“Percebi vagamente um pedido.” (1°
parágrafo)
Na voz passiva, sem alteração de sentido, essa oração transforma-se em:
“Percebi vagamente um pedido.” (1° parágrafo)
Na voz passiva, sem alteração de sentido, essa oração transforma-se em:
Leia o trecho do conto “As caridades odiosas”, de Clarice
Lispector, para responder à questão.
Foi uma tarde de sensibilidade ou de suscetibilidade?
Eu passava pela rua depressa, emaranhada nos meus pensamentos, como às vezes acontece. Foi quando meu vestido me reteve: alguma coisa se enganchara na minha saia.
Voltei-me e vi que se tratava de uma mão pequena e escura.
Pertencia a um menino a que a sujeira e o sangue interno
davam um tom quente de pele. O menino estava de pé no
degrau da grande confeitaria. Seus olhos, mais do que suas
palavras meio engolidas, informavam-me de sua paciente aflição. Paciente demais. Percebi vagamente um pedido, antes
de compreender o seu sentido concreto. Um pouco aturdida
eu o olhava, ainda em dúvida se fora a mão da criança o que
me ceifara os pensamentos.
– Um doce, moça, compre um doce para mim.
Acordei finalmente. O que estivera eu pensando antes
de encontrar o menino? O fato é que o pedido deste pareceu cumular uma lacuna, dar uma resposta que podia servir
para qualquer pergunta, assim como uma grande chuva pode
matar a sede de quem queria uns goles de água.
Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer
espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum
conhecido tomava sorvete, entrei, fui ao balcão e disse com
uma dureza que só Deus sabe explicar: um doce para o
menino.
(A descoberta do mundo, 1999.)
Gabarito comentado
Tema central: Transformação da voz ativa para a voz passiva
Esta questão avalia sua compreensão sobre voz verbal, especialmente a voz passiva. Saber como reescrever uma frase da ativa à passiva, preservando tempo verbal, sentido e clareza, é essencial em provas!
Regra fundamental: Na transformação ativa → passiva:
- Objeto direto da ativa vira sujeito paciente na passiva
- O verbo principal vai para a voz passiva analítica (“ser” + particípio no tempo adequado)
- Sujeito da ativa vira agente da passiva, introduzido por “por”
Exemplo clássico: “João leu o livro” → “O livro foi lido por João”.
Aplicando à frase da questão:
- Ativa: Percebi vagamente um pedido.
- “Eu” = sujeito/agente; “um pedido” = objeto direto; “vagamente” = advérbio de modo; “percebi” = verbo no pretérito perfeito.
- Passiva correta: Um pedido foi vagamente percebido por mim.
- O advérbio “vagamente” posiciona-se adequadamente entre o auxiliar e o particípio (ser + vagamente + percebido).
Justificativa da alternativa correta (E): Preserva o tempo verbal (pretérito perfeito), o agente original (“por mim”) e a posição clara do advérbio. Segue a gramática normativa (Bechara; Cunha & Cintra).
Por que as demais estão erradas?
- A) Troca o tempo verbal para presente.
- B) Posição incomum do advérbio (gera ambiguidade e foge do uso culto).
- C) Tempo verbal errado (+ agente indefinido, não referente à frase original).
- D) Agente da passiva incorreto: “por alguém” não equivale a “por mim”.
Dica estratégica: Sempre confira tempo verbal, posição dos advérbios e quem é o agente da passiva. Pegadinhas clássicas estão em trocas sutis nesses pontos!
Referência: Bechara, Moderna Gramática Portuguesa; Cunha & Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo.
Gabarito: E) Um pedido foi vagamente percebido por mim.
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