas de Mário Quintana, a preposição já não exprimirá posse, mas autoria – porque, já que Mário Quintana é um poeta, é plausível que se fale dos poemas de sua autoria; além do mais, em geral, não se pensa em poemas como tendo possuidor.

      Se a situação é essa, não faz sentido perguntar se o significado da preposição de é de posse ou autoria. Será posse ou autoria segundo o que soubermos dos diversos objetos ou pessoas mencionadas: se se trata de um objeto possuível, como uma gravata, ou não possuível, como um poema; e se se trata de um poeta ou de um costureiro.

                             (PERINI, Mário A. Sofrendo a gramática. São Paulo: Ática, 2000, páginas 57-60.)
A
narrativo, pois se caracteriza por relatar e enumerar elementos da língua.
B
argumentativo, pois apresenta ideias e argumentos do enunciador sobre a língua portuguesa.
C
descritivo, pois retrata aspectos da língua portuguesa sob um ponto de vista estático.
D
injuntivo, pois projeta o leitor no texto, ao lhe fazer perguntas diretas.
c63dcebc-96
CEDERJ 2014 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A ideia central do texto está resumida no seguinte fragmento:

Texto 1

                  As gravatas de Mário Quintana (não basta saber uma língua para entendê-la)

      Como é que uma pessoa se comunica com a outra? Como fazemos para transmitir ideias?

      A resposta parece bastante óbvia: transmitimos ideias usando a língua. Assim, se vou passando na rua e vejo um avestruz (digamos que seja uma rua muito peculiar, onde o tráfego de avestruzes é intenso), digo ao meu amigo: Olha, lá vai um avestruz. Com isso, transmito determinada informação ao meu amigo; em outras palavras, passo para a mente de outra pessoa uma ideia que estava originalmente em minha mente.

      Para isso, evidentemente, é preciso que as duas pessoas em questão conheçam a mesma língua, que ambas chamem aquele animal desajeitado de avestruz; que ambas saibam utilizar os verbos olhar e ir, e assim por diante. Uma vez isso arranjado, as duas pessoas se entenderão. Para que as pessoas se entendam, é necessário – e suficiente – que falem a mesma língua.

      É isso mesmo? Veremos que não. Na verdade, para que se dê a compreensão, mesmo em nível bastante elementar, é necessário que as pessoas tenham muito mais em comum que simplesmente uma língua. Precisam ter em comum um grande número de informações, precisam pertencer a meios culturais semelhantes, precisam mesmo ter, até certo ponto, crenças comuns. Sem isso, a língua simplesmente deixa de funcionar enquanto instrumento de comunicação. Na verdade, a comunicação linguística é um processo bastante precário; depende de tantos fatores que falham com muita frequência, para desânimo de muitos que ficam gemendo Por que é que ele não me entendeu?

      O problema é que o que a língua exprime é apenas uma parte do que se quer transmitir. Geralmente, se pensa no processo de comunicação como uma rua de mão única: a informação passa do falante para o ouvinte (ou do autor para o leitor). Se fosse assim, a estrutura linguística teria de ser suficiente para veicular a mensagem, porque, afinal de contas, a única coisa que o emissor realmente produz é um conjunto de sons (ou de riscos no papel), organizados de acordo com as regras da língua. Mesmo isso, como vimos, depende de alguma coisa por parte do receptor, a saber, o conhecimento das palavras e das regras da língua; mas poderia ser só isso, e as coisas seriam muito mais simples – e, também, talvez os seres humanos se entendessem melhor. (...)

     O significado de uma frase não é simples função de seus elementos constitutivos, mas depende ainda da informação extralinguística. Ou ainda (e aqui me oponho às crenças de boa parte de meus colegas linguistas), uma frase fora de contexto não tem, a rigor, significado.

     Vamos ver o exemplo: seja o sintagma as gravatas de Mário Quintana. Que significa isso? E, em especial, que tipo de relação exprime a preposição de? Evidentemente, de exprime “posse", e o sintagma equivale a as gravatas pertencem a Mário Quintana. Pode parecer, então, que computamos o significado do sintagma simplesmente juntando o significado das palavras: as gravatas + de + Mário Quintana.

