O conto Feliz ano novo, de Rubem Fonseca, da coletânea que lhe dá título, surpreende, entre outras coisas:

Tema central: A questão explora qual o maior elemento de surpresa no conto Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca, relacionando-o ao contexto das escolas literárias e ao estilo do autor.

Conceitos essenciais: Rubem Fonseca é reconhecido pelo realismo brutal, pela linguagem direta e pela exposição da violência cotidiana nas grandes cidades brasileiras, especialmente para marginalizados. Essa característica enquadra o conto num estilo urbano, afastando-o de lirismo e sentimentalismo.

Alternativa correta: A) pela abordagem da violência como elemento de normalidade na vida de marginais do Rio de Janeiro.

Justificativa: A surpresa do conto está na naturalização da violência: a narrativa mostra assaltos e mortes de modo rotineiro e frio, destacando como esse ambiente hostil faz parte do cotidiano dos personagens, sem julgamento moral ou sentimentalismo. Isso é coerente com o modelo literário contemporâneo brasileiro, que valoriza a crítica social pela exposição nua da realidade.
O aluno deve buscar, na leitura, verbos de ação direta, cenas objetivas e ausência de floreios linguísticos para identificar essa característica.

Análise das alternativas incorretas:

B) pela linguagem lírica, capaz de revelar as nuanças psicológicas dos personagens.
Incorreta: A linguagem do conto é seca e objetiva, nunca lírica. Fonseca foge da introspecção psicológica típica do lirismo. Cuidado com pegadinhas associando “nuanças psicológicas” a estilos que não condizem.

C) pela capacidade de protesto, sutil na narrativa, que torna o conto um libelo contra o crime.
A obra expõe a realidade sem protesto ou julgamento explícito, diferentemente de textos combativos. Sua crítica é estrutural, não panfletária.

D) por certa inoperância da polícia que, em nenhum momento, aparece para impedir a brutalidade dos incidentes.
O sumiço da polícia é um detalhe, não o foco da surpresa; a brutalidade é retratada como ordem normal, com ou sem presença policial.

E) pelo jogo dialético entre liberdade de marginais e prisão das elites, entrevista pelas grades do portão do casarão assaltado.
Essa leitura é possível, mas excessivamente interpretativa e não predominante. O conto não desenvolve explicitamente esse embate.

Estratégia para próximas questões: Atente à essência estilística do autor; desconfie de caracterizaões que sugerem sentimentalismo em textos conhecidos por realismo forte.

Referências indicadas: MANFIO, L. C. “Literatura Brasileira Contemporânea”; Cândido, A. “A personagem de ficção”.

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