No Texto 1, o autor defende que
Texto 1
O poeta contemporâneo ainda tem com o que
se espantar?
(Audrey de Mattos)
Falar da poesia contemporânea, esta que
está aí, sendo produzida neste exato instante,
é pensar nas mudanças que, de Aristóteles aos
vanguardistas do século XX, transformaram
a forma conhecida por poesia em território
do heterogêneo: grotesco e sublime, temas
elevados e temas cotidianos, linguagem
polida e palavreado chulo, tudo convive
na poesia contemporânea, nem de longe
pacificamente, pois que o estranhamento e o
(des)entendimento que assomam à alma de
quem lê dão conta de que a atual poesia não
veio para repousar (nem deixar repousar) em
margens plácidas.
[...]
Trata-se então de ouvir o inaudível e ver
o invisível, conforme a fórmula clássica
baudelairiana. A linguagem poética, até então
mero instrumento de reprodução da realidade,
“reclamará uma maior autonomia em relação à
normatividade do mundo, reivindicando assim
algo que parecia impossível: a capacidade
de transfigurar o real e integrar-se ao mundo
como elemento constitutivo deste” (Tereza
Cabañas, in “A poética da inversão”).
[...]
Do poema enterrado ao poema digital,
a poesia incorporará tantas e tão variadas
formas de expressão que levarão Antonio
Cicero a afirmar, em fins da primeira década
do século XXI: “Não há mais vanguarda”.
“Qualquer fetichismo residual em relação
a qualquer forma convencional da poesia”
foi eliminado e “a consequente relativização
de todas as formas tradicionais de poesia”
afeta todos os poetas pós-vanguarda.
[...]
Adaptado de <http://lounge.obviousmag.org/conversa_de_botequim/2014/09/poesia-no-seculo-xxi-rumos.html#ixzz4ybiYJXfM.
Acesso em: 10 nov. 2017.
Texto 1
O poeta contemporâneo ainda tem com o que se espantar?
(Audrey de Mattos)
Falar da poesia contemporânea, esta que está aí, sendo produzida neste exato instante, é pensar nas mudanças que, de Aristóteles aos vanguardistas do século XX, transformaram a forma conhecida por poesia em território do heterogêneo: grotesco e sublime, temas elevados e temas cotidianos, linguagem polida e palavreado chulo, tudo convive na poesia contemporânea, nem de longe pacificamente, pois que o estranhamento e o (des)entendimento que assomam à alma de quem lê dão conta de que a atual poesia não veio para repousar (nem deixar repousar) em margens plácidas.
[...]
Trata-se então de ouvir o inaudível e ver o invisível, conforme a fórmula clássica baudelairiana. A linguagem poética, até então mero instrumento de reprodução da realidade, “reclamará uma maior autonomia em relação à normatividade do mundo, reivindicando assim algo que parecia impossível: a capacidade de transfigurar o real e integrar-se ao mundo como elemento constitutivo deste” (Tereza Cabañas, in “A poética da inversão”).
[...]
Do poema enterrado ao poema digital, a poesia incorporará tantas e tão variadas formas de expressão que levarão Antonio Cicero a afirmar, em fins da primeira década do século XXI: “Não há mais vanguarda”. “Qualquer fetichismo residual em relação a qualquer forma convencional da poesia” foi eliminado e “a consequente relativização de todas as formas tradicionais de poesia” afeta todos os poetas pós-vanguarda.
[...]
Adaptado de <http://lounge.obviousmag.org/conversa_de_botequim/2014/09/poesia-no-seculo-xxi-rumos.html#ixzz4ybiYJXfM
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de Texto — exige identificar a tese principal, captar nuances semânticas e distinguir palavras-chave que determinam o sentido do texto.
Justificativa da alternativa correta (D):
A letra D está correta porque resume fielmente o posicionamento do autor sobre a literatura contemporânea: “representa uma literatura heterogênea, na qual há uma tensão que propicia o questionamento e a mobilização do que é real”. No texto, destaca-se que a poesia contemporânea convive com o grotesco e o sublime, linguagem polida e palavreado chulo, mostrando seu caráter heterogêneo. O autor usa expressões como “estranhamento e (des)entendimento”, reforçando a ideia de tensão e mobilização, em oposição à estabilidade (“não veio para repousar”), o que reflete a inquietação e o questionamento do real.
Análise das alternativas incorretas:
A) Diz que a poesia “mantém a realidade intacta e inalterada”. O texto afirma justamente o oposto: ela transfigura o real e busca autonomia. Não se trata de reprodução fiel, e sim de transformação.
B) Defende “modelo vanguardista” e “homogeneidade”. O texto explicita que não há mais vanguarda e há convivência do heterogêneo, ou seja, a diversidade é marca, não a uniformidade.
C) Fala em “busca por poesia clássica” e “relativização de todos os movimentos anteriores”. O texto mostra flexibilidade de formas, mas não sugere predileção por tradição clássica, nem nega relevância a movimentos literários: ele fala na extinção dos fetichismos sobre formas convencionais.
Estratégias de interpretação:
Fique atento às palavras associadas à contraste (grotesco x sublime), à ideia de tensão (“não repousar”), e ao pluralismo de formas. Cuidado com alternativas que simplificam excessivamente conceitos ou contradizem os argumentos textuais. Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua “Nova Gramática do Português Contemporâneo”, destacam que a compreensão global requer atenção ao desenvolvimento das ideias centrais em toda a extensão do texto.
Resumo: Para questões de interpretação, destaque o tema principal, identifique oposições e não se prenda a valores tradicionais se o texto nega-os explicitamente.
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