Numa entrevista ao jornal El País em 26 de agosto de
2016, o jornalista Caco Barcellos comenta uma afirmação
sua anterior, feita em um congresso de jornalistas
investigativos, de que novos profissionais não deveriam
“atuar como porta-vozes de autoridades”.
“Tenho o maior encanto e admiração e respeito pelo
jornalismo de opinião. O que critiquei lá é quando isso vai
para a reportagem. Não acho legítimo. O repórter tem o
dever de ser preciso. Pode ser até analítico, mas não emitir
juízo. Na reportagem de rua, fico imbuído, inclusive, de
melhor informar o meu colega de opinião. Se eu não fizer
isso de modo preciso e correto, ele vai emitir um juízo
errado sobre aquele universo que estou retratando. E não
só ele, mas também o advogado, o sociólogo, o
antropólogo e mais para frente o historiador (...) Por
exemplo, essa matança que a polícia militar provoca no
cotidiano das grandes cidades brasileiras – isso é muito
mal reportado pela mídia no seu conjunto. Quem sabe, lá
no futuro, o historiador não passe em branco por esse
momento da história. Não vai poder dizer ‘olha, os negros
pobres do estado mais rico da federação estão sendo
eliminados com a frequência de três por dia, um a cada
oito horas’. Se o repórter não fizer esse registro preciso e
contundente, a cadeia toda pode falhar, a começar pelo
jornalista de opinião.”
(“Caco Barcelos: ‘Erros históricos nascem da imprecisão jornalística’ ”. El País.
26/08/2016. Entrevista concedida a Camila Moraes. Disponível em
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/19/cultura/1468956578_924541.html.
Acessado em 13/07/2017.)
De acordo com a posição defendida por Caco Barcellos
com relação a seus leitores, uma reportagem exige do
jornalista
Numa entrevista ao jornal El País em 26 de agosto de 2016, o jornalista Caco Barcellos comenta uma afirmação sua anterior, feita em um congresso de jornalistas investigativos, de que novos profissionais não deveriam “atuar como porta-vozes de autoridades”.
“Tenho o maior encanto e admiração e respeito pelo jornalismo de opinião. O que critiquei lá é quando isso vai para a reportagem. Não acho legítimo. O repórter tem o dever de ser preciso. Pode ser até analítico, mas não emitir juízo. Na reportagem de rua, fico imbuído, inclusive, de melhor informar o meu colega de opinião. Se eu não fizer isso de modo preciso e correto, ele vai emitir um juízo errado sobre aquele universo que estou retratando. E não só ele, mas também o advogado, o sociólogo, o antropólogo e mais para frente o historiador (...) Por exemplo, essa matança que a polícia militar provoca no cotidiano das grandes cidades brasileiras – isso é muito mal reportado pela mídia no seu conjunto. Quem sabe, lá no futuro, o historiador não passe em branco por esse momento da história. Não vai poder dizer ‘olha, os negros pobres do estado mais rico da federação estão sendo eliminados com a frequência de três por dia, um a cada oito horas’. Se o repórter não fizer esse registro preciso e contundente, a cadeia toda pode falhar, a começar pelo jornalista de opinião.”
(“Caco Barcelos: ‘Erros históricos nascem da imprecisão jornalística’ ”. El País.
26/08/2016. Entrevista concedida a Camila Moraes. Disponível em
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/19/cultura/1468956578_924541.html.
Acessado em 13/07/2017.)
De acordo com a posição defendida por Caco Barcellos
com relação a seus leitores, uma reportagem exige do
jornalista