Questõesde UENP 2018 sobre Literatura

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Foram encontradas 7 questões
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UENP 2018 - Literatura - Modernismo

Leia o trecho a seguir.

Eu classifico São Paulo assim: O Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.
(JESUS, C. M. Quarto de Despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 1997.).

Sobre o fragmento destacado, considere as afirmativas a seguir.
I. Nesta descrição de São Paulo, é perceptível a visão crítica da narradora a respeito dos políticos e da desigualdade social.
II. A aproximação entre a favela e o quintal caracteriza o modo como a narradora se vê na sociedade.
III. Nota-se, neste fragmento, o desejo da narradora em se tornar escritora.
IV. Percebe-se a preocupação da narradora em apresentar uma descrição objetiva das mudanças pelas quais passou o espaço urbano.

Assinale a alternativa correta. 

A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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UENP 2018 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

A obra Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus é escrita na forma de diário, que se inicia em 15 de julho de 1955 e termina em 1º de janeiro de 1960.

Sobre essa forma, assinale a alternativa correta.

A
Remete aos cadernos da autora que registrava seu cotidiano na favela.
B
Mostra a preocupação de um narrador onisciente para organizar os fatos do cotidiano da favela.
C
Apresenta distanciamento dos fatos narrados.
D
Pretende aproximar-se do relato jornalístico.
E
Corresponde à escolha de um narrador onisciente que busca maior veracidade nas informações do relato.
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UENP 2018 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Leia o poema a seguir.

não vai dar tempo

de viver outra vida

posso perder o trem

pegar a viagem errada

ficar parada

não muda nada

também

pode nunca chegar

a passagem de volta

e meia vamos dar

(RUIZ S., Alice. Dois em um. São Paulo: Iluminuras, 2018. p. 171.)


Com base no poema, considere as afirmativas a seguir.

I. O sujeito lírico defende uma concepção de amor avessa a aventuras e ímpetos.

II. O sujeito lírico deposita ênfase na ideia de aceleração, segundo a qual, é preciso fazer tudo funcionar satisfatoriamente no presente.

III. O terceiro e o quarto versos apontam imagens que remetem a riscos e insucessos.

IV. O sujeito lírico no feminino assume a condição de uma mulher que rejeita a passividade.


Assinale a alternativa correta.

A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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UENP 2018 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Quanto à relação entre o conto “Os laços de família” e os demais contos do livro, assinale a alternativa correta.

Leia o trecho a seguir, extraído do conto “Os laços de família”, do livro Laços de família, e responda à questão.

Não, não se podia dizer que amava sua mãe. Sua mãe lhe doía, era isso. A velha guardara o espelho na bolsa, e fitava-a sorrindo. O rosto usado e ainda bem esperto parecia esforçar-se por dar aos outros alguma impressão da qual o chapéu faria parte. A campainha da Estação tocou de súbito, houve um movimento geral de ansiedade, várias pessoas correram pensando que o trem já partia: mamãe! disse a mulher. Catarina! disse a velha. Ambas se olhavam espantadas, a mala na cabeça de um carregador interrompeu-lhes a visão e um rapaz correndo segurou de passagem o braço de Catarina, deslocando-lhe a gola do vestido. Quando puderam ver-se de novo, Catarina estava sob a iminência de lhe perguntar se não esquecera de nada...
– ... Não esqueci de nada? perguntou a mãe.
Também a Catarina parecia que haviam esquecido de alguma coisa, e ambas se olhavam atônitas – porque se realmente haviam esquecido, agora era tarde demais. Uma mulher arrastava uma criança, a criança chorava, novamente a campainha da Estação soou... Mamãe, disse a mulher. Que coisa tinham esquecido de dizer uma a outra, e agora era tarde demais. Parecia-lhe que deveriam um dia ter dito assim: sou tua mãe, Catarina. E ela deveria ter respondido: e eu sou tua filha.
– Não vá pegar corrente de ar! Gritou Catarina.
– Ora menina, sou lá criança, disse a mãe sem deixar porém de se preocupar com a própria aparência.
(LISPECTOR, C. Laços de família. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 112-113.)
A
Ao contrário de “Feliz aniversário”, em que a integração predomina entre os parentes, neste conto se revela um mal-estar que permanece inclusive após a partida da mãe.
B
Assim como em “Preciosidade”, este conto é narrado em primeira pessoa por um parente que conhece bastante a protagonista.
C
Como em outros contos do livro, este prioriza dilemas interiores experimentados pelas personagens, em seus contatos com familiares.
D
Do mesmo modo que em “Amor”, a personagem feminina central deste conto se insurge contra a opressão familiar, abdicando, com firmeza, dos papéis de esposa e de mãe.
E
Este conto focaliza, de forma central, relações familiares caracterizadas pelo embaraço no convívio entre personagens, enquanto os demais restringem-se a indivíduos.
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UENP 2018 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre a frase “Sua mãe lhe doía, era isso.”, na primeira linha do trecho, assinale a alternativa correta.