      Mas ainda aqui isso é só a primeira impressão. Digamos que o sintagma fosse as gravatas de Pierre Cardin; agora, para alguém que sabe quem é Pierre Cardin, a relação expressa pela preposição de já não precisa ser de posse. Na verdade, é mais provável que se entenda como “autoria", isto é, as gravatas criadas por Pierre Cardin.

      Ora, a preposição é a mesma nos dois casos. De onde vem essa diferença de significado? Simplesmente do que sabemos sobre Mário Quintana (um poeta) e sobre Pierre Cardin (um estilista de moda). Se dissermos os poemas de Mário Quintana, a preposição já não exprimirá posse, mas autoria – porque, já que Mário Quintana é um poeta, é plausível que se fale dos poemas de sua autoria; além do mais, em geral, não se pensa em poemas como tendo possuidor.

      Se a situação é essa, não faz sentido perguntar se o significado da preposição de é de posse ou autoria. Será posse ou autoria segundo o que soubermos dos diversos objetos ou pessoas mencionadas: se se trata de um objeto possuível, como uma gravata, ou não possuível, como um poema; e se se trata de um poeta ou de um costureiro.

                             (PERINI, Mário A. Sofrendo a gramática. São Paulo: Ática, 2000, páginas 57-60.)
A
“...é preciso que as duas pessoas em questão conheçam a mesma língua."
B
“...uma frase fora de contexto não tem, a rigor, significado."
C
“...a informação passa do falante para o ouvinte (ou do autor para o leitor)."
D
“...a preposição é a mesma nos dois casos."
d45b0afc-96
CEDERJ 2013 - Português - Interpretação de Textos, Morfologia - Verbos, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo)

Leia o trecho:

Uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim.

As formas verbais assinaladas indicam, respectivamente, os seguintes aspectos do passado:

                                                    Infância

     
Uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim. E eu, engolido o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia. Espantado, entrei no quarto, peguei com repugnância o antipático objeto e voltei à sala de jantar. Aí recebi ordem para me sentar e abrir o volume. Obedeci engulhando, com a vaga esperança de que uma visita me interrompesse. Ninguém nos visitou naquela noite extraordinária.

      Meu pai determinou que eu principiasse a leitura. Principiei. Mastigando as palavras, gaguejando, gemendo uma cantilena medonha, indiferente à pontuação, saltando linhas e repisando linhas, alcancei o fim da página, sem ouvir gritos. Parei surpreendido, virei a folha, continuei a arrastar-me na gemedeira, como um carro em estrada cheia de buracos.

      Com certeza o negociante recebera alguma dívida perdida: no meio do capítulo pôs-se a conversar comigo, perguntou-me se eu estava compreendendo o que lia. Explicou-me que se tratava de uma história, um romance, exigiu atenção e resumiu a parte já lida. Um casal com filhos andava numa floresta, em noite de inverno, perseguido por lobos, cachorros selvagens. Depois de muito correr, essas criaturas chegavam à cabana de um lenhador. Era ou não era? Traduziu-me em linguagem de cozinha diversas expressões literárias. Animei-me a parolar. Sim, realmente havia alguma coisa no livro, mas era difícil conhecer tudo.

      Alinhavei o resto do capítulo, diligenciando penetrar o sentido da prosa confusa, aventurando-me às vezes a inquirir. E uma luzinha quase imperceptível surgia longe, apagava-se, ressurgia, vacilante, nas trevas do meu espírito.

      Recolhi-me preocupado: os fugitivos, os lobos e o lenhador agitaram-me o sono. Dormi com eles, acordei com eles. As horas voaram. Alheio à escola, aos brinquedos de minhas irmãs, à tagarelice dos moleques, vivi com essas criaturas de sonho, incompletas e misteriosas.

      À noite meu pai me pediu novamente o volume, e a cena da véspera se reproduziu: leitura emperrada, mal-entendidos, explicações.

        Na terceira noite fui buscar o livro espontaneamente, mas o velho estava sombrio e silencioso. E no dia seguinte, quando me preparei para moer a narrativa, afastou-me com um gesto, carrancudo.

      Nunca experimentei decepção tão grande. Era como se tivesse descoberto uma coisa muito preciosa e de repente a maravilha se quebrasse. E o homem que a reduziu a cacos, depois de me haver ajudado a encontrá-la, não imaginou a minha desgraça. A princípio foi desespero, sensação de perda e ruína, em seguida uma longa covardia, a certeza de que as horas de encanto eram boas demais para mim e não podiam durar.


                                                 RAMOS, Graciliano. Infância. São Paulo: Record, 1995. p.187-191.

A
conclusão de ação passada; ação passada posterior a outra passada; ação passada em andamento.
B
ação passada concluída; ação posterior a outra passada; passado interrompido.
C
ação passada com duração no presente; ação anterior a outra passada; ação passada pontual.
D
instalação de marco temporal passado; ação passada anterior a outra também passada; ação passada contínua.
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CEDERJ 2013 - Português - Conjunções: Relação de causa e consequência, Morfologia, Morfologia - Pronomes

Pronomes e conjunções são usados como recursos de coesão textual ao estabelecer relações entre palavras e sequências do texto.

Assinale a alternativa que indica corretamente a função dos termos em destaque no período:

E eu, engolido o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia.

                                                    Infância

     
Uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim. E eu, engolido o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia. Espantado, entrei no quarto, peguei com repugnância o antipático objeto e voltei à sala de jantar. Aí recebi ordem para me sentar e abrir o volume. Obedeci engulhando, com a vaga esperança de que uma visita me interrompesse. Ninguém nos visitou naquela noite extraordinária.

      Meu pai determinou que eu principiasse a leitura. Principiei. Mastigando as palavras, gaguejando, gemendo uma cantilena medonha, indiferente à pontuação, saltando linhas e repisando linhas, alcancei o fim da página, sem ouvir gritos. Parei surpreendido, virei a folha, continuei a arrastar-me na gemedeira, como um carro em estrada cheia de buracos.

      Com certeza o negociante recebera alguma dívida perdida: no meio do capítulo pôs-se a conversar comigo, perguntou-me se eu estava compreendendo o que lia. Explicou-me que se tratava de uma história, um romance, exigiu atenção e resumiu a parte já lida. Um casal com filhos andava numa floresta, em noite de inverno, perseguido por lobos, cachorros selvagens. Depois de muito correr, essas criaturas chegavam à cabana de um lenhador. Era ou não era? Traduziu-me em linguagem de cozinha diversas expressões literárias. Animei-me a parolar. Sim, realmente havia alguma coisa no livro, mas era difícil conhecer tudo.

      Alinhavei o resto do capítulo, diligenciando penetrar o sentido da prosa confusa, aventurando-me às vezes a inquirir. E uma luzinha quase imperceptível surgia longe, apagava-se, ressurgia, vacilante, nas trevas do meu espírito.

      Recolhi-me preocupado: os fugitivos, os lobos e o lenhador agitaram-me o sono. Dormi com eles, acordei com eles. As horas voaram. Alheio à escola, aos brinquedos de minhas irmãs, à tagarelice dos moleques, vivi com essas criaturas de sonho, incompletas e misteriosas.

      À noite meu pai me pediu novamente o volume, e a cena da véspera se reproduziu: leitura emperrada, mal-entendidos, explicações.

        Na terceira noite fui buscar o livro espontaneamente, mas o velho estava sombrio e silencioso. E no dia seguinte, quando me preparei para moer a narrativa, afastou-me com um gesto, carrancudo.

      Nunca experimentei decepção tão grande. Era como se tivesse descoberto uma coisa muito preciosa e de repente a maravilha se quebrasse. E o homem que a reduziu a cacos, depois de me haver ajudado a encontrá-la, não imaginou a minha desgraça. A princípio foi desespero, sensação de perda e ruína, em seguida uma longa covardia, a certeza de que as horas de encanto eram boas demais para mim e não podiam durar.


                                                 RAMOS, Graciliano. Infância. São Paulo: Record, 1995. p.187-191.

A
A conjunção porque tem valor conclusivo e equivale a portanto; o pronome isto faz referência ao ato de engolir o café.
B
A conjunção porque estabelece entre as orações uma relação causal; o pronome isto é usado para retomar a oração anterior.
C
A conjunção porque estabelece uma relação de contraste entre duas orações; o pronome isto é usado para substituir o substantivo mão.
D
A conjunção porque tem valor explicativo; o pronome isto antecipa as ações expressas pelos verbos “mergulhar" e “adormecer".