Questão dc2fd707-b2
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Quanto à relação entre o conto “Os laços de família” e os demais contos do livro, assinale a alternativa
correta.
Quanto à relação entre o conto “Os laços de família” e os demais contos do livro, assinale a alternativa correta.
Leia o trecho a seguir, extraído do conto “Os laços de família”, do livro Laços de família, e responda à questão.
Não, não se podia dizer que amava sua mãe. Sua mãe lhe doía, era isso. A velha guardara o espelho
na bolsa, e fitava-a sorrindo. O rosto usado e ainda bem esperto parecia esforçar-se por dar aos outros
alguma impressão da qual o chapéu faria parte. A campainha da Estação tocou de súbito, houve um
movimento geral de ansiedade, várias pessoas correram pensando que o trem já partia: mamãe! disse
a mulher. Catarina! disse a velha. Ambas se olhavam espantadas, a mala na cabeça de um carregador
interrompeu-lhes a visão e um rapaz correndo segurou de passagem o braço de Catarina, deslocando-lhe a gola do vestido. Quando puderam ver-se de novo, Catarina estava sob a iminência de lhe perguntar
se não esquecera de nada...
– ... Não esqueci de nada? perguntou a mãe.
Também a Catarina parecia que haviam esquecido de alguma coisa, e ambas se olhavam atônitas –
porque se realmente haviam esquecido, agora era tarde demais. Uma mulher arrastava uma criança, a
criança chorava, novamente a campainha da Estação soou... Mamãe, disse a mulher. Que coisa tinham
esquecido de dizer uma a outra, e agora era tarde demais. Parecia-lhe que deveriam um dia ter dito assim: sou tua mãe, Catarina. E ela deveria ter respondido: e eu sou tua filha.
– Não vá pegar corrente de ar! Gritou Catarina.
– Ora menina, sou lá criança, disse a mãe sem deixar porém de se preocupar com a própria aparência.
(LISPECTOR, C. Laços de família. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 112-113.)
Leia o trecho a seguir, extraído do conto “Os laços de família”, do livro Laços de família, e responda à questão.
Não, não se podia dizer que amava sua mãe. Sua mãe lhe doía, era isso. A velha guardara o espelho
na bolsa, e fitava-a sorrindo. O rosto usado e ainda bem esperto parecia esforçar-se por dar aos outros
alguma impressão da qual o chapéu faria parte. A campainha da Estação tocou de súbito, houve um
movimento geral de ansiedade, várias pessoas correram pensando que o trem já partia: mamãe! disse
a mulher. Catarina! disse a velha. Ambas se olhavam espantadas, a mala na cabeça de um carregador
interrompeu-lhes a visão e um rapaz correndo segurou de passagem o braço de Catarina, deslocando-lhe a gola do vestido. Quando puderam ver-se de novo, Catarina estava sob a iminência de lhe perguntar
se não esquecera de nada...
– ... Não esqueci de nada? perguntou a mãe.
Também a Catarina parecia que haviam esquecido de alguma coisa, e ambas se olhavam atônitas –
porque se realmente haviam esquecido, agora era tarde demais. Uma mulher arrastava uma criança, a
criança chorava, novamente a campainha da Estação soou... Mamãe, disse a mulher. Que coisa tinham
esquecido de dizer uma a outra, e agora era tarde demais. Parecia-lhe que deveriam um dia ter dito assim: sou tua mãe, Catarina. E ela deveria ter respondido: e eu sou tua filha.
– Não vá pegar corrente de ar! Gritou Catarina.
– Ora menina, sou lá criança, disse a mãe sem deixar porém de se preocupar com a própria aparência.
(LISPECTOR, C. Laços de família. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 112-113.)
A
Ao contrário de “Feliz aniversário”, em que a integração predomina entre os parentes, neste conto se revela um
mal-estar que permanece inclusive após a partida da mãe.
B
Assim como em “Preciosidade”, este conto é narrado em primeira pessoa por um parente que conhece bastante
a protagonista.
C
Como em outros contos do livro, este prioriza dilemas interiores experimentados pelas personagens, em seus
contatos com familiares.
D
Do mesmo modo que em “Amor”, a personagem feminina central deste conto se insurge contra a opressão
familiar, abdicando, com firmeza, dos papéis de esposa e de mãe.
E
Este conto focaliza, de forma central, relações familiares caracterizadas pelo embaraço no convívio entre personagens, enquanto os demais restringem-se a indivíduos.