Questõesde ESPM sobre Literatura

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ESPM 2019 - Literatura - Simbolismo, Vanguardas Europeias, Naturalismo, Modernismo, Parnasianismo, Escolas Literárias

Para desvirginar o labirinto
Do velho e metafísico Mistério,
Comi meus olhos crus no cemitério,
Numa antropofagia de faminto!

A digestão desse manjar funéreo
Tornado sangue transformou-me o instinto
De humanas impressões visuais que eu sinto,
Nas divinas visões do íncola¹ etéreo²! 

Vestido de hidrogênio incandescente,
Vaguei um século, improficuamente³,
Pelas monotonias siderais...

Subi talvez às máximas alturas,
Mas, se hoje volto assim, com a alma às escuras,
É necessário que ainda eu suba mais!

(“Solilóquio de um Visionário”, de Augusto dos Anjos, Eu e Outras Poesias)


¹íncola: habitante

²etéreo: referente ao céu

³improficuamente: inutilmente

Augusto dos Anjos é um poeta contextualizado no Pré-Modernismo, época literária em que houve um entrecruzamento de várias posturas artísticas. Assinale a opção que traz um aspecto de estilo não incorporado no poema acima.

A
Do Modernismo, em sua fase inicial, a busca pela hegemonia da cultura popular, com linguagem acessível.
B
Do Parnasianismo, o rigor formal, a escolha do soneto com uso de rimas ricas, ou seja, com palavras de classes gramaticais diferentes.
C
Do Simbolismo, a evocação do aspecto espiritual, mais as referências ao metafísico, etéreo, vago e misterioso.
D
Do Naturalismo, a utilização de vocabulário científico (“hidrogênio”) e imagens agressivas, antirromânticas.
E
Do Expressionismo, o gosto pelo grotesco, com imagens deformadas, pelo tom de exagero.
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ESPM 2019 - Literatura - Gênero Épico ou Narrativo, Gêneros Literários

Considere os dois excertos que seguem.


I

E disse: “Ó gente ousada, mais que quantas

No mundo cometeram grandes cousas,

Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,

E por trabalhos vãos nunca repousas (...)”


(Os Lusíadas, Luís de Camões, canto V)

II
Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!

(Mensagem, de Fernando Pessoa, 2.ª parte)


Em I, o Gigante Adamastor fala aos navegantes portugueses que queriam, pioneiramente, atravessar o Cabo das Tormentas a caminho das Índias; em II, o timoneiro fala ao mostrengo o porquê de a embarcação lusitana estar enfrentando os perigos do mar. A partir dos excertos e dos comentários, assinale a afirmação que esteja incorreta.

A
Ambos os fragmentos trazem em suas falas o sentido de coletividade do povo português.
B
Os dois excertos fazem menção ao fundamento histórico da expansão ultramarina promovida por Portugal.
C
A fala do Gigante, em I, acusa os portugueses de guerreiros cruéis; a do timoneiro, em II, é mais branda, tem um tom de pedido.
D
Camões, poeta clássico renascentista, usou a medida nova dos versos decassílabos; Fernando Pessoa, modernista, fez métrica irregular.
E
Metaforicamente, os fragmentos demonstram que a expansão lusitana passou por obstáculos caros ao ser humano.
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ESPM 2019 - Literatura - Barroco, Escolas Literárias

A visão depreciativa da existência humana pode ser constatada no seguinte fragmento de Gregório de Matos:


Que és terra Homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja,


Identifique em um dos trechos abaixo aquele que possua a mesma temática.

A
Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém!
Cai no álbum de retratos.

(“Pré-história”, de Murilo Mendes)
B
E de repente, sim, ali estava a coisa verda-
deira.Um retrato antigo de alguém que não
se conhece e nunca se reconhecerá por-
que o retrato é antigo ou porque o retrata-
do tornou-se pó.

(Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector)
C
Cada estação da vida é uma edição, que
corrige a anterior, e que será corrigida
também, até a edição definitiva, que o edi-
tor dá de graça aos vermes. 

(Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis)
D
Daqui em diante aparece o reverso da me-
dalha. Seguiu-se a morte de Dona Maria, a
do Leonardo-Pataca, e uma enfiada de acon-
tecimentos tristes que pouparemos aos leito-
res, fazendo aqui o ponto final.

(Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida)
E
O homem, em qualquer estado que esteja, é
certo que foi pó, e há de tornar a ser pó. Foi
pó, e há de tomar a ser pó? Logo é pó. Porque
tudo o que vive nesta vida, não é o que é: é o
que foi e o que há de ser.

(Sermão de Quarta-Feira de Cinzas, do Padre Antônio Vieira)

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ESPM 2018 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Personagem da obra O Primo Basílio, a figura fictícia Conselheiro Acácio, citada no texto, tornou-se célebre como:

    Quando se conversa, deve-se evitar as frases feitas que são verdadeiras chapas. Exemplos: em um enterro, dizer “que não se morre senão uma vez”, que “basta estar vivo para morrer”, que “o morto é feliz porque deixou de sofrer”, que “Deus sabe o que faz e escreve certo por linhas tortas” ou que “as grandes dores são mudas”. Quando se visita um doente, não há necessidade de levar no bolso sentenças desse jaez: “a saúde é a maior das fortunas”, “somos nós que pagamos pelos excessos de nossos pais” ou “a ciência, que tudo pode, ainda não encontrou remédio para os pequenos males”. Em todos os setores das atividades sociais, há frases no mesmo estilo e que convém deixar ao cuidado do Conselheiro Acácio que nelas se esmerou.

(Marcelino de Carvalho, Guia de Boas Maneiras)
A
o herói sem nenhum caráter, nem moral nem psicológico, é individualista, preguiçoso, faz o que deseja sem se preocupar com nada. Além disso, mente com a maior facilidade, é vaidoso, malandro e malicioso.
B
o herói quixotesco, idealista, patriota exacerbado, a ponto de fazer um ofício para o ministro, escrito em tupi, defendendo que a língua oficial deveria ser então essa.
C
representação da convencionalidade e mediocridades dos políticos e burocratas dos finais do século XIX, denunciando a pompa balofa e a postura de pseudo-intelectualidade utilizada por figuras públicas.
D
representante da literatura conformista, alienada e vazia, indiferente às desigualdades sociais, preocupada que está somente com os efeitos estéticos e de adorno do texto literário.
E
primeiro anti-herói da Literatura, representa o malandro em seu esforço de sobreviver à margem das instituições sociais por meio do “jeitinho brasileiro”.