Questõesde ENEM sobre Literatura

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Foram encontradas 56 questões
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ENEM 2014 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

O mulato


Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir.
Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: “Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias.
— Mulato!
Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue.

AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento)

O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois

A
relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de raça.
B
apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século XIX.
C
mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens e mulheres.
D
ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender socialmente.
E
critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos dispensados aos negros.
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ENEM 2014 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Cena


O canivete voou

E o negro comprado na cadeia

Estatelou de costas

E bateu coa cabeça na pedra


ANDRADE, O. Pau-brasil. São Paulo: Globo, 2001.


O Modernismo representou uma ruptura com os padrões formais e temáticos até então vigentes na literatura brasileira. Seguindo esses aspectos, o que caracteriza o poema Cena como modernista é o(a)

A
construção linguística por meio de neologismo.
B
estabelecimento de um campo semântico inusitado.
C
configuração de um sentimentalismo conciso e irônico.
D
subversão de lugares-comuns tradicionais.
E
uso da técnica de montagem de imagens justapostas.
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ENEM 2014 - Literatura - Parnasianismo, Escolas Literárias

Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça, a nossa história, e, principalmente, a nossa língua, que é toda a nossa vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião.

BILAC, O. Últimas conferências e discursos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927

Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu engajamento na constituição da identidade nacional e linguística, ressaltando a

A
transformação da cultura brasileira.
B
religiosidade do povo brasileiro.
C
abertura do Brasil para a democracia.
D
importância comercial do Brasil.
E
autorreferência do povo como brasileiro.
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ENEM 2014 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Soneto

Oh! Páginas da vida que eu amava,
Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!...
Ardei, lembranças doces do passado!
Quero rir-me de tudo que eu amava!

E que doido que eu fui! como eu pensava
Em mãe, amor de irmã! em sossegado
Adormecer na vida acalentado
Pelos lábios que eu tímido beijava!

Embora — é meu destino. Em treva densa
Dentro do peito a existência finda
Pressinto a morte na fatal doença!

A mim a solidão da noite infinda!
Possa dormir o trovador sem crença.
Perdoa minha mãe — eu te amo ainda!

AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996

A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na literatura brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da exacerbação romântica identifica-se com o(a)

A
amor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico.
B
saudosismo da infância, indicado pela menção às figuras da mãe e da irmã.
C
construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas com aparência melancólica.
D
presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormir.
E
fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a sentir um tormento constante.
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ENEM 2013 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem

de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.

Passou um homem depois e disse: Essa volta que o rio faz

por trás de sua casa se chama enseada.

Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia

uma volta atrás da casa.

Era uma enseada.

Acho que o nome empobreceu a imagem.

BARROS, M. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2001.


Manoel de Barros desenvolve uma poética singular, marcada por “narrativas alegóricas”, que transparecem nas imagens construídas ao longo do texto. No poema, essa característica aparece representada pelo uso do recurso de

A
resgate de uma imagem da infância, com a cobra de vidro.
B
apropriação do universo poético pelo olhar objetivo.
C
transfiguração do rio em um vidro mole e cobra de vidro.
D
rejeição da imagem de vidro e de cobra no imaginário poético.
E
recorte de elementos como a casa e o rio no subconsciente.
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ENEM 2013 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias


Nas últimas décadas, a ruptura, o efêmero, o descartável incorporam-se cada vez mais ao fazer artístico, em consonância com a pós-modernidade. No detalhe da obra Bastidores, percebe-se a

A
utilização de objetos do cotidiano como tecido, bastidores, agulha, linha e fotocópia, que tornam a obra de abrangência regional.
B
ruptura com meios e suportes tradicionais por utilizar objetos do cotidiano, dando-lhes novo sentido condizente.
C
apropriação de materiais e objetos do cotidiano, que conferem à obra um resultado inacabado.
D
apropriação de objetos de uso cotidiano das mulheres, o que confere à obra um caráter feminista.
E
aplicação de materiais populares, o que a caracteriza como obra de arte utilitária.
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ENEM 2013 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias


A revolução estética brasiliense empurrou os designers de móveis dos anos 1950 e início dos 60 para o novo. Induzidos a abandonar o gosto rebuscado pelo colonial, a trocar Ouro Preto por Brasília, eles criaram um mobiliário contemporâneo que ainda hoje vemos nas lojas e nas salas de espera de consultórios e escritórios. Colada no uso de madeiras nobres, como o jacarandá e a peroba, e em materiais de revestimento como o couro e a palhinha, desenvolveu-se uma tendência feita de linhas retas e curvas suaves, nos moldes da capital no Cerrado.

Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 29 jul. 2010 (adaptado).


