Ao comentar o bilhete de Virgília, o narrador se vale,
principalmente, do seguinte recurso retórico:
Capítulo CVII
Bilhete
“Não houve nada, mas ele suspeita alguma cousa;
está muito sério e não fala; agora saiu. Sorriu uma vez
somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo,
carrancudo. Não me tratou mal nem bem. Não sei o que vai
acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela, por
ora, muita cautela.”
Capítulo CVIII
Que se não entende
Eis aí o drama, eis aí a ponta da orelha trágica de
Shakespeare. Esse retalhinho de papel, garatujado em
partes, machucado das mãos, era um documento de
análise, que eu não farei neste capítulo, nem no outro, nem
talvez em todo o resto do livro. Poderia eu tirar ao leitor o
gosto de notar por si mesmo a frieza, a perspicácia e o
ânimo dessas poucas linhas traçadas à pressa; e por trás
delas a tempestade de outro cérebro, a raiva dissimulada, o
desespero que se constrange e medita, porque tem de
resolver-se na lama, ou no sangue, ou nas lágrimas?
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
Capítulo CVII
Bilhete
“Não houve nada, mas ele suspeita alguma cousa; está muito sério e não fala; agora saiu. Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo, carrancudo. Não me tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela, por ora, muita cautela.”
Capítulo CVIII
Que se não entende
Eis aí o drama, eis aí a ponta da orelha trágica de Shakespeare. Esse retalhinho de papel, garatujado em partes, machucado das mãos, era um documento de análise, que eu não farei neste capítulo, nem no outro, nem talvez em todo o resto do livro. Poderia eu tirar ao leitor o gosto de notar por si mesmo a frieza, a perspicácia e o ânimo dessas poucas linhas traçadas à pressa; e por trás delas a tempestade de outro cérebro, a raiva dissimulada, o desespero que se constrange e medita, porque tem de resolver-se na lama, ou no sangue, ou nas lágrimas?
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.