Leia as citações abaixo:
I. “(...) Custava-lhes admitir que toda aquela
gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda
dos casebres bombardeados durante três
meses. Contemplando-lhes os rostos baços, os
arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos
em tiras não encobriam lanhos, escaras e
escalavros – a vitória tão longamente apetecida
decaía de súbito. Repugnava aquele triunfo.”
CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo, Martin Claret,
2007, p. 593.
II. “No noite de 22 de novembro de 1910, a revolta
explodiu. João Cândido assumiu o comando do
Minas Gerais (...). Os primeiros tiros assustaram
o recém-empossado Hermes da Fonseca, que
assistia tranquilamente a uma ópera de
Wagner... Outros marujos tomaram o São Paulo,
o Bahia e o Deodoro.
Manobrando as belonaves com grande perícia,
apontaram seus canhões para pontos
estratégicos, exigindo (...) a reforma do Código
Disciplinar, o fim das chibatadas, 'bolos' e outros
castigos, o aumento dos soldos e a preparação e
educação dos marinheiros.”
ALENCAR et alii, Francisco. História da sociedade brasileira.
Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1992, p. 207.
III. “A rebelião, da qual participaram cerca de
50.000 camponeses, recebeu este nome por ter
ocorrido em região do planalto Catarinense (…)
disputada pelo Paraná e por Santa Catarina. Os
romeiros (...) seguiam o monge José Maria, que
pregava o fim da República, a 'lei do diabo'.”
ALENCAR et alii, Francisco. Op. cit., p. 209.
Os conflitos a que se referem os fragmentos
acima envolveram grupos rebeldes que
questionaram aspectos da ordem política vigente
no Brasil sob a Primeira República (1889-1930) e
foram, respectivamente, denominados
Gabarito comentado
Gabarito: D — Guerra dos Canudos; Revolta da Chibata; Guerra do Contestado.
Tema central: conflitos sociais e rebeliões que desafiaram a ordem da Primeira República (1889–1930). Exige reconhecimento de personagens, locais, motivos (messianismo rural, motim militar, luta camponesa) e leitura de pistas textuais — datas, líderes, regiões e reivindicações.
Resumo teórico rápido:
- Guerra de Canudos (1896–97): Nordeste (Bahia), liderada por Antônio Conselheiro; movimento messiânico e comunhão rural enfrentou tropas republicanas — descrição clássica em Euclides da Cunha, Os Sertões.
- Revolta da Chibata (1910): motim naval liderado por João Cândido; exigência de fim de castigos corporais e melhores condições — registro em fontes sobre a Marinha e em Alencar et al.
- Guerra do Contestado (1912–16): região de fronteira Paraná/Santa Catarina; massas camponesas seguiam líderes messiânicos como José Maria; conflito por terras e contra empresas/Estado.
Por que a alternativa D está correta? Os três trechos coincidem com essas três situações: o primeiro (rostos “baços”, casebres bombardeados) remete ao relato de Euclides da Cunha sobre Canudos; o segundo cita João Cândido, 22 de novembro de 1910, e demandas contra a chibata — é a Revolta da Chibata; o terceiro fala de 50.000 camponeses, monge José Maria e disputa entre Paraná e Santa Catarina — característico do Contestado.
Análise das alternativas incorretas (por que são falsas):
- A — inclui Sabinada e Farroupilha, movimentos de outras épocas e regiões (C. e S. não equivalem aos trechos 2 e 3).
- B — Revolta dos 18 do Forte e Revolta da Vacina não correspondem às descrições: nenhuma com João Cândido; Praieira é de meados do século XIX (não se encaixa).
- C — Malês (1820s) e Coluna Prestes (1920s) são distintos cronologicamente e por natureza; Revolta da Armada (final do século XIX) não tem João Cândido nem as demandas acima.
- E — Intentona Comunista (1935) e Guerrilha do Araguaia (anos 1970) são posteriores ao período indicado; não correspondem aos textos citados.
Dica de prova: foque em nomes, datas e termos-chave (ex.: João Cândido → Chibata; José Maria → Contestado; “casebres bombardeados” + linguagem de Euclides → Canudos). Isso elimina alternativas que misturam períodos ou regiões divergentes.
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