Questão e60a9c23-bf
Prova:ENEM 2012
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos

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O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que

A
a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.
B
a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano.
C
a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.
D
a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.
E
a certeza da fertilidade da terra e, da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.

Gabarito comentado

Verônica FerreiraProfessora de Português
É comum o Enem usar fragmentos de textos de histórias literárias conhecidas como esta, da obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto. O autor conta a história de Policarpo Quaresma, um brasileiro defensor de sua pátria, que exagera na valorização da cultura, da história, da política e do povo brasileiro. O personagem é constantemente alvo de chacota de todos, que consideram o patriotismo exacerbado dele uma grande tolice e perda de tempo. Para entender o que o enunciado pede, vamos interpretar o fragmento em questão.
O personagem avalia a sua condição de ser patriota. Dedicou parte da sua vida a valorizar e a defender o país, a defender a natureza, o povo, mas em vão. Com a certeza de que no Brasil “em se plantando tudo dá”, investiu na agricultura, porém as terras não eram férteis, e muito menos fáceis de serem cultivadas. Defendeu a volta da prática da língua tupi-guarani, já que o português pertence a Portugal, país que colonizou o país, fazendo com que o povo use uma língua estrangeira e perca a identidade linguística. Para ele o tupi-guarani é a língua verdadeiramente brasileira, pois é a língua dos índios, considerados os primeiros habitantes do Brasil. O problema é que ele é o único brasileiro, pelo menos evidenciado na obra, que defende tal prática, justificando o descrédito que todos dedicam a ele.
Policarpo também defende o povo brasileiro ao afirmar que é o povo mais gentil que existe, porém se decepciona mais uma vez ao constatar a selvageria e a violência que os brasileiros praticam. No fim, ele percebe que a pátria que tanto defendeu não é real, e que ela é perfeita apenas em seus pensamentos. O resultado é uma profunda decepção, e a sensação de uma vida desperdiçada. Ao analisar o fragmento e associar com as possíveis respostas, vemos que a letra correta é a C, pois tudo o que ele defendeu era um mito que pertencia apenas à própria imaginação, levando a uma frustração em sua própria ideologia. A letra A não é correta, pois ele não adquiriu uma visão ampla do país, ao contrário, adquiriu uma visão errônea sobre a mesma. A letra B também está incorreta, pois no contexto republicano ele não encontra heróis, prosperidade e democracia, ao contrário, como descrito no fragmento do texto. A letra D está incorreta porque a desistência e a decepção de Policarpo estão no fato de defender uma ideia de pátria que não existe de verdade. A letra E está incorreta porque o projeto ideológico é patriótico, e não salvacionista.

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