A reportagem e a fotografia apresentam os móveis elaborados pelo artista Sérgio Rodrigues, com um estilo que norteou o pensamento de uma geração, desafiando a arte a

A
evidenciar um novo conceito estético por meio de formas e texturas inovadoras.
B
adaptar os móveis de Brasília aos modelos das escolas europeias do início do século XX.
C
elaborar a decoração dos palácios da nova capital do Brasil com conceitos de linha e perspectiva.
D
projetar para os palácios e edifícios da nova capital do Brasil a beleza do mobiliário típico de Minas Gerais.
E
criar o mobiliário para a capital do país com base no luxo e na riqueza dos edifícios públicos brasileiros.
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ENEM 2015 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse. Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade era desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta.

ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006.


O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875. No fragmento transcrito, a presença de D. Firmina Mascarenhas como "parenta" de Aurélia Camargo assimila práticas e convenções sociais inseridas no contexto do Romantismo, pois

A
o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao retratar a condição feminina na sociedade brasileira da época.
B
o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos sociais no enredo de seu romance.
C
as características da sociedade em que Aurélia vivia são remodeladas na imaginação do narrador romântico.
D
o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade da mulher, financeiramente independente.
E
o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito avançados para a sociedade daquele período histórico.
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ENEM 2016 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Estas palavras ecoavam docemente pelos atentos ouvidos de Guaraciaba, e lhe ressoavam n’alma como um hino celestial. Ela sentia-se ao mesmo tempo enternecida e ufana por ouvir aquele altivo e indómito guerreiro pronunciar a seus pés palavras do mais submisso e mavioso amor, e respondeu-lhe cheia de emoção: — Itajiba, tuas falas são mais doces para minha alma que os favos da jataí, ou o suco delicioso do abacaxi. Elas fazem-me palpitar o coração como a flor que estremece ao bafejo perfumado das brisas da manhã. Tu me amas, bem o sei, e o amor que te consagro também não é para ti nenhum segredo, embora meus lábios não o tenham revelado. A flor, mesmo nas trevas, se trai pelo seu perfume; a fonte do deserto, escondida entre os rochedos, se revela por seu murmúrio ao caminhante sequioso. Desde os primeiros momentos tu viste meu coração abrir-se para ti, como a flor do manacá aos primeiros raios do sol.

GUIMARÃES, B. O ermitão de Muquém. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.


O texto de Bernardo Guimarães é representativo da estética romântica. Entre as marcas textuais que evidenciam a filiação a esse movimento literário está em destaque a

A
referência a elementos da natureza local.
B
exaltação de Itajiba como nobre guerreiro.
C
cumplicidade entre o narrador e a paisagem.
D
representação idealizada do cenário descrito.
E
expressão da desilusão amorosa de Guaraciaba.
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ENEM 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sou um homem comum

brasileiro, maior, casado, reservista,

e não vejo na vida, amigo

nenhum sentido, senão

lutarmos juntos por um mundo melhor.

Poeta fui de rápido destino

Mas a poesia é rara e não comove

nem move o pau de arara.

Quero, por isso, falar com você

de homem para homem,

apoiar-me em você

oferecer-lhe meu braço

que o tempo é pouco

e o latifúndio está aí matando

[...]

Homem comum, igual

a você,

[...]

Mas somos muitos milhões de homens

comuns

e podemos formar uma muralha

com nossos corpos de sonhos e margaridas.

FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).


No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético, frequente no Modernismo. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de

A
agregação construtiva e poder de intervenção na ordem instituída.
B
força emotiva e capacidade de preservação da memória social.
C
denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias.
D
ampliação do universo cultural e intervenção nos valores humanos.
E
identificação com o discurso masculino e questionamento dos temas líricos.
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ENEM 2017 - Literatura - Vanguardas Europeias, Escolas Literárias

E venham, então, os alegres incendiários de dedos carbonizados! Vamos! Ateiem fogo às estantes das bibliotecas! Desviem o curso dos canais, para inundar os museus! Empunhem as picaretas, os machados, os martelos e deitem abaixo sem piedade as cidades veneradas!

MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. Disponível em: www.sibila.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012 (adaptado).


Que princípio marcante do Futurismo e comum a várias correntes artísticas e culturais das primeiras três décadas do século XX está destacado no texto?

A
A tradição é uma força incontornável.
B
A arte é expressão da memória coletiva.
C
A modernidade é a superação decisiva da história.
D
A realidade cultural é determinada economicamente.
E
A memória é um elemento crucial da identidade cultural.
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ENEM 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias


A obra de Rubem Valentim apresenta emblemas que, baseando-se em signos de religiões afro-brasileiras, se transformam em produção artística. A obra Emblema 78 relaciona-se com o Modernismo em virtude da

A
simplificação de formas da paisagem brasileira.
B
valorização de símbolos do processo de urbanização.
C
fusão de elementos da cultura brasileira com a arte europeia.
D
alusão aos símbolos cívicos presentes na bandeira nacional.
E
composição simétrica de elementos relativos à miscigenação racial.
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ENEM 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

O farrista


Quando o almirante Cabral

Pôs as patas no Brasil

O anjo da guarda dos índios

Estava passeando em Paris.

Quando ele voltou de viagem

O holandês já está aqui.

O anjo respira alegre:

“Não faz mal, isto é boa gente,

Vou arejar outra vez.”

O anjo transpôs a barra,

Diz adeus a Pernambuco,

Faz barulho, vuco-vuco,

Tal e qual o zepelim

Mas deu um vento no anjo,

Ele perdeu a memória...

E não voltou nunca mais.

MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.


A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que

A
configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.
B
remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.
C
repercute as manifestações do sincretismo religioso.
D
descreve a gênese da formação do povo brasileiro.
E
promove inovações no repertório linguístico.
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ENEM 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias, Romantismo

Do amor à pátria

São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual — uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações.

MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.

O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porque

A
o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente.
B
os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva.
C
o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia.
D
o patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia.
E
a natureza é determinante na percepção do valor da pátria.
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ENEM 2016 - Literatura - Modernismo: Concretismo, Escolas Literárias

O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação de limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma

                                        Casamento

Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como “este foi difícil”

“prateou no ar dando rabanadas” e

faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.

                            PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991

A
expectativa do marido em relação à esposa.
B
imposição dos afazeres conjugais.
C
disposição para realizar tarefas masculinas.
D
dissonância entre as vozes masculina e feminina.
E
forma de consagração da cumplicidade no casamento.
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ENEM 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Na imagem e no texto do romance de Marguerite Duras, os dois autorretratos apontam para o modo de representação da subjetividade moderna. Na pintura e na literatura modernas, o rosto humano deforma-se, destrói-se ou fragmenta-se em razão

                   


TEXTO II

      Tenho um rosto lacerado por rugas secas e profundas, sulcos na pele. Não é um rosto desfeito, como acontece com pessoas de traços delicados, o contorno é o mesmo mas a matéria foi destruída. Tenho um rosto destruído.

                             DURAS, M. O amante. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 

A
da adesão à estética do grotesco, herdada do romantismo europeu, que trouxe novas possibilidades de representação.
B
das catástrofes que assolaram o século XX e da descoberta de uma realidade psíquica pela psicanálise.
C
da opção em demonstrarem oposição aos limites estéticos da revolução permanente trazida pela arte moderna.
D
do posicionamento do artista do século XX contra a negação do passado, que se torna prática dominante na sociedade burguesa.
E
da intenção de garantir uma forma de criar obras de arte independentes da matéria presente em sua história pessoal.
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ENEM 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a)

                                        A partida de trem

      Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho.

      Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou:

      — A senhora deseja trocar de lugar comigo?

      Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito, passou a mão pelo broche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini:

      — É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar?

LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 (fragmento)

A
comportamento vaidoso de mulheres de condição social privilegiada.
B
anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação.
C
incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes.
D
constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas.
E
sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento.
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ENEM 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Antiode

Poesia, não será esse

o sentido em que

ainda te escrevo:

flor! (Te escrevo:

flor! Não uma

flor, nem aquela

flor-virtude — em

disfarçados urinóis).

Flor é a palavra

flor; verso inscrito

no verso, como as

manhãs no tempo.

Flor é o salto

da ave para o voo:

o salto fora do sono

quando seu tecido

se rompe; é uma explosão

posta a funcionar,

como uma máquina,

uma jarra de flores.

MELO NETO, J. C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento)

A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem, sem necessariamente explicá-lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de

A
uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos significados.
B
um urinol, em referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX.
C
uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética.
D
uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial.
E
um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico.
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ENEM 2016 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.

BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.

EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.

BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções.

EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não!

BENONA: Isso são coisas passadas.

EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest'a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.

SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molesta” contribui para

A
marcar a classe social das personagens.
B
caracterizar usos linguísticos de uma região.
C
enfatizar a relação familiar entre as personagens.
D
sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares.
E
demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens.
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ENEM 2015 - Literatura - Vanguardas Europeias, Escolas Literárias




O Surrealismo configurou-se como uma das vanguardas artísticas europeias do início do século XX. René Magritte, pintor belga, apresenta elementos dessa vanguarda em suas produções. Um traço do Surrealismo presente nessa pintura é o(a)

A
justaposição de elementos díspares, observada na imagem do homem no espelho.
B
crítica ao passadismo, exposta na dupla imagem do homem olhando sempre para frente.
C
construção de perspectiva, apresentada na sobreposição de planos visuais.
D
processo de automatismo, indicado na repetição da imagem do homem.
E
procedimento de colagem, identificado no reflexo do livro no espelho.