Questõesde ENEM sobre Filosofia
A importância do conhecimento está em seu
uso, em nosso domínio ativo sobre ele, quero dizer,
reside na sabedoria. É convencional falar em mero
conhecimento, separado da sabedoria, como capaz
de incutir uma dignidade peculiar a seu possuidor.
Não compartilho dessa reverência pelo conhecimento
como tal. Tudo depende de quem possui o
conhecimento e do uso que faz dele.
WHITHEHEAD, A. N. Os fins da educação e outros ensaios.
São Paulo: Edusp, 1969.
No trecho, o autor considera que o conhecimento traz
possibilidades de progresso material e moral quando
Tomemos o exemplo de Sócrates: é precisamente
ele quem interpela as pessoas na rua, os jovens no
ginásio, perguntando: “Tu te ocupas de ti?” O deus o
encarregou disso, é sua missão, e ele não a abandonará,
mesmo no momento em que for ameaçado de morte.
Ele é certamente o homem que cuida do cuidado dos
outros: esta é a posição particular do filósofo.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2004.
O fragmento evoca o seguinte princípio moral da filosofia
socrática, presente em sua ação dialógica:
Uma parte da nossa formação científica confunde-se
com a atividade de uma polícia de fronteiras, revistando
os pensamentos de contrabando que viajam na mala
de outras sabedorias. Apenas passam os pensamentos
de carimbada cientificidade. A biologia, por exemplo,
é um modo maravilhoso de emigrarmos de nós, de
transitarmos para lógicas de outros seres, de nos
descentrarmos. Aprendemos que não somos o centro
da vida nem o topo da evolução.
COUTO, M. Interinvenções. Portugal: Caminho, 2009 (adaptado).
No trecho, expressa-se uma visão poética da
epistemologia científica, caracterizada pela
O espírito humano controla as máquinas cada vez
mais potentes que criou. Mas a lógica dessas máquinas
artificiais controla cada vez mais o espírito dos cientistas,
sociólogos, políticos e, de modo mais abrangente, todos
aqueles que, obedecendo à soberania do cálculo,
ignoram tudo o que não é quantificável, ou seja, os
sentimentos, sofrimentos, alegrias dos seres humanos.
Essa lógica é assim aplicada ao conhecimento e à
conduta das sociedades, e se espalha em todos os
setores da vida.
MORIN, E. O método 5: a humanidade da humanidade.
Porto Alegre: Sulina, 2012 (adaptado).
No contexto atual, essa crítica proposta por Edgar Morin
se aplica à
A ciência ativa rompe com a separação antiga entre a
ciência (episteme), o saber teórico, e a técnica (techne),
o saber aplicado, integrando ciência e técnica. Do ponto
de vista da ideia de ciência, a valorização da observação
e do método experimental opõe a ciência ativa à ciência
contemplativa dos antigos; assim também, a utilização
da matemática como linguagem da física, proposta por
Galileu sob inspiração platônica e pitagórica, e contrária à
concepção aristotélica.
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos
a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008 (adaptado).
Nesse contexto, a ciência encontra seu novo fundamento na
Lembro, a propósito, uma cerimônia religiosa a
que assisti na noite de Santo Antônio de 1975 quando
presente a uma festa em honra do padroeiro. Ia a
coisa assim bonita e simples, até que, recitadas as
cinco dezenas de ave-marias e os seus padre-nossos,
chegou a hora do remate com o canto da salve-rainha.
O capelão começou a entoar nesse instante hino à
Virgem, em latim “Salve Regina, mater misericordiae”,
e, o que eu estranhei, foi seguido de pronto sem
qualquer hesitação pelos presentes. Depois veio o
espantoso para mim: a reza, também entoada, de
toda a extensa ladainha de Nossa Senhora igualmente
em latim. Eu olhava e não acabava de crer: aqueles
caboclos que eu via mourejando de serventes
nas obras do bairro estavam agora ali acaipirando
lindamente a poesia medieval do responso.
BOSI, A. Dialética da colonização. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.
O estranhamento do autor diante da cerimônia
relaciona-se ao encontro de temporalidades que
Tomás de Aquino, filósofo cristão que viveu no
século XIII, afirma: a lei é uma regra ou um preceito
relativo às nossas ações. Ora, a norma suprema dos
atos humanos é a razão. Desse modo, em última
análise, a lei está submetida à razão; é apenas uma
formulação das exigências racionais. Porém, é mister
que ela emane da comunidade, ou de uma pessoa que
legitimamente a representa.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã.
Petrópolis: Vozes, 1991 (adaptado).
No contexto do século XIII, a visão política do filósofo
mencionado retoma o
TEXTO I
Eu queria movimento e não um curso calmo da
existência. Queria excitação e perigo e a oportunidade
de sacrificar-me por meu amor. Sentia em mim uma
superabundância de energia que não encontrava
escoadouro em nossa vida.
TOLSTÓI, L. Felicidade familiar. Apud KRAKAUER, J.
Na natureza selvagem. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
TEXTO II
Meu lema me obrigava, mais que a qualquer outro
homem, a um enunciado mais exato da verdade; não
sendo suficiente que eu lhe sacrificasse em tudo o
meu interesse e as minhas simpatias, era preciso
sacrificar-lhe também minha fraqueza e minha
natureza tímida. Era preciso ter a coragem e a força
de ser sempre verdadeiro em todas as ocasiões.
ROUSSEAU, J.-J. Os devaneios do caminhante solitário.
Porto Alegre: L&PM, 2009.
Os textos de Tolstói e Rousseau retratam ideais da
existência humana e defendem uma experiência
TEXTO I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e
veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre
mim e a lei moral em mim.
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).
TEXTO II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o
estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa.
São Paulo: Hedra, 2015.
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes
ideias centrais do pensamento kantiano:
TEXTO I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim.
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).
TEXTO II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:
TEXTO I
Considero apropriado deter-me algum tempo na
contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar
totalmente à vontade seus maravilhosos atributos,
considerar, admirar e adorar a incomparável beleza
dessa imensa luz.
DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é
o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que
o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa?
Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas”
uma questão de fé.
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
Os textos abordam um questionamento da construção
da modernidade que defende um modelo
TEXTO I
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a incomparável beleza dessa imensa luz.
DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas” uma questão de fé.
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
Os textos abordam um questionamento da construção da modernidade que defende um modelo
Para Maquiavel, quando um homem decide dizer
a verdade pondo em risco a própria integridade física,
tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se
esse mesmo homem é um chefe de Estado, os critérios
pessoais não são mais adequados para decidir sobre
ações cujas consequências se tornam tão amplas,
já que o prejuízo não será apenas individual,
mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e
os fins a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor
para o bem comum seja mentir.
ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força.
São Paulo: Moderna, 2006 (adaptado).
O texto aponta uma inovação na teoria política na época
moderna expressa na distinção entre
Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em risco a própria integridade física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se esse mesmo homem é um chefe de Estado, os critérios pessoais não são mais adequados para decidir sobre ações cujas consequências se tornam tão amplas, já que o prejuízo não será apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e os fins a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir.
ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna, 2006 (adaptado).
O texto aponta uma inovação na teoria política na época moderna expressa na distinção entre