Questõesde Esamc 2015

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Foram encontradas 144 questões
7720ded2-de
Esamc 2015 - Matemática - Aritmética e Problemas, Porcentagem

Pensando em obter altos lucros, um comerciante optou por vender um Espaço para rascunho de seus produtos com preço de venda 80% superior ao preço de custo. Por vender apenas 10 produtos, decidiu conceder um desconto de 20% sobre o preço de venda conseguindo, assim, vender mais 30 produtos. Para obter o mesmo lucro que obteve com essas 40 vendas, ele poderia ter vendido todos os seus produtos com qual porcentagem sobre o preço de custo?

A
51%
B
52%
C
53%
D
54%
E
62%
771df35f-de
Esamc 2015 - Matemática - Polígonos, Geometria Plana

Na figura a seguir,  são congruentes e AEFJ é um trapézio isósceles, com altura igual a 12 metros. Os segmentos  são paralelos e suas medidas formam uma progressão aritmética. Nessas condições, pode-se afirmar que a soma das medidas dos segmentos   é igual a:

A
25 m
B
33 m
C
35 m
D
30 m
E
43 m
771aedfe-de
Esamc 2015 - Matemática - Análise Combinatória em Matemática

Para realizar um estudo do meio, uma escola pretende organizar grupos com a mesma quantidade de alunos de modo que em cada grupo todos sejam do mesmo sexo. Nessa escola estudam 350 rapazes e 224 garotas e cada grupo deverá ser acompanhado de um único professor. O número mínimo de professores necessários para acompanhar todos os grupos nessa visita é:

A
14
B
16
C
25
D
30
E
41
7717e419-de
Esamc 2015 - Matemática - Geometria Plana, Triângulos

Considere o triângulo abaixo:




Uma condição necessária para que esse triângulo exista é:

A
b < a < 2b
B
0 < a < b
C
a = 3b
D
a = 2b
E
a = b
771200f7-de
Esamc 2015 - Matemática - Áreas e Perímetros, Geometria Plana

Um rolo de tela de 28 m de comprimento será totalmente aproveitado para cercar um jardim com formato de setor circular como mostra a figura a seguir. Se a área do setor é 40 m² e r é maior que c, então o raio do setor é igual a:


A
12 m.
B
10 m.
C
8 m.
D
6 m.
E
4 m.
770bf420-de
Esamc 2015 - Matemática - Sistema de Unidade de Medidas, Aritmética e Problemas

Uma balança indica, com precisão, massas acima de 200 kg. Quatro amigos, interessados em usar essa balança para verificarem suas massas, decidiram subir na balança de três em três, garantindo, assim, o valor mínimo necessário para a balança funcionar. Os valores acusados pela balança foram: 242 kg, 254 kg, 256 kg e 259 kg. Dentre os quatro amigos, o mais leve pesa:

A
95 kg
B
83 kg
C
78 kg
D
72 kg
E
61 kg
770f06a8-de
Esamc 2015 - Matemática - Análise de Tabelas e Gráficos

Em 22/03/2014, Dia Mundial da Água, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma matéria que informava que o Sistema Cantareira contava com 14,6% do seu volume útil de água (volume estocado que pode ser utiliza- do sem bombeamento). Em 22/03/2015, um ano depois, a SABESP divulgou em seu site que o Sistema Cantareira contava com 163,4 bilhões de litros, ou seja, 12,9% do seu volume total (volume útil + reserva técnica, que só pode ser utilizada com bombeamento). Sabendo-se que a reserva técnica (volumes mortos 01 e 02) estocam até 288 bilhões de litros, o gráfico que mais bem representa as disponibilidades hídricas (com ou sem bombeamento) do Sistema Cantareira no Dia Mundial da Água em 2014 e 2015 é:

A


B


C


D


E


77085f7f-de
Esamc 2015 - Matemática - Aritmética e Problemas, Razão, Proporção e Números Proporcionais

Dois sólidos de revolução, S1 e S2, são obtidos pela rotação de um trapézio em torno de suas bases menor e maior, respectivamente:



Seja V(S1) o volume de S1 e V(S2) o volume de S2. A razão V(S2) / V(S1) é:

A
7/8
B
9/10
C
11/12
D
13/14
E
1
77019cfb-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Nas alternativas abaixo, são transcritos outros textos escritos por Mário de Andrade. Assinale aquela em que a crítica apresenta tema semelhante à apresentada no poema.

Texto para a questão.


Moça linda bem tratada,

Três séculos de família,

Burra como uma porta:

Um amor.


Grã-fino do despudor,

Esporte, ignorância e sexo,

Burro como uma porta:

Um coió. 


Mulher gordaça, filó *,

De ouro por todos os poros

Burra como uma porta:

Paciência...


Plutocrata sem consciência,

Nada porta, terremoto

Que a porta do pobre arromba:

Uma bomba.

(ANDRADE, Mário de. Poesias Completas. São Paulo: Círculo do Livro. p. 304.)


*filóTecido fino e transparente, em forma de rede (www.aulete.com.br)

A
“Cabo Machado é cor de jambo, / Pequenino que nem todo brasileiro que se Preza. / Cabo Machado é moço bem bonito”;
B
“Sentimentos em mim do asperamente / dos homens das primeiras eras... / As primaveras do sarcasmo;
C
“Eu insulto as aristocracias cautelosas! / os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros! / que vivem dentro de muros sem pulos”;
D
“Ele tinha os beiços sonoros beijando se rindo / Uma ruga esquecida numa ruga longínqua / Como esgar duma angústia indistinta ignorante...”;
E
“Meu Deus como ela era branca!... / Como era parecida com a neve... / Porém não sei como é a neve”.
7704b533-de
Esamc 2015 - Matemática - Probabilidade

Sejam duas urnas A e B: a urna A com 5 bolas pretas e 3 bolas brancas; a uma B com 3 bolas pretas e 5 bolas brancas. Assume-se que todas as bolas sejam indistinguíveis a despeito da cor. Considere os seguintes experimentos aleatórios ξ1 e ξ2:


ξ1: Retira-se uma bola da urna A e deposita-a na urna B. Em seguida, retira-se uma bola da urna B.

ξ2: Retira-se uma bola da urna B e deposita-a na urna A. Em seguida, retira-se uma bola da urna A.



Considere, agora, o evento π: a segunda bola retirada é branca.



Assinale a afirmação verdadeira:

A
O evento π é mais provável em do que em ξ1 do que em ξ2, pois em ξ1 a probabilidade de π é maior que 50% e, em ξ2, é menor que 50%.
B
O evento π é menos provável em ξ1 do que em ξ2, pois em ξ1 a probabilidade de π é menor que 50% e, em ξ2, é maior que 50%.
C
O evento π é mais provável em ξ1 do que em ξ2 e ocorre, em ambos os experimentos, com probabilidade maior que 50%.
D
O evento π tem a mesma probabilidade de ocorrer em ξ1 e ξ2, e ocorre, em ambos os experimentos, com probabilidade maior que 50%.
E
O evento π tem a mesma probabilidade de ocorrer em ξ1 e ξ2, e ocorre, em ambos os experimentos, com probabilidade menor que 50%.
76fe8c7f-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa que apresenta a relação correta entre o trecho do texto e a figura de linguagem correspondente:

Texto para a questão.


Moça linda bem tratada,

Três séculos de família,

Burra como uma porta:

Um amor.


Grã-fino do despudor,

Esporte, ignorância e sexo,

Burro como uma porta:

Um coió. 


Mulher gordaça, filó *,

De ouro por todos os poros

Burra como uma porta:

Paciência...


Plutocrata sem consciência,

Nada porta, terremoto

Que a porta do pobre arromba:

Uma bomba.

(ANDRADE, Mário de. Poesias Completas. São Paulo: Círculo do Livro. p. 304.)


*filóTecido fino e transparente, em forma de rede (www.aulete.com.br)

A
“Burra como uma porta: / Um amor” – ironia;
B
“Esporte, ignorância e sexo” – paradoxo;
C
“Mulher gordaça, filó*,/ De ouro por todos os poros” – eufemismo;
D
“Paciência... / Plutocrata sem consciência” – gradação;
E
“Que a porta do pobre arromba” – personificação.
76fb7da6-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação à forma, o poema apresenta:

Texto para a questão.


Moça linda bem tratada,

Três séculos de família,

Burra como uma porta:

Um amor.


