Leia os trechos extraídos da entrevista com o professor pesquisador Altair Sales Barbosa:
‘[...] É um tipo de ambiente em que vários elementos
vivem intimamente interligados uns aos outros. A vegetação depende do solo, que é oligotrófico (com nível muito
baixo de nutrientes); o solo depende de um tipo de clima
especial, que é o tropical subúmido com duas estações,
uma seca (no inverno) e outra chuvosa (no verão). Vários
outros fatores, incluindo o fogo, influenciaram na formação do bioma – o fogo é um elemento extremamente importante porque é ele que quebra a dormência da maioria
das plantas com sementes [...].
[...] O bioma foi incluído na política de expansão econômica brasileira como fronteira de expansão. É uma área
fácil de trabalhar, em um planalto, sem grandes modificações geomorfológicas e com estações bem definidas. Junte-se a isso toda a tecnologia que hoje há para correção
do solo. É possível tirar a acidez do solo utilizando o
calcário; aumentar a fertilidade, usando adubos. Com isso,
altera-se a qualidade do solo, mas se afetam os lençóis
subterrâneos e, sem a vegetação nativa, a água não pode
mais infiltrar na terra.
Mas o mais importante de tudo isso é que as águas
que brotam desse bioma são as mesmas águas que alimentam as grandes bacias do continente sul-americano.
É daqui que saem as nascentes da maioria dessas bacias.
Esses rios todos nascem de aquíferos. Um aquífero tem
sua área de recarga e sua área de descarga. Ao local onde
ele brota, formando uma nascente, chamamos de área de
descarga. Como ele se recarrega? Nas partes planas, com
a água das chuvas, que é absorvida pela vegetação nativa. Essa vegetação tem plantas que ficam com um terço
de sua estrutura exposta, acima do solo, e dois terços no
subsolo. Isso evidencia um sistema radicular (de raízes)
extremamente complexo. Assim, quando a chuva cai, esse
sistema radicular absorve a água e alimenta o lençol
freático, que vai alimentar o lençol artesiano, que são os
aquíferos’.
(Adaptado de<http://www.jornalopcao.com.br/entrevistas>. Acesso em: 20 ago. 2017).
Os fragmentos permitem concluir que: