Leia o seguinte trecho de O cortiço.
A criadagem da família do Miranda compunha-se de Isaura, mulata ainda moça, moleirona e tola,
que gastava todo o vintenzinho que pilhava em comprar capilé na venda de João Romão; uma
negrinha virgem, chamada Leonor, muito ligeira e viva, lisa e seca como um moleque, conhecendo
de orelha, sem lhe faltar um termo, a vasta tecnologia da obscenidade, e dizendo, sempre que os
caixeiros ou os fregueses da taverna, só para mexer com ela, lhe davam atracações: “Óia, que eu
me queixo ao juiz de orfe!”; e finalmente o tal Valentim, filho de uma escrava que foi de Dona Estela
e a quem esta havia alforriado.
Sobre o texto acima, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) O fragmento reflete o tom geral do romance, no qual o narrador em terceira pessoa distancia-se
das personagens populares – especialmente as negras –, pois está atrelado às reduções do
cientificismo naturalista que antepõe raça superior a raça inferior.
( ) A linguagem do narrador é diferente da linguagem da personagem: a fala de Leonor não segue
o registro linguístico adotado pelo narrador.
( ) As personagens femininas descritas no trecho – e no romance de maneira geral – são
estereotipadas, respondem ao imaginário da mulata sensual e ociosa, especialmente Bertoleza e
Rita Baiana.
( ) O narrador em terceira pessoa simpatiza com as personagens populares; tal simpatia está
presente em todo o romance, nas inúmeras vezes em que a narração em terceira pessoa cede
espaço para o diálogo entre escravos.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Leia o seguinte trecho de O cortiço.
A criadagem da família do Miranda compunha-se de Isaura, mulata ainda moça, moleirona e tola, que gastava todo o vintenzinho que pilhava em comprar capilé na venda de João Romão; uma negrinha virgem, chamada Leonor, muito ligeira e viva, lisa e seca como um moleque, conhecendo de orelha, sem lhe faltar um termo, a vasta tecnologia da obscenidade, e dizendo, sempre que os caixeiros ou os fregueses da taverna, só para mexer com ela, lhe davam atracações: “Óia, que eu me queixo ao juiz de orfe!”; e finalmente o tal Valentim, filho de uma escrava que foi de Dona Estela e a quem esta havia alforriado.
Sobre o texto acima, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) O fragmento reflete o tom geral do romance, no qual o narrador em terceira pessoa distancia-se das personagens populares – especialmente as negras –, pois está atrelado às reduções do cientificismo naturalista que antepõe raça superior a raça inferior.
( ) A linguagem do narrador é diferente da linguagem da personagem: a fala de Leonor não segue o registro linguístico adotado pelo narrador.
( ) As personagens femininas descritas no trecho – e no romance de maneira geral – são estereotipadas, respondem ao imaginário da mulata sensual e ociosa, especialmente Bertoleza e Rita Baiana.
( ) O narrador em terceira pessoa simpatiza com as personagens populares; tal simpatia está presente em todo o romance, nas inúmeras vezes em que a narração em terceira pessoa cede espaço para o diálogo entre escravos.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda características do Naturalismo em O Cortiço, com foco no papel do narrador, linguagem, perfil das personagens e crítica à representação social e racial.
Explicação do tema: O Naturalismo, corrente literária de fins do século XIX, valoriza o determinismo social, a objetividade e usa o narrador em terceira pessoa como “cientista-observador”, distanciando-se de envolvimento afetivo. Os personagens são produtos do meio e da hereditariedade. É marcante a recriação do ambiente popular/urbano e o uso de tipos estereotipados, especialmente em relação à raça e gênero.
Análise alternativa por alternativa:
(1ª afirmação – VERDADEIRA): O narrador adota postura distanciada e aplica a visão reducionista do cientificismo da época, hierarquizando raças, algo previsto no Naturalismo, conforme destacam obras como o manual de Alfredo Bosi.
Estratégia na prova: Fique atento a expressões que remetam à postura neutral/distanciada do narrador naturalista.
(2ª afirmação – VERDADEIRA): O contraste entre linguagem culta do narrador e oralidade/regionalismo das personagens é clara (“Óia, que eu me queixo ao juiz de orfe!”). Isso marca a diferença social e é ferramenta fundamental do Naturalismo.
(3ª afirmação – FALSA): Embora haja estereótipos, Bertoleza não é ociosa, mas sim trabalhadora. Rita Baiana é sensual, mas também ativa. A afirmação generaliza e ignora nuances das personagens.
Armadilha comum: Generalizações em tópicos de vestibulares.
(4ª afirmação – FALSA): O narrador não simpatiza com as personagens populares; mantém objetividade e frieza. Não há mudança de postura nem foco em diálogos entre escravos, caracterizando-se pelo olhar científico.
Alternativas incorretas: As demais alternativas trazem sequências erradas, pois confundem o papel do narrador e os perfis de personagem, ou caem em estereótipos simplistas não embasados pelo texto.
Dica para provas: Em questões de literatura, avalie sempre a correspondência entre afirmação e características históricas/estilísticas da escola literária citada, evitando aceitar generalizações sem análise do trecho apresentado.
Gabarito certo: Alternativa A
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