Grã-fino do despudor,

Esporte, ignorância e sexo,

Burro como uma porta:

Um coió. 


Mulher gordaça, filó *,

De ouro por todos os poros

Burra como uma porta:

Paciência...


Plutocrata sem consciência,

Nada porta, terremoto

Que a porta do pobre arromba:

Uma bomba.

(ANDRADE, Mário de. Poesias Completas. São Paulo: Círculo do Livro. p. 304.)


*filóTecido fino e transparente, em forma de rede (www.aulete.com.br)

A
versos livres, regularidade nas rimas, estrofes de quatro versos;
B
versos livres, ausência de rimas, estrofes dispostas em tercetos;
C
versos com regularidade métrica, ausência de rimas, estrofes de quatro versos;
D
versos com regularidade métrica, presença de rimas, estrofes em quartetos;
E
versos decassílabos, regularidade de rimas, estrofes em tercetos.
76f8726e-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No poema de Mário de Andrade (1893-1945), há:

Texto para a questão.


Moça linda bem tratada,

Três séculos de família,

Burra como uma porta:

Um amor.


Grã-fino do despudor,

Esporte, ignorância e sexo,

Burro como uma porta:

Um coió. 


Mulher gordaça, filó *,

De ouro por todos os poros

Burra como uma porta:

Paciência...


Plutocrata sem consciência,

Nada porta, terremoto

Que a porta do pobre arromba:

Uma bomba.

(ANDRADE, Mário de. Poesias Completas. São Paulo: Círculo do Livro. p. 304.)


*filóTecido fino e transparente, em forma de rede (www.aulete.com.br)

A
crítica ácida ao comportamento fútil dos ricos, que provocaria prejuízos aos pobres.
B
elogio aos jovens ricos, cuja consciência plutocrata privilegiaria a defesa da tradição.
C
valorização dos pobres, que lutariam violentamente contra os ricos inconscientes.
D
culpabilização dos governantes, o que garantiria a inocência dos ricos diante da pobreza.
E
descrição dos hábitos dos ricos, que incluiriam assaltos contra bancos e casas.
76f22652-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia com atenção a tirinha abaixo. 


(Laerte, Folha de São Paulo. s/d)

A sátira apresentada na tira mostra que:

A
a criminalidade tem por base as atitudes da sociedade, que em vez de dar educação a menores infratores, demonstra desejo de colocá-los na cadeia.
B
jovens infratores, por serem adolescentes, são imaturos e, assim, de- vem ser inocentados quando cometem algum crime.
C
tanto os menores de 18 anos quanto os menores de 14 anos são capazes de agir com maldade, por isso podem ser responsabilizados por seus crimes.
D
a necessidade de redução da maioridade penal é ilimitada, pois tal redução não resolveria as causas da criminalidade entre menores.
E
as pessoas se sentem ameaçadas pela violência de adolescentes criminosos, por isso são incapazes de avaliar adequadamente o problema.
76f50541-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise a charge abaixo para responder à questão.



- Veja, papai! O elevador vai subindo e

os pobres vão ficando pequenininhos!

Fonte: Vermelho

(Angeli. Folha de São Paulo. s/d) 


A crítica presente na charge pode ser resumida como:

A
Um retrato da situação econômica atual brasileira, em que poucos podem de fato ser consumistas.
B
O direito que todo cidadão, pobre e rico, tem de frequentar espaços de compra, como um shopping center.
C
A existência de uma distância social e segura entre as classes com maior poder de consumo e os menos favorecidos.
D
A descrição de um comportamento dos moradores de São Paulo enfatiza os riscos de roubos e assaltos.
E
O contraste entre o passatempo de famílias que possuem dinheiro, frequentadoras de shoppings, e o das mais pobres.
76eec9a4-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia com atenção a tirinha abaixo

(Laerte, Folha de São Paulo. s/d)


No contexto geral da tira, a faixa do último quadro revela:

A
ódio pelo jovem que assalta os homens da tirinha.
B
novo descontentamento com a maioridade penal.
C
mobilização por conta da crescente violência urbana.
D
luta por punições mais severas para casos de roubo.
E
um movimento social de promoção da paz.
76dbd1e9-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na prática da “hora da saída”, cada criança saber “exatamente seu lugar”:

Marginalzinho: a socialização de uma elite vazia e covarde

Parada em um sinal de trânsito, uma cena capturou minha atenção e me fez pensar como, ao longo da vida, a segregação da sociedade brasileira nos bestializa.

por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 27/01/2015 15:08, última modificação 27/01/2015 15:44


     Era a largada de duas escolas que estavam situadas uma do lado da outra, separadas por um muro altíssimo de uma delas. Da escola pública saíam crianças correndo, brincando e falando alto. A maioria estava desacompanhada e dirigia-se ao ponto de ônibus da grande avenida, que terminaria nas periferias. Era uma massa escura, especialmente quando contrastada com a massa mais clara que saía da escola particular do lado: crianças brancas, de mãos dadas com os pais, babás ou seguranças, caminhando duramente em direção à fila de caminhonetes. Lado a lado, os dois grupos não se misturavam. Cada um sabia exatamente seu lugar. Desde muito pequenas, aquelas crianças tinham literalmente incorporado a segregação à brasileira, que se caracteriza pela mistura única entre o sistema de apartheid racial e o de castas de classes. Os corpos domesticados revelavam o triste processo de socialização ao desprezo, que tende a só piorar na vida adulta.
     Mas eis que, de repente, um menino negro, magro e sorridente, ousou subverter as regras tácitas. Brincando de correr em ziguezague, ele “invadiu” a área branca e se esbarrou num menino que, imediatamente, se agarrou desesperadamente no braço da mulher que lhe buscara. Foi um reflexo automático do medo. O menino “invasor” fez um gesto de desculpas – algo como “foi mal” -, e voltou a correr entre os seus, enquanto que a outra criança seguia petrificada.
     No olhar do menino “invadido”, havia um misto de medo, de raiva, mas principalmente, de nojo – como que se a outra criança tivesse uma doença altamente contagiosa. Não é difícil imaginar o impacto de esse olhar no inconsciente do menino negro e pobre. Este aprendia, desde muito cedo, que era um intocável, que vivia em uma sociedade na qual seu corpo, na esfera pública, valia menos que o de um menino da mesma idade, que ainda não tinha nenhum mérito conquistado, apenas privilégios herdados. As consequências desse gesto minúsculo serão trágicas para o menino "invadido", pois é vítima da ignorância social. Mas será muito mais trágica para quem é negro e desprovido de capital econômico, social e cultural. Para que essa criança não se corrompa no futuro, ela precisa ser salva do olhar de nojo.
     É possível que, por meio de leitura e mistura, o menino amedrontado se engrandeça politicamente no futuro, se liberte do muro que lhe protege e dispense o braço da babá. Mas, infelizmente, há uma tendência grande de que ele, cercado por medo e preconceito, passe o resto de sua existência se protegendo do “marginalzinho”. Pivetes, favelados, fedorentos: isso é tudo que ele ouve sobre seus vizinhos. Trata-se de uma verdade histórica a priori, para além da qual não se consegue pensar. Essas categorias compõem o discurso forjado sobre a pobreza, que, em última instância, visa à intervenção e à manutenção do poder. Reproduzindo este discurso, então, o menino tornar-se-á um adulto. Ele blindará seu carro, colocará alarme em sua casa, pedirá a morte de traficantes. Dirá que rolezinho é arrastão, pedirá mais polícia e curtirá a vida em camarotes. Pode ser até que ele peça a volta da ditadura. Achando que é um cidadão de bem que age contra a marginalidade do mal, forma-se um perfeito idiota.
(Adaptado de , 27/01/2015. Disponível em Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marginalzinho-asocializacao-de-uma-elite-vazia-e-covarde-3514.html)
A
trará poucas consequências no longo prazo, para brancos/ricos ou negros/pobres.
B
significa brancos e/ou ricos não se misturarem a negros e/ou pobres e vice-versa.
C
tem sido cada vez mais questionado pelas crianças pobres.
D
é uma maneira de transpor a “segregação à brasileira” e seu caráter único
E
é uma prerrogativa cujas consequências não se estenderão para além da escola.
76eb3a3b-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo os dois últimos parágrafos do texto:

Marginalzinho: a socialização de uma elite vazia e covarde

Parada em um sinal de trânsito, uma cena capturou minha atenção e me fez pensar como, ao longo da vida, a segregação da sociedade brasileira nos bestializa.

por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 27/01/2015 15:08, última modificação 27/01/2015 15:44


     Era a largada de duas escolas que estavam situadas uma do lado da outra, separadas por um muro altíssimo de uma delas. Da escola pública saíam crianças correndo, brincando e falando alto. A maioria estava desacompanhada e dirigia-se ao ponto de ônibus da grande avenida, que terminaria nas periferias. Era uma massa escura, especialmente quando contrastada com a massa mais clara que saía da escola particular do lado: crianças brancas, de mãos dadas com os pais, babás ou seguranças, caminhando duramente em direção à fila de caminhonetes. Lado a lado, os dois grupos não se misturavam. Cada um sabia exatamente seu lugar. Desde muito pequenas, aquelas crianças tinham literalmente incorporado a segregação à brasileira, que se caracteriza pela mistura única entre o sistema de apartheid racial e o de castas de classes. Os corpos domesticados revelavam o triste processo de socialização ao desprezo, que tende a só piorar na vida adulta.
     Mas eis que, de repente, um menino negro, magro e sorridente, ousou subverter as regras tácitas. Brincando de correr em ziguezague, ele “invadiu” a área branca e se esbarrou num menino que, imediatamente, se agarrou desesperadamente no braço da mulher que lhe buscara. Foi um reflexo automático do medo. O menino “invasor” fez um gesto de desculpas – algo como “foi mal” -, e voltou a correr entre os seus, enquanto que a outra criança seguia petrificada.
     No olhar do menino “invadido”, havia um misto de medo, de raiva, mas principalmente, de nojo – como que se a outra criança tivesse uma doença altamente contagiosa. Não é difícil imaginar o impacto de esse olhar no inconsciente do menino negro e pobre. Este aprendia, desde muito cedo, que era um intocável, que vivia em uma sociedade na qual seu corpo, na esfera pública, valia menos que o de um menino da mesma idade, que ainda não tinha nenhum mérito conquistado, apenas privilégios herdados. As consequências desse gesto minúsculo serão trágicas para o menino "invadido", pois é vítima da ignorância social. Mas será muito mais trágica para quem é negro e desprovido de capital econômico, social e cultural. Para que essa criança não se corrompa no futuro, ela precisa ser salva do olhar de nojo.
     É possível que, por meio de leitura e mistura, o menino amedrontado se engrandeça politicamente no futuro, se liberte do muro que lhe protege e dispense o braço da babá. Mas, infelizmente, há uma tendência grande de que ele, cercado por medo e preconceito, passe o resto de sua existência se protegendo do “marginalzinho”. Pivetes, favelados, fedorentos: isso é tudo que ele ouve sobre seus vizinhos. Trata-se de uma verdade histórica a priori, para além da qual não se consegue pensar. Essas categorias compõem o discurso forjado sobre a pobreza, que, em última instância, visa à intervenção e à manutenção do poder. Reproduzindo este discurso, então, o menino tornar-se-á um adulto. Ele blindará seu carro, colocará alarme em sua casa, pedirá a morte de traficantes. Dirá que rolezinho é arrastão, pedirá mais polícia e curtirá a vida em camarotes. Pode ser até que ele peça a volta da ditadura. Achando que é um cidadão de bem que age contra a marginalidade do mal, forma-se um perfeito idiota.
(Adaptado de , 27/01/2015. Disponível em Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marginalzinho-asocializacao-de-uma-elite-vazia-e-covarde-3514.html)
A
O trecho “Trata-se de uma verdade histórica [...], para além da qual não se consegue pensar” denota a participação consciente das crianças brancas na construção do preconceito.
B
Embora o discurso vigente transpareça profundo preconceito de raça e cor, é válido o apontamento de que “pivetes, favelados” representam, de fato, um risco.
C
A hipótese de que haja um “discurso forjado sobre a pobreza, que, em última instância, visa à intervenção e à manutenção do poder” é sutil- mente desconstruído pelo texto.
D
Para a criança negra ser “salva do olhar de nojo”, é necessário que a criança branca e rica“ se liberte do muro [de preconceito] que lhe protege e dispense o braço da babá”.
E
As próprias babás, no instinto de manutenção de seu espaço de poder e da perpetuação de seus empregos, acabam repaginando e reforçando o preconceito a cada dia.
76e8326b-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analisando uma cena do presente, o enunciador do texto levanta hipóteses sobre as futuras consequências do que vê. Sobre tais projeções, é falso o que se afirma em:

Marginalzinho: a socialização de uma elite vazia e covarde

Parada em um sinal de trânsito, uma cena capturou minha atenção e me fez pensar como, ao longo da vida, a segregação da sociedade brasileira nos bestializa.

por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 27/01/2015 15:08, última modificação 27/01/2015 15:44


     Era a largada de duas escolas que estavam situadas uma do lado da outra, separadas por um muro altíssimo de uma delas. Da escola pública saíam crianças correndo, brincando e falando alto. A maioria estava desacompanhada e dirigia-se ao ponto de ônibus da grande avenida, que terminaria nas periferias. Era uma massa escura, especialmente quando contrastada com a massa mais clara que saía da escola particular do lado: crianças brancas, de mãos dadas com os pais, babás ou seguranças, caminhando duramente em direção à fila de caminhonetes. Lado a lado, os dois grupos não se misturavam. Cada um sabia exatamente seu lugar. Desde muito pequenas, aquelas crianças tinham literalmente incorporado a segregação à brasileira, que se caracteriza pela mistura única entre o sistema de apartheid racial e o de castas de classes. Os corpos domesticados revelavam o triste processo de socialização ao desprezo, que tende a só piorar na vida adulta.
     Mas eis que, de repente, um menino negro, magro e sorridente, ousou subverter as regras tácitas. Brincando de correr em ziguezague, ele “invadiu” a área branca e se esbarrou num menino que, imediatamente, se agarrou desesperadamente no braço da mulher que lhe buscara. Foi um reflexo automático do medo. O menino “invasor” fez um gesto de desculpas – algo como “foi mal” -, e voltou a correr entre os seus, enquanto que a outra criança seguia petrificada.
     No olhar do menino “invadido”, havia um misto de medo, de raiva, mas principalmente, de nojo – como que se a outra criança tivesse uma doença altamente contagiosa. Não é difícil imaginar o impacto de esse olhar no inconsciente do menino negro e pobre. Este aprendia, desde muito cedo, que era um intocável, que vivia em uma sociedade na qual seu corpo, na esfera pública, valia menos que o de um menino da mesma idade, que ainda não tinha nenhum mérito conquistado, apenas privilégios herdados. As consequências desse gesto minúsculo serão trágicas para o menino "invadido", pois é vítima da ignorância social. Mas será muito mais trágica para quem é negro e desprovido de capital econômico, social e cultural. Para que essa criança não se corrompa no futuro, ela precisa ser salva do olhar de nojo.
     É possível que, por meio de leitura e mistura, o menino amedrontado se engrandeça politicamente no futuro, se liberte do muro que lhe protege e dispense o braço da babá. Mas, infelizmente, há uma tendência grande de que ele, cercado por medo e preconceito, passe o resto de sua existência se protegendo do “marginalzinho”. Pivetes, favelados, fedorentos: isso é tudo que ele ouve sobre seus vizinhos. Trata-se de uma verdade histórica a priori, para além da qual não se consegue pensar. Essas categorias compõem o discurso forjado sobre a pobreza, que, em última instância, visa à intervenção e à manutenção do poder. Reproduzindo este discurso, então, o menino tornar-se-á um adulto. Ele blindará seu carro, colocará alarme em sua casa, pedirá a morte de traficantes. Dirá que rolezinho é arrastão, pedirá mais polícia e curtirá a vida em camarotes. Pode ser até que ele peça a volta da ditadura. Achando que é um cidadão de bem que age contra a marginalidade do mal, forma-se um perfeito idiota.
(Adaptado de , 27/01/2015. Disponível em Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marginalzinho-asocializacao-de-uma-elite-vazia-e-covarde-3514.html)
A
Mesmo com muita leitura e convívio, o menino branco está fadado à idiotização.
B
A “vida em camarotes” é uma projeção da suposta proteção do “braço da babá”.
C
Blindar o carro e colocar alarme na casa são consequências da sensasação da criança rica de “invasão”.
D
A criança amparada por seguranças e babás não percebe sua alienação.
E
A falta de convívio com as diferenças confunde o lazer dos “rolezinhos” com a ameaça dos arrastões.
76e53ada-de
Esamc 2015 - Português - Interpretação de Textos, Variação Linguística, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Ainda no segundo parágrafo, a expressão “foi mal”:

Marginalzinho: a socialização de uma elite vazia e covarde

Parada em um sinal de trânsito, uma cena capturou minha atenção e me fez pensar como, ao longo da vida, a segregação da sociedade brasileira nos bestializa.

por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 27/01/2015 15:08, última modificação 27/01/2015 15:44


     Era a largada de duas escolas que estavam situadas uma do lado da outra, separadas por um muro altíssimo de uma delas. Da escola pública saíam crianças correndo, brincando e falando alto. A maioria estava desacompanhada e dirigia-se ao ponto de ônibus da grande avenida, que terminaria nas periferias. Era uma massa escura, especialmente quando contrastada com a massa mais clara que saía da escola particular do lado: crianças brancas, de mãos dadas com os pais, babás ou seguranças, caminhando duramente em direção à fila de caminhonetes. Lado a lado, os dois grupos não se misturavam. Cada um sabia exatamente seu lugar. Desde muito pequenas, aquelas crianças tinham literalmente incorporado a segregação à brasileira, que se caracteriza pela mistura única entre o sistema de apartheid racial e o de castas de classes. Os corpos domesticados revelavam o triste processo de socialização ao desprezo, que tende a só piorar na vida adulta.
     Mas eis que, de repente, um menino negro, magro e sorridente, ousou subverter as regras tácitas. Brincando de correr em ziguezague, ele “invadiu” a área branca e se esbarrou num menino que, imediatamente, se agarrou desesperadamente no braço da mulher que lhe buscara. Foi um reflexo automático do medo. O menino “invasor” fez um gesto de desculpas – algo como “foi mal” -, e voltou a correr entre os seus, enquanto que a outra criança seguia petrificada.
     No olhar do menino “invadido”, havia um misto de medo, de raiva, mas principalmente, de nojo – como que se a outra criança tivesse uma doença altamente contagiosa. Não é difícil imaginar o impacto de esse olhar no inconsciente do menino negro e pobre. Este aprendia, desde muito cedo, que era um intocável, que vivia em uma sociedade na qual seu corpo, na esfera pública, valia menos que o de um menino da mesma idade, que ainda não tinha nenhum mérito conquistado, apenas privilégios herdados. As consequências desse gesto minúsculo serão trágicas para o menino "invadido", pois é vítima da ignorância social. Mas será muito mais trágica para quem é negro e desprovido de capital econômico, social e cultural. Para que essa criança não se corrompa no futuro, ela precisa ser salva do olhar de nojo.
     É possível que, por meio de leitura e mistura, o menino amedrontado se engrandeça politicamente no futuro, se liberte do muro que lhe protege e dispense o braço da babá. Mas, infelizmente, há uma tendência grande de que ele, cercado por medo e preconceito, passe o resto de sua existência se protegendo do “marginalzinho”. Pivetes, favelados, fedorentos: isso é tudo que ele ouve sobre seus vizinhos. Trata-se de uma verdade histórica a priori, para além da qual não se consegue pensar. Essas categorias compõem o discurso forjado sobre a pobreza, que, em última instância, visa à intervenção e à manutenção do poder. Reproduzindo este discurso, então, o menino tornar-se-á um adulto. Ele blindará seu carro, colocará alarme em sua casa, pedirá a morte de traficantes. Dirá que rolezinho é arrastão, pedirá mais polícia e curtirá a vida em camarotes. Pode ser até que ele peça a volta da ditadura. Achando que é um cidadão de bem que age contra a marginalidade do mal, forma-se um perfeito idiota.
(Adaptado de , 27/01/2015. Disponível em Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marginalzinho-asocializacao-de-uma-elite-vazia-e-covarde-3514.html)
A
indica que o “invasor” desconhece a norma padrão;
B
é correlata a “com licença, por favor”;
C
é inadequada a contextos formais ou informais;
D
corrompe socialmente uma regra tácita.
E
indicia a sensação de erro do “invasor”.