Leia o trecho a seguir, extraído do conto “Os laços de família”, do livro Laços de família, e responda à questão.

Não, não se podia dizer que amava sua mãe. Sua mãe lhe doía, era isso. A velha guardara o espelho na bolsa, e fitava-a sorrindo. O rosto usado e ainda bem esperto parecia esforçar-se por dar aos outros alguma impressão da qual o chapéu faria parte. A campainha da Estação tocou de súbito, houve um movimento geral de ansiedade, várias pessoas correram pensando que o trem já partia: mamãe! disse a mulher. Catarina! disse a velha. Ambas se olhavam espantadas, a mala na cabeça de um carregador interrompeu-lhes a visão e um rapaz correndo segurou de passagem o braço de Catarina, deslocando-lhe a gola do vestido. Quando puderam ver-se de novo, Catarina estava sob a iminência de lhe perguntar se não esquecera de nada...
– ... Não esqueci de nada? perguntou a mãe.
Também a Catarina parecia que haviam esquecido de alguma coisa, e ambas se olhavam atônitas – porque se realmente haviam esquecido, agora era tarde demais. Uma mulher arrastava uma criança, a criança chorava, novamente a campainha da Estação soou... Mamãe, disse a mulher. Que coisa tinham esquecido de dizer uma a outra, e agora era tarde demais. Parecia-lhe que deveriam um dia ter dito assim: sou tua mãe, Catarina. E ela deveria ter respondido: e eu sou tua filha.
– Não vá pegar corrente de ar! Gritou Catarina.
– Ora menina, sou lá criança, disse a mãe sem deixar porém de se preocupar com a própria aparência.
(LISPECTOR, C. Laços de família. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 112-113.)
A
A dor significava que Catarina preferia que a mãe permanecesse a seu lado e não partisse, evitando a separação das duas e a quebra daquela harmonia recém-conquistada.
B

A dor representava o remorso sentido em Catarina, que deixou de aproveitar a visita da mãe para lhe contar que estava na iminência de se separar do marido.

C
A referência à dor é uma alusão ao alívio provocado pela partida iminente da mãe, que manteve relacionamento saudável com o marido e com o filho de Catarina, mas a ela causava repugnância.
D
A relação distanciada com a mãe, sem maiores intimidades, mesmo durante a visita, correspondia a um incômodo, a uma dor, o que se materializa em diálogos pouco expressivos entre ambas.
E
O contato com a mãe perturbava Catarina porque ela, agora, apesar de adulta, ainda se recordava de episódios traumáticos vividos na infância que a magoavam.
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UENP 2018 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Com base no trecho do conto, assinale a alternativa correta.

Leia o trecho a seguir, extraído do conto “Preciosidade”, do livro Laços de família, e responda à questão.

Não, ela não estava sozinha. Com os olhos franzidos pela incredulidade, no fim longínquo de sua rua, de dentro do vapor, viu dois homens. Dois rapazes vindo. Olhou ao redor como se pudesse ter errado de rua ou de cidade. Mas errara os minutos: saíra de casa antes que a estrela e dois homens tivessem tempo de sumir. Seu coração se espantou.

O primeiro impulso, diante de seu erro, foi o de refazer para trás os passos dados e entrar em casa até que eles passassem: “Eles vão olhar para mim, eu sei, não há mais ninguém para eles olharem e eles vão me olhar muito!” Mas como voltar e fugir, se nascera para a dificuldade. Se toda a sua lenta preparação tinha o destino ignorado a que ela, por culto, tinha que aderir. Como recuar, e depois nunca esquecer a vergonha de ter esperado em miséria atrás de uma porta?

(LISPECTOR, C. Laços de família. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 101-102.)

A
Embora a cena se situe na metade do conto, há um conjunto de ações violentas narradas anteriormente que justificam os sobressaltos da personagem quanto às ameaças contra sua sexualidade.
B
Em comparação com outras cenas do conto, o narrador aparece aqui mais debruçado sobre a intimidade da personagem do que sobre os atos praticados por ela.
C
O espaço, nesta cena, evidencia um contraste entre lugares, como a rua, onde há o fascínio do desconhecido e os riscos, e a casa da personagem, onde há segurança e previsibilidade.
D
O tempo focalizado nesta cena é mais uma demonstração da inconstância verificada no conto, marcada pelo trânsito frequente entre a infância, a adolescência e a vida adulta da personagem.
E
O surgimento dos dois rapazes nesta cena é decisivo para que o foco se multiplique, a partir dali até o desfecho do conto, em concentrações sobre as incertezas e sobre os desejos do trio de personagens.
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UENP 2018 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Com base no trecho, assinale a alternativa correta.

Leia o trecho a seguir, extraído do conto “Preciosidade”, do livro Laços de família, e responda à questão.

Não, ela não estava sozinha. Com os olhos franzidos pela incredulidade, no fim longínquo de sua rua, de dentro do vapor, viu dois homens. Dois rapazes vindo. Olhou ao redor como se pudesse ter errado de rua ou de cidade. Mas errara os minutos: saíra de casa antes que a estrela e dois homens tivessem tempo de sumir. Seu coração se espantou.

O primeiro impulso, diante de seu erro, foi o de refazer para trás os passos dados e entrar em casa até que eles passassem: “Eles vão olhar para mim, eu sei, não há mais ninguém para eles olharem e eles vão me olhar muito!” Mas como voltar e fugir, se nascera para a dificuldade. Se toda a sua lenta preparação tinha o destino ignorado a que ela, por culto, tinha que aderir. Como recuar, e depois nunca esquecer a vergonha de ter esperado em miséria atrás de uma porta?

(LISPECTOR, C. Laços de família. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 101-102.)

A
A cena ocorre na primeira das duas manhãs focalizadas no conto; e a persistência da personagem, que deixa de evitar o encontro, a torna mais segura, a partir da segunda manhã, em seu relacionamento com os homens.
B
A passagem cobre um dos momentos do conto em que a personagem se vê na iminência de um contato com pessoas estranhas que lhe causam sensações como desconforto e perigo.
C
A personagem receava que eles olhassem para ela, pois era muito bonita e sempre atraía os olhares cobiçosos de transeuntes, passageiros de transportes coletivos e colegas de escola.
D
A imagem da aproximação dos rapazes revela-se, em seguida, no conto, um equívoco da personagem, que continua a fazer seu caminho para a escola, sem maiores percalços, embora ainda imersa em seus desejos sexuais.
E
Os dois rapazes que estavam na rua eram, na verdade, colegas da escola onde ela estudava; e ela temia ser vista por eles, pois estava indo em outra direção e não assistiria às aulas naquele dia.