Questão de491725-b8
Prova:UECE 2013
Disciplina:Geografia
Assunto:Pecuária, Agropecuária

A peculiaridade da pecuária sertaneja no Brasil do século XVIII esteve ligada principalmente às relações de trabalho nela estabelecidas. Acerca dessas relações, é correto afirmar-se que

A
predominava o trabalho escravo em larga escala, semelhante ao sistema aplicado nos grandes engenhos de açúcar.
B
havia predominância do trabalho de negros libertos, mestiços livres, brancos pobres e, em pequena escala, escravos africanos.
C
a mão de obra negra e escrava na pecuária era maioria em relação a outros trabalhadores, mas diferenciava-se pelo fato de o trabalho ser mais brando.
D
nas fazendas de gado, o percentual de livres e escravos era em torno de cinquenta por cento para cada categoria, uma vez que era um trabalho que exigia um grande número de trabalhadores.

Gabarito comentado

J
Jair CaldeiraMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa B

Tema central: as formas de organização do trabalho na pecuária sertaneja do século XVIII e suas diferenças em relação ao sistema de plantation (açúcar). É importante distinguir escala, mobilidade e capital exigidos pelas atividades para entender que tipo de mão de obra predominou.

Resumo teórico: A pecuária no sertão era uma atividade extensiva, de baixa densidade populacional, exigindo trabalhadores móveis, com práticas familiares e contratação de vaqueiros livres, mestiços e negros libertos. Havia uso de escravos, mas em escala bem menor que nas lavouras de açúcar, pois a dispersão do gado facilitava fugas e tornava o trabalho escravo menos eficiente. (Ver: Fausto, B. História do Brasil; Furtado, C. Formação Econômica do Brasil.)

Por que a alternativa B é correta: ela descreve com precisão o quadro social da pecuária sertaneja: predominância de trabalhadores livres — brancos pobres, mestiços, negros alforriados — e presença reduzida de escravos africanos. A explicação se baseia na natureza extensiva da atividade, na necessidade de vaqueiros autônomos e no baixo investimento em mão de obra escrava comparado aos engenhos.

Análise das incorretas:

A — incorreta: afirma trabalho escravo em larga escala como nos engenhos de açúcar. Isso não condiz com a prática sertaneja, que era extensiva e menos adequada ao controle escravo massivo.

C — incorreta: admite maioria escrava, ainda que "mais brando". Mesmo que o trabalho pudesse ser menos rígido, não era majoritariamente escravo — a composição social era mais diversa e livre.

D — incorreta: propõe uma divisão ~50/50 entre livres e escravos. Não há evidência histórica de tal equilíbrio; a pecuária demandava menos mão de obra fixa e dependia mais de livres.

Dica de interpretação: ao ler enunciados sobre trabalho no Brasil colonial, compare sempre com o modelo plantation (açúcar) — palavras-chave como extensivo, mobilidade, vaqueiro apontam para predominância do trabalho livre; termos como latifúndio, monocultura, grande capital indicam provável uso intensivo de escravos.

Fontes sugeridas: FAUSTO, Boris. História do Brasil; FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Para aprofundar, consulte textos sobre a economia colonial e estudos regionais da pecuária nordestina.

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