Questão dc2c0e42-b2
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Sobre a frase “Sua mãe lhe doía, era isso.”, na primeira linha do trecho, assinale a alternativa correta.
Sobre a frase “Sua mãe lhe doía, era isso.”, na primeira linha do trecho, assinale a alternativa correta.
Leia o trecho a seguir, extraído do conto “Os laços de família”, do livro Laços de família, e responda à questão.
Não, não se podia dizer que amava sua mãe. Sua mãe lhe doía, era isso. A velha guardara o espelho
na bolsa, e fitava-a sorrindo. O rosto usado e ainda bem esperto parecia esforçar-se por dar aos outros
alguma impressão da qual o chapéu faria parte. A campainha da Estação tocou de súbito, houve um
movimento geral de ansiedade, várias pessoas correram pensando que o trem já partia: mamãe! disse
a mulher. Catarina! disse a velha. Ambas se olhavam espantadas, a mala na cabeça de um carregador
interrompeu-lhes a visão e um rapaz correndo segurou de passagem o braço de Catarina, deslocando-lhe a gola do vestido. Quando puderam ver-se de novo, Catarina estava sob a iminência de lhe perguntar
se não esquecera de nada...
– ... Não esqueci de nada? perguntou a mãe.
Também a Catarina parecia que haviam esquecido de alguma coisa, e ambas se olhavam atônitas –
porque se realmente haviam esquecido, agora era tarde demais. Uma mulher arrastava uma criança, a
criança chorava, novamente a campainha da Estação soou... Mamãe, disse a mulher. Que coisa tinham
esquecido de dizer uma a outra, e agora era tarde demais. Parecia-lhe que deveriam um dia ter dito assim: sou tua mãe, Catarina. E ela deveria ter respondido: e eu sou tua filha.
– Não vá pegar corrente de ar! Gritou Catarina.
– Ora menina, sou lá criança, disse a mãe sem deixar porém de se preocupar com a própria aparência.
(LISPECTOR, C. Laços de família. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 112-113.)
Leia o trecho a seguir, extraído do conto “Os laços de família”, do livro Laços de família, e responda à questão.
Não, não se podia dizer que amava sua mãe. Sua mãe lhe doía, era isso. A velha guardara o espelho
na bolsa, e fitava-a sorrindo. O rosto usado e ainda bem esperto parecia esforçar-se por dar aos outros
alguma impressão da qual o chapéu faria parte. A campainha da Estação tocou de súbito, houve um
movimento geral de ansiedade, várias pessoas correram pensando que o trem já partia: mamãe! disse
a mulher. Catarina! disse a velha. Ambas se olhavam espantadas, a mala na cabeça de um carregador
interrompeu-lhes a visão e um rapaz correndo segurou de passagem o braço de Catarina, deslocando-lhe a gola do vestido. Quando puderam ver-se de novo, Catarina estava sob a iminência de lhe perguntar
se não esquecera de nada...
– ... Não esqueci de nada? perguntou a mãe.
Também a Catarina parecia que haviam esquecido de alguma coisa, e ambas se olhavam atônitas –
porque se realmente haviam esquecido, agora era tarde demais. Uma mulher arrastava uma criança, a
criança chorava, novamente a campainha da Estação soou... Mamãe, disse a mulher. Que coisa tinham
esquecido de dizer uma a outra, e agora era tarde demais. Parecia-lhe que deveriam um dia ter dito assim: sou tua mãe, Catarina. E ela deveria ter respondido: e eu sou tua filha.
– Não vá pegar corrente de ar! Gritou Catarina.
– Ora menina, sou lá criança, disse a mãe sem deixar porém de se preocupar com a própria aparência.
(LISPECTOR, C. Laços de família. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 112-113.)
A
A dor significava que Catarina preferia que a mãe permanecesse a seu lado e não partisse, evitando a separação das duas e a quebra daquela harmonia recém-conquistada.
B
A dor representava o remorso sentido em Catarina, que deixou de aproveitar a visita da mãe para lhe contar que estava na iminência de se separar do marido.
C
A referência à dor é uma alusão ao alívio provocado pela partida iminente da mãe, que manteve relacionamento
saudável com o marido e com o filho de Catarina, mas a ela causava repugnância.
D
A relação distanciada com a mãe, sem maiores intimidades, mesmo durante a visita, correspondia a um incômodo, a uma dor, o que se materializa em diálogos pouco expressivos entre ambas.
E
O contato com a mãe perturbava Catarina porque ela, agora, apesar de adulta, ainda se recordava de episódios
traumáticos vividos na infância que a magoavam.