Com relação ao ideário de uso da terra e a
estrutura fundiária no Brasil, assinale a
alternativa correta:
Leia o trecho da música a seguir para responder à questão .
Na cumeeira da serra Ororubá o velho profetajá diziaUma nova era se abre com duas vibrastrançadasSeca e sangueSeca e sangue
Herdeiros do novo milênioNinguém tem mais dúvidasO sertão vai virar marE o mar simDepois de encharcar as mais estreitas veredasVirará sertão
Antôe tinha razão rebanho da fé
A terra de todos a terra é de ninguémPisarão na terra dele todos os seusE os documentos dos homens incrédulosNão resistirão a Sua ira
Filhos do caldeirãoHerdeiros do fim do mundoQueimai vossa história tão mal contada[...]E assim na derradeira luabrancaQuando todos os riosvirarem leiteE as barrancas cuscuz demilhoE as estrelas tocadeiras deviolaCaírem uma por umaOs soldados do rei D.SebastiãoMostrarão o caminhoSalve o povo Xucuru. (Profecia do Pajé Cauã).Cordel do FogoEncantado.Composição: Lirinha; Clayton Barros.
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa A
Tema central: a questão aborda o ideário de uso da terra e a estrutura fundiária no Brasil, articulando‑os com linguagem poética que denuncia a violência, a seca e a luta por territórios (incluindo povos indígenas). É preciso reconhecer referências sociogeográficas (concentração fundiária, disputa por terras, reforma agrária, direitos indígenas) e distinguir figuras de linguagem.
Resumo teórico rápido: no Brasil há histórica concentração de terras e conflitos agrários; direitos indígenas são garantidos pela Constituição (Art. 231) e pelo Estatuto do Índio (Lei nº 6.001/1973). Agir com política fundiária é tema de órgãos como o INCRA e de movimentos sociais (MST). Em leitura de texto, identifique figuras de linguagem (metáfora, hipérbole, prosopopeia, paranomásia) para entender a intenção discursiva.
Por que A é correta: a letra interpreta adequadamente a canção como denúncia da luta por terras. A expressão “seca e sangue” funciona como recurso sonoro-retórico (paranomásia/assonância) e reforça o impacto do tema — seca (condição climática e social) e sangue (violência fundiária). O trecho evoca reforma agrária, invasões, e reivindicações indígenas; logo, a alternativa identifica corretamente o sentido sociopolítico e a função expressiva da figura linguística.
Análise das incorretas:
B) Incorreta — embora haja metáfora (o sertão virar mar), a prosopopeia (dar voz a inanimados) não é o recurso central ali nem a descrição se reduz a ironia regional: o texto é mais profético/denunciador que mera ironia.
C) Incorreta — “herdeiros do fim do mundo” é hipérbole, mas não aponta aos efeitos da urbanização; o contexto fala de exclusão rural, profecia e violência, não da urbanização em si.
D) Incorreta — há metáforas e imagens poéticas, porém não há suavização do sofrimento agrícola; o tom é apocalíptico/profético, de denúncia e reivindicação, não de simples “abrandamento”.
E) Parcialmente plausível, porém incorreta como enunciado geral — a música realmente cita povos indígenas (Xucuru), mas a alternativa amplia sem base (quilombolas, confrontos religiosos) e transforma a abordagem poética em descrição factual excessiva.
Dica de prova: leia buscando palavras‑chave (ex.: “terra”, “sertão”, nomes de povos). Ao analisar alternativas, verifique se a figura de linguagem apontada é a predominante no trecho e se a interpretação social é compatível com o texto — cuidado com extrapolações.
Fontes úteis: Constituição Federal (Art. 231), Lei nº 6.001/1973 (Estatuto do Índio), INCRA — consulte para contextualizar direitos e conflitos fundiários.
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