Em relação aos recursos linguístico-semânticos presentes no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. Em “trabalhando no ramo da panificação” e “continuou na área de panificação e confeitaria”, os
termos “ramo” e “área” estão empregados como sinônimos.
II. Em “Do trabalho na pouca idade, o acordar de madrugada para colocar o pão fresco na mesa”, temos
um caso de derivação imprópria em “o acordar”.
III. Em “paixão inexplicável”, o prefixo in-, na palavra “inexplicável”, indica negação.
IV. Em “quem viu no ofício sua maior paixão” e “era preciso que o menino aprendesse alguma função”
as palavras “ofício” e “função” estão sendo empregadas em sentido diverso.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir e responda às questões de 6 a 11.
Mais que farinha, água e sal
De ajudante de padaria ao título de melhor chef do Paraná. Uma história de determinação e simplicidade
de quem viu no primeiro ofício sua maior paixão. Do trabalho na pouca idade, o acordar de madrugada
para colocar o pão fresco na mesa de muitos londrinenses à experiência e estudo. Foi preciso colocar
muito a mão na massa para que Rodrigo Bernardes, 36, chegasse a ser embaixador da gastronomia
paranaense trabalhando no ramo da panificação.
“Eu acordava às 3h30 da manhã, adiantava o trabalho na padaria, saía por volta das 11h30 e 12h00.
De lá eu ia dar aula e à tarde e à noite fazia faculdade”, conta Bernardes. Dormia pouco, trabalhava e
estudava muito. Com formação em gastronomia e tecnologia de alimentos e pós-graduação em gastronomia fina, continuou na área de panificação e confeitaria, paixão inexplicável.
O trabalho veio aos 10 anos. Filho mais velho de três irmãos, família humilde, era preciso que o menino
aprendesse alguma função. Varrer o chão, lavar formas, carregar sacos, um olho no próprio trabalho e
outro no padeiro. “Eu queria aprender, mas naquela época era difícil passarem as receitas até por medo
de perder o emprego”, recorda.
Até que um padeiro, vendo os desejos do garoto, foi mostrando o que era feito no processo. Observando, Bernardes foi guardando tudo na memória. “Um dia faltou o padeiro e o proprietário não tinha
ninguém para substituí-lo, só aí meu chefe me deu a chance de tentar fazer o pão. Ali eu agarrei a
oportunidade com as duas mãos e deu certo. Aquele dia eu percebi que tinha futuro. Eu saí da padaria
e não sabia se eu chorava, se eu ria”, enfatiza. A partir de então, Bernardes se tornou assistente de
padeiro, trabalhando junto com o mestre.
Casado e com uma filha de 4 anos, conta que na casa quem faz a comida é a mulher. “Em casa de
ferreiro, espeto é de pau”, revela. Observador, Bernardes sabe mesmo sobre as padarias londrinenses.
“Você já comeu pão na padaria X ?”, ele pergunta. Também sabe onde há padarias modernizadas,
administradas por fulano, que fez história no segmento na cidade e que agora está com loja nova. Sabe
sobre os padeiros, aqueles que o ensinaram e aqueles a quem ensinou.
(Adaptado de: TAINE, L. Mais que farinha, água e sal. Londrina: Folha de Londrina. Folha Gente. 21 e 22 abr. 2018, p. 1.)
Leia o texto a seguir e responda às questões de 6 a 11.
Mais que farinha, água e sal
De ajudante de padaria ao título de melhor chef do Paraná. Uma história de determinação e simplicidade de quem viu no primeiro ofício sua maior paixão. Do trabalho na pouca idade, o acordar de madrugada para colocar o pão fresco na mesa de muitos londrinenses à experiência e estudo. Foi preciso colocar muito a mão na massa para que Rodrigo Bernardes, 36, chegasse a ser embaixador da gastronomia paranaense trabalhando no ramo da panificação.
“Eu acordava às 3h30 da manhã, adiantava o trabalho na padaria, saía por volta das 11h30 e 12h00. De lá eu ia dar aula e à tarde e à noite fazia faculdade”, conta Bernardes. Dormia pouco, trabalhava e estudava muito. Com formação em gastronomia e tecnologia de alimentos e pós-graduação em gastronomia fina, continuou na área de panificação e confeitaria, paixão inexplicável.
O trabalho veio aos 10 anos. Filho mais velho de três irmãos, família humilde, era preciso que o menino aprendesse alguma função. Varrer o chão, lavar formas, carregar sacos, um olho no próprio trabalho e outro no padeiro. “Eu queria aprender, mas naquela época era difícil passarem as receitas até por medo de perder o emprego”, recorda.
Até que um padeiro, vendo os desejos do garoto, foi mostrando o que era feito no processo. Observando, Bernardes foi guardando tudo na memória. “Um dia faltou o padeiro e o proprietário não tinha ninguém para substituí-lo, só aí meu chefe me deu a chance de tentar fazer o pão. Ali eu agarrei a oportunidade com as duas mãos e deu certo. Aquele dia eu percebi que tinha futuro. Eu saí da padaria e não sabia se eu chorava, se eu ria”, enfatiza. A partir de então, Bernardes se tornou assistente de padeiro, trabalhando junto com o mestre.
Casado e com uma filha de 4 anos, conta que na casa quem faz a comida é a mulher. “Em casa de ferreiro, espeto é de pau”, revela. Observador, Bernardes sabe mesmo sobre as padarias londrinenses. “Você já comeu pão na padaria X ?”, ele pergunta. Também sabe onde há padarias modernizadas, administradas por fulano, que fez história no segmento na cidade e que agora está com loja nova. Sabe sobre os padeiros, aqueles que o ensinaram e aqueles a quem ensinou.
(Adaptado de: TAINE, L. Mais que farinha, água e sal. Londrina: Folha de Londrina. Folha Gente. 21 e 22 abr. 2018, p. 1.)
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
Gabarito comentado
Tema central: A questão trata de interpretação de texto aliada à semântica e morfologia, explorando o uso de sinônimos, derivação imprópria, formação de palavras por prefixação e polissemia (múltiplos sentidos no contexto do texto).
Justificativa da alternativa correta – Letra D:
I. "Ramo" e "área" como sinônimos: No contexto, ambos designam setor profissional (da panificação), correspondendo ao que Bechara chama de “relações semânticas de sinonímia” (Moderna Gramática Portuguesa).
II. Derivação imprópria em "o acordar": Trata-se do processo em que um verbo passa a funcionar como substantivo, apenas pelo acréscimo do artigo, sem alteração da forma. Exemplo: “o viver é difícil”, “o sorrir pode cativar”.
III. Prefixo "in-" em "inexplicável": O prefixo “in-” indica negação (Rocha Lima explica: “in- prefixa-se a adjetivos e indica ausência ou falta do atributo”). Logo, “inexplicável” significa “que não se pode explicar”.
IV. "Ofício" e "função": Embora sejam palavras relacionadas ao mundo do trabalho, no contexto, “ofício” refere-se à profissão (panificação), enquanto “função” indica uma tarefa que o menino precisava aprender – sentidos distintos.
Por que as demais alternativas estão incorretas?
- A: Exclui III, e o prefixo “in-” de fato forma negação.
- B: Exclui II e III, ambas corretas pelo uso da derivação e negação.
- C: Exclui I, mas “ramo” e “área” têm sentido igual no texto.
- E: Inclui IV, mas “ofício” e “função” têm usos diferentes conforme explicado.
Estratégias para provas:
- Leia atentamente o contexto e busque o sentido real dos termos no texto, evitando associações superficiais.
- Palavras com sentidos múltiplos (polissemia) são comuns em provas: analise se há alteração de significado em cada uso.
- Observe processos de formação de palavras: derivações e prefixos alteram sentido e classe gramatical.
Referências: Bechara, Cunha & Cintra e Rocha Lima são gramáticas normativas de referência para o estudo formal da Língua Portuguesa